terça-feira, 30 de agosto de 2011

JORGINHO SAADI MANDA RECADO.

O veterano Jorginho Saadi manda um recado via e-mail a propósito da postagem "Sarah Vaughan em Vitória, de 23/05/2011.

" Caro amigo Rogério,Estou tentando postar no seu já consagrado Blog o texto abaixo, mas não consigo!. Lembro q lamentavelmente vc e o querido Afonso Abreu já tinham saído da casa do Marílio, quando de lá ligaram para mim, altas horas,Marílio,Moacir e Evanioo, pq a imortal Sarah queria ouvir um pianista brasileiro. Parabéns pelo seu trabalho! Qdo vai me mostrar suas composições para fazermos algum trabalho/gravações?Abraços, Jorge Saadi Filho.SEGUE O TEXTO:Caro Rogério.Da primeira vez q a Sarah esteve em Vitória, recebi um tríplice telefonema do saudoso Moacyr Barros,Evanilo Silva e Marílio Cabral,gentilmente me convidando para estar na casa do Marílio, eis que o piano estava desocupado e a Sarah queira ouvir um pianista local, brasileiro. Isso, num domingo, altas horas!Fiquei surpreso,  pois trabalharia no dia seguinte,cedo.No entanto, não poderia negar para tão queridos amigos!Lá chegando, soube q vc e o Afonso Abreu já tinham ido embora,o q lamentei.Restaram somente,Marílio e Sonia,a imortal Sarah,Moacyr,Evanilo,Luiz Paixão, Marien e Arthur Moreira Lima q iria dar um concerto no dia seguinte.Então perguntei, por que eu tocar,se o grande pianista Arthur lá estava,qdo ele respondeu q não tocava popular.Realmente,foi uma grande satisfação e honra tocar para a Sarah,porque sempre fui simplesmente um amador, apaixonado pela música, apesar de ter tocado e/ou gravado com grandes nomes da MPB e em alguns locais importantes, como p. ex. OS CARIOCAS,SEVERINO FILHO (gravação tema da TV GAZETA,JOSEPH STANEK/gaitista da SINFÔNICA DO RJ,ABL-ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS onde em 2009 toquei músicas de Jobim e Vinicius;Paulo Moura,Miucha, Tito Madi,Maysa,Miele,etc,etc,fosse em 'canjas' no RJ e Vitória,fosse em reuniões de amigos, como no caso da residência do Marílio em Sonia com a imortal Sarah!Todos nossos amigos aqui citados estão vivos, exceto o grande e saudoso Moacyr,para atestarem esse histórico momento. Há pouco tempo,o Luiz Paixão e eu conversamos sobre aquele maravilhoso momento.Simplesmente faço esse registro em nome do resgate da verdade,em respeito à credibilidade do seu site e tb da sua elevada capacidade profissional.Abraço, Jorge Saadi Filho. "





quarta-feira, 24 de agosto de 2011

SEXTA IMPERDÍVEL NO TRIBOZ.

Indivudualmente, os músicos já atuaram com muitos dos maiores nomes da MPB e da música instrumental, e foram diversas vezes premiados como instrumentistas, compositores e arranjadores. O Bamboo traz uma música de caráter jazzístico com um forte predomínio de criação coletiva, que transforma composições e arranjos em matéria-prima flexível e redimensionável para atuações repletas de surpresas. No repertório, composições próprias como Maracatu no Bambo, Faça-se Luz e Nova Bossa.

Vitor Gonçalves - piano, Bruno Aguilar - contrabaixo, Bernardo Ramos - guitarra, Alex Buck - bateria. Convidado especial: Idriss Boudrioua - saxofone.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

BRUNO MANGUEIRA, EM NYC, NESTA QUARTA.


MÚSICA AO VIVO EM VITÓRIA,.




                        De quarta a sábado, nos bares Sabor do Canto ( 3019 0444) e Wunderbar (3227 4331), ambos na Praia do Canto, Vitória, ES, o guitarrista Victor Humberto acompanha as cantoras Andréa Ramos e Eliane Gonzaga, além de produzir um ótimo instrumental com Roger Bezerra  na tarde de sábado no Wunderbar. Andréa Ramos, por sua vez estará com o violonista Tarzan e a percussão de Mhellão na Casa do Cervejeiro (3315 5891), na Enseada do Suá,na sexta, 26. Repertório e cardápio de primeira. Divirtam-se !

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

HENRIQUE VOGELER E A CANÇÃO BRASILEIRA.



Tive a sorte de assistir há cinco anos a um espetáculo intitulado “A Canção Brasileira” Acompanhava sua temporada no Rio de Janeiro pelos jornais, lia depoimentos dos atores e produtores e, sobretudo, aguçava minha curiosidade em conhecer de perto “A Canção Brasileira”. Genial o espetáculo. Trata-se de uma opereta com libreto de Luis Iglesias e Miguel Santos e partitura de Henrique Vogeler, cuja estreia deu-se em 31 de março de 1933. No elenco, entre outros, Gilda de Abreu e Vicente Celestino

Esse espetáculo foi retirado de cena em 10 de agosto do mesmo ano com 300 representações. Cinco anos depois, em 1938, excursionou por São Paulo e Porto Alegre, retornando ao Rio de Janeiro, completando 600 representações. Um detalhe notável: Vicente Celestino e Gilda de Abreu casaram-se oficialmente durante uma representação, quando ele fazia o papel do Samba e ela da Canção Brasileira. Vamos à história.

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Essa genial historieta, concebida no início dos anos 30, narra de início o casamento do Lundu e da Modinha, personagens devidamente representados, cuja união gera o nascimento da Canção Brasileira. Uma grande festa foi dada para comemorar o acontecimento com a presença de ilustres convidados como o Sr. Tango e Miss Charleston. Eis que nessa festa aparecem três penetras, a Flauta, o Violão e o Cavaquinho, uma típica turma de chorões que, aproveitando um descuido dos anfitriões, sequestram a Canção Brasileira e a levam para um morro carioca qualquer. A trama da opereta gira o tempo todo em torno de como se resgatar a pequena e inocente criança. Os anos se passam e a Canção Brasileira torna-se uma formosa mulher e que cresceu no ambiente popular do morro, convivendo com o Samba desde criança; o desdobramento é previsível, com um inevitável romance entre os dois que, apaixonados, resolvem se casar. 

Nesse meio tempo, o Sr. Tango, muito enxerido, sobe o morro em busca de algo exótico e de repente descobre a Canção e a associa à sua amiga de longa data, a Modinha, que teve um dia sua filha sequestrada; ele não só leva ao morro a Modinha como revela à Canção sua verdadeira identidade. O buzu foi formado e a decepção da Canção com seus amigos que a criaram é imediata; ela quer conhecer a cidade e passa a detestar a todos, principalmente seus sequestradores, o Trio Flauta, Violão e Cavaquinho, e ao Samba.


A Canção deslumbra-se com a cidade e marca casamento com o Sr. Tango, para total desespero do Samba que, para vingar-se, resolve casar-se com Miss Charleston. Bem, a historinha se desenvolve e, claro, para um final feliz: a Canção Brasileira reencontra-se com seu amor de raiz, o Samba. Agora o subtítulo da opereta: “A História De Amor Que Gerou o Samba-Canção”.

A genialidade de tudo isso é essa visão de estrutura de uma música que se formava então, há  80 anos, uma visão iluminada, pois o que não é hoje o emblema da música brasileira senão todas as variações do samba, do batuque e do jongo?


Vale registrar a riqueza das canções de Henrique Vogeler e de seus arranjos originais, que ficaram adormecidos desde 1938 até 2005 e que, em 1928 compôs a música que é considerada o nosso primeiro samba-canção: “Linda Flor” (Ai Iôiô, eu nasci pra sofrer .....), gravada em 1928 por Vicente Celestino e  Francisco Alves, com o título “Meiga Flor”, com letra de Freire Jr. e, em 1929, por Araci Cortes, com a letra definitiva de Luiz Peixoto.  Outro registro: essa música tem nada mais do que cinco letras diferentes, escritas por: Freire Jr., Cândido Costa, Luiz Peixoto, Marquês Porto e Nelson de Abreu.


Um último registro: Henrique Vogeler morou por uma pequena temporada em Vitória na década de 20, provavelmente para reger orquestras de salão ou de cinema. Compôs para o Espírito Santo a “Canção da Minha Terra”, com letra de Ciro Vieira da Cunha e que todo capixaba, beirando os 70 ou mais, tem registrado na memória pois era cantada em toda escola, principalmente no tempo do Estado Novo.  O saudoso professor Renato Pacheco o cita no livro “Os Dias Antigos” (PMV, 1998). Vogeler era o braço direito de Villa Lobos no Conservatório Nacional, no final dos anos 30 e início dos 40. Faleceu em 1944, aos 56 anos.


A “Canção Brasileira” foi um excelente espetáculo um espetáculo dirigido por Paulo Betti .

Texto originalmente publicado em abril de 2006 em www.taru.art.com

domingo, 21 de agosto de 2011

ELIANE GONZAGA FECHANDO O FRIO DOMINGO DA PRAIA DO CANTO

Eliane Gonzaga e Victor Humberto  encerram a semana nas alturas, com bossa, na praia, do canto, vitória do Brasil.

sábado, 20 de agosto de 2011

AC, HOJE, CELEBRA COLTRANE NO TRIBOZ.

Sat, August 20, 2011, 21:00 - 01:00 hrs
AC Jazz Special Quartet - Coltrane Time



O quarteto celebra John Coltrane, trazendo no repertório duas fases distintas do lendário saxofonista norteamericano: hard bop com Giant Steps, Blue Trane e Bahia (versão de Coltrane para Na Baixa do Sapateiro, de Ary Barroso), assim como versões para o marco A Love Supreme, o os clássicos Naima e Impressions.

AC - sax tenor, Marco Tommaso - piano, Ronaldo Diamante - contrabaixo, Pedro Strasser - bateria.
Couvert artístico: R$ 20.00

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

DOWNBEAT´S 59TH ANNUAL CRITICS POLL.



A revista Downbeat surgiu em 1934 em Chicago e sempre se especializou em “jazz , blues and  beyond”,como a própria publicação apregoa,  sendo que nos dias de hoje também cobre a música latina, o jazz rock, o tecno, enfim, a contemporaneidade da música instrumental, e vocal, cujas raízes estão na velha base de 77 anos atrás, o jazz e o blues.

Acompanho o jazz há 50 anos e a revista Downbeat sempre foi a grande referência do mundo do jazz; seus artigos eram admirados, suas resenhas respeitadas, as entrevistas reveladoras e, sair na capa de qualquer número era sinônimo de respeito e credibilidade para os músicos. Era comum ao ouvinte colecionar suas edições e sempre a elas recorrer para ampliar seu conhecimento sobre essa fascinante arte musical.

Um dos números mais esperados era o de agosto, quando publicavam o resultado do Annuall Critics Poll divulgando a votação dos mais notáveis críticos para elegerem os melhores em seus instrumentos e habilidades. Era uma torcida entre nós. Era bem melhor que torneio de futebol ou prêmio do Oscar pois despertavam calorosas discussões após aclamações e decepções, sempre movidas aos velhos e coloridos LPs. Havia também o Readers Poll, cujo resultado saia no número de dezembro, mas sem causar muito entusiasmo.

O tempo passou e a eleição continua, um pouco diferente devido às novas categorias. A atual edição de agosto publica o resultado do 59th Annual Critics Poll  o qual transcrevemos abaixo, em parte, relacionando apenas as três primeiras colocações. Confesso que há músicos que desconheço totalmente; outros são da velhíssima guarda. É bom ver veteranos como Sonny Rollins, Lee Konitz, Curtis Fuller, Bob Brookmaeyer, Buddy DeFranco, Jim Hall, Sam Most, Terry Gibbs, Bob Crashawn e Martial Solal ainda serem bem votados. Curiosa é uma matéria à parte, classificada como “beyond” que destaca o trabalho de Tom Zé. 

Mas o grande vencendor foi Jason Moran, que além ter sido o músico do ano, e o melhor pianista,  teve o seu disco “Ten” como o álbum do ano.

Após a lista, o leitor poderá apreciar um vídeo de 58´do Jason Maron Trio ( Tarus Mateen - baixo e Nasheet Waits - bateria) o repertório do “Ten”.

Vamos aos mais bem votados por 80 críticos de jazz.


DOWNBEAT´S  59TH ANNUAL  CRITICS POLL

Álbum do Ano:
1. TEN, de Jason Moran.
2. BIRDS SONGS, de Joe Lovano US Five.
3. CHAMBER MUSIC SOCIETY, de Esperanza Spalding.

HISTORICAL  JAZZ ALBUM OF THE YEAR:
1. Duke Ellington, The Complete 1932-1940 Brunswick, Columbia and Master Recordings.
2. Miles Davis, Bitches Brew,: 40th Anniversary Collector´s Edition.
3. Henry Threadgill, The Complete Novus & Columbia Recordings of Henry Theadgill & Air.

PIANO:
1. Jason Moran.
2.Keith Jarrett.
3. Brad Mehldau.

HALL OF FAME:
1.Abbey Lincoln              
2. Lee Konitz
3.Ahmad Jamal

VETERANS COMMITTEE HALL OF FAME:
1. Paul Chambers.
2. Scott LaFaro.
3. Eubie Blake.

COMPOSER:
1. Maria Schneider.
2 Jason Moran.
3.John Hollenbeck.

ARRANJER:
1. Maria Schneider.
2. Bill Holman.
3. Carla Bley.

BIG BAND:
1. Maria Schneider Orchestra.
2. Jazz At The Lincoln Center  Orchestra.
3. SF JAZZ Colletive.

JAZZ GROUP:
1. Joe Lovano US Five.
2. Charles Lloyd Quartet.
3.Vijay Iyer Trio.

TRUMPET:
1. Dave Douglas.
2. Wynton Marsalis.
3. Brian Lynch.

TROMBONE:
1. Steve Turre.
2. Whycliffe Gordon.
3.  Conrad Herwig.

SOPRANO SAX:
1. Dave Liebman.
2. Jane Ira Bloom.
3. Wayne Shorter.

TENOR SAX:
1. Sonny Rollins.
2. Joe Lovano.
3. Chris Porter.

ALTO SAX:
1. Rudresh Mahanthappa.
2.Lee Konitz.
3.Miguel Zenón.


BARITONE SAX:
1. Gary Smulyan.
2. James Carter.
3. Ronnie Cuber.

CLARINET:
1. Anat Cohen.
2. Don Byron.
3. Ken Peplowski.

FLUTE:
1. Nicole Mitchell.
2. Henry Threadgill.
3. Jane Bunnett.

ORGAN:
1. Dr. Lonnie Smith.
2. Joey DeFrancesco.
3. Gary Versace.

VIOLIN:
1. Regina Carter.
2. Billy Bang.
3. Jenny Scheinman.

GUITAR:
1. Bill Frisell.
2. John Scofield.
3.Russell Malone.

BASS:
1. Dave Holland.
2. Christian McBride.
3. Charlie Haden.

ELECTRIC BASS:
1. Christian McBride.
2. Marcus Miller.
3. Steve Swallow.


DRUMS:
1. Paul Motian.
2. Jack DeJohnette.
3. Brian Blade.

VIBES:
1. Bobby Hutcherson.
2. Gary Burton.
3. Stefon Harris.

MALE VOCALIST:
1. Kurt Elling.
2. Andy Bey.
3. Mose Allison.

FEMALE VOCALIST:
1. Cassandra Wilson.
2. Dianne Reeves.
3. Dee Dee Bridgewater.

BEYOND ARTIST OR GROUP:
1. Carolina Chocolate Drops.
2.Medeski Martin & Wood.
3. Dr. John.




sexta-feira, 12 de agosto de 2011

TRIBOZ neste sábado.



Andrea Dutra Quarteto

O quarteto da cantora Andrea Dutra tem linguagem própria, e formou seu vasto repertório durante os cinco anos em que apresentou-se nas tardes de sábado da Modern Sound. No repertório, muito jazz, MPB e samba, misturando Moacir Santos, Cole Porter, Chico Buarque, Tom Jobim e Stevie Wonder.

Andrea Dutra - voz, Paulo Malaguti Pauleira - piano, Augusto Mattoso - contrabaixo, Rafael Barata - bateria.

Murilo Abreu & Aurora Gordon dia 17.

Eliane Gonzaga no Sabor e Canto.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

HISTÓRIA DA BOSSA NOVA EM VITÓRIA. Parte XII


Naqueles anos da bossa tivemos um pianista com estilo próprio, romântico e rebuscado, Seu nome era Gilberto Garcia. Ele chegou a sair de Vitória por algum tempo, excursionou pela Europa e fez temporada no New Jirau, no Rio de Janeiro, incentivado por Sergio Ricardo. Sobre ele diz Marien Calixte:

Deixe-me falar então de Gilberto Garcia. Ele teve uma história delicada. Viveu um clima de reações muito sensíveis. Eu o conheci quando eu era discotecário da boate e ele morava no mesmo parque Moscoso e  já tocava. Ele já era considerado um pianista moderno, isso no final dos 50. Os outros pianistas eram o João Virgílio, Helio Mendes e Hélio Esteves e o Luis Carlos Castro. O Gilberto Garcia começou a tocar no Praia Tênis mas terminava a noite na boate do Vitória; depois a gente ia pra casa dele e ficava até às 4, 5 da manhã Lá iam o Humberto Musso, seu grande companheiro, Marinho Nogueira, Carlos Guilherme Lima, o Altemar Dutra e até a Maria Cibeli. Não era um clima exclusivamente Bossa Nova, mas em cima do disco da Elizeth. Ele se apresentava muito sozinho. Mas ele tinha um aspecto meio complicado no tratamento profissional. Não cumpria contrato, chegava atrasado, às vezes alegava estar doente, mas estava era bebendo, tudo isso conseqüência de uma relação amorosa complicada pois quando foi rompida essa relação, a partir dali, ele nunca mais se ergueu profissionalmente. Foi uma promessa. Era um pianista totalmente diferente dos outros em seu estilo. Chegou a ir para Europa, passou uma temporada lá tocando, em Portugal principalmente, voltou, mas não se cuidou. Morreu isolado, infeliz, criticando muito o mundo. E a outra pessoa, da relação dele, morreu em circunstâncias muito trágicas o que piorou ainda o estado de Gilberto, seu sofrimento.

E quando se fala de pianistas tem que se falar também de pianos. Um eterno problema em Vitória foi o instrumento piano. Os dos clubes tinham dificuldade em se manterem afinados. Tinha o piano do Praia Tênis, sempre fechado mas que a turma sempre dava um jeito de pegar a chave com algum diretor. E lá desfilavam os candidatos a pianistas. No Iate Clube a situação era mais grave ainda. Sendo um clube de tradição náutica e com varandas mais propícias a intermináveis noitadas a beira mar para fartos festivais de uísque com violão, o piano ficava meio deslocado nesse ambiente literalmente marítimo. Em 1964, Carmélia M.de Souza, Luiz Manoel Nalim e eu, resolvemos criar uma festa que enterrasse o carnaval. Assim surgiu o show Depois do Carnaval que teve imediata adesão de Afonso Abreu. Como coordenador de toda a parte musical chamou Jorginho Seadi, Mario Ruy e para cantar Virginia Klinger, Cristina Esteves e até o Negro Adotivo, figura folclórica da Praia Comprida que tinha uma voz rouca a la Louis Amstrong e dançava samba como ninguém. Aliás, o saudoso engenheiro Charles Brittan, era um parceiro constante com ele muitas vezes no Praia Tênis Clube. Oswaldo Oleari foi chamado para apresentar o show e o fez de forma inusitada: de costas para o público. Mas o assunto é piano e na próxima a gente continua.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

FRANK SINATRA, A ÚLTIMA VOZ.

Resenha publicada no suplemento cultural "Pensar" do jornal A Gazeta, ES, em 02/07/2011.

Em plena segunda década do século XXI fica um pouco difícil imaginar o surgimento de cantores viris num cenário pop, onde a figura de Frank Sinatra sobressaía em qualquer contexto. Esse tempo já passou e o papel realçado de vocalista certamente ficou a cargo das mulheres. A voz masculina encaixa-se mais num conceito de grupo, enquanto a feminina consegue ser relevante no mundo pop de hoje. 

O lançamento do DVD “Frank Sinatra, A Man And His Music”, reunindo três shows produzidos para a TV americana nos anos 60, é mais que oportuno: os que pertencem a gerações anteriores poderão ter o prazer de relembrá-lo, e os mais jovens (dotados de curiosidade) poderão travar conhecimento com Sinatra. Há participações memoráveis, como as de Ella Fitzgerald e, um pouco mais discreta, de sua filha Nancy Sinatra, além da nobre e oportuna presença de Tom Jobim, alavancando de uma vez por todas no exterior a Bossa Nova, que propiciou a real consagração da música brasileira.
Frank Sinatra (1915-1998) foi a última voz. Tony Bennett (1926) ainda canta, Cauby Peixoto (1931) ainda canta, Andy Williams (1927) não deixa de cantar, e mesmo Stevie Wonder (1950), Andrea Bocelli (1958), Emilio Santiago (1946), são daqueles cantores românticos que ainda resistem ao tempo e aos ventos. Frank Sinatra foi o mais emblemático, o mais representativo, e não à toa conhecido como The Voice.
Dentro da postura desses cantores à moda antiga, a performance de Sinatra nesse DVD provoca um verdadeiro concerto camerístico no puro ritmo do swing, e também da binária bossa nova, pois o cantor tem por trás de si um poderoso arsenal instrumental, com arranjos elaboradíssimos, alinhavados pelos mestres Nelson Riddle e Gordon Jenkins. Não é para qualquer um não, absolutamente. É técnica, domínio, virtuosismo, pura verve.

O repertório é expressivo, uma antologia dos mais importantes compositores do século XX: Cole Porter, George Gershwin, Sammy Cahn, Richard Rodgers, Irving Berlin, Stephen Sondheim, entre tantos, e mais Antônio Carlos Jobim, destacando-se as canções “I´ve Got You Under My Skin”, “Come Fly With Me”, “Witchcraft”, “But Beatiful”, “Just One Of Those Things”, “Angel Eyes”, “Body and Soul”, “How High The Moon”, “Corcovado”, “Garota de Ipanema”, “Insensatez” e, curiosamente, “Love Is A Many-Splendored Thing” e “Mona Lisa”. Essas duas últimas foram à época submetidas a Sinatra para que as lançasse e, tendo-as recusado, tornaram-se então dois dos maiores sucessos de Nat King Cole. Para o especialista em Sinatra, o médico Nelson Bittencourt, a performance de Jobim e Sinatra em “Change Partners” é um dos momentos mais sublimes e perfeitos da carreira de The Man.

Esse período entre 1962 e 1967 é considerado o auge da carreira de um super pop-star que sempre esteve no topo dos mais vendidos, atuou em inúmeros filmes, ganhou um Oscar, tornou-se empresário bem-sucedido com o selo Reprise e contribuiu para que a música brasileira se espalhasse pelo mundo. Tom Jobim foi o único compositor do mundo que teve dois discos gravados por Sinatra com composições exclusivamente suas. Só nos resta agradecer a The Voice e, por que não, ter o imenso prazer de assistir ao delicioso DVD “A Man And His Music” e entender que ele foi, de fato, a última voz.