A trilha sonora de Birdman foi uma das mais espetaculares que "assisti" recentemente; ela é bem integrada com o filme e sua fantástica fotografia, instigante. Tudo mexicano. O diretor, Alejandro Inãrritu, o fotógrafo,Emanuel Lubezki, e o músico, o baterista Antonio Sanchez. O intrigante solo que percorre toda a narrativa do filme é enxertado com a magnanimidade da música de Mahler, Ravel, Tchaikovsky, entre outros.
Mesmo assim a Academia não considerou o trabalho com "trilha", o que não permitiu sua inclusão na lista de concorrentes ao troféu da categoria. O próprio Inãrritu irritou-se:
"A bateria é, para mim, a batida do coração dos atores. Eu acho que a
bateria é um instrumento que não foi muito explorado no cinema. Acho ela tão eficiente
quanto a guitarra ou o piano", avaliou o diretor. O cineasta não poupou
críticas ao parecer da Academia sobre o assunto. "É uma decisão injusta. É
óbvio que a trilha sonora de Antonio representa mais 50% das músicas usadas no
filme [um dos critérios para ser elegível]. Isso é um fato. Eu sei que há muito
preconceito quando se debate se a bateria tem ou não melodia. Este cara
[Antonio Sanchez] estudou música por sete anos em Berklee [uma das
melhores, senão a melhor, faculdade de música do mundo]. Ele é um baterista
profissional há 30 anos", defendeu Iñárritu. "O filme não seria o
mesmo sem a bateria de Antonio. Não considerar isso é dizer 'a bateria não é
importante, nós não consideramos isso uma composição musical'. Se eles
realmente desclassificarem a trilha sonora será um grande erro. Será
escandaloso"
A verdade é que o roteiro não seria roteiro sem o passeio da câmera ao ritmo de Sanchez. A trilha de Birdman voou alto.