Música no Espírito Santo: sua origem e formação.
(primórdios e evolução).
Rogério Coimbra.
A história
da música feita no Espírito Santo é a própria
história da música no Brasil não fossem os obstáculos impostos em pleno
século XVIII quando o Estado ausentou-se do processo sócio-econômico ocorrido
naquela ocasião. A formação da música no Espírito Santo obedece ao mesmo
roteiro de outras músicas regionais, que
inicialmente contracenam dois elementos, o indígena e o europeu, aos quais se
acrescenta pouco depois o escravo negro.
A disseminação da prática musical em solo
capixaba pode ter tido início a partir da chegada dos jesuítas, ou seja, em
1551. A musicalidade do índio sempre foi ressaltada pelos historiadores e Pero
Vaz de Caminha já em sua célebre carta descreveu ofícios religiosos e folguedos
realizados pelos portugueses em que a participação dos indígenas era imediata e
espontânea. Era só o português soprar suas trombetas que o índio imediatamente
soprava suas buzinas. Foi uma integração total durante os dez dias em que a
esquadra esteve ancorada em Porto Seguro.
Portanto, desde o primeiro
momento, o índio esbanjou musicalidade. A música era uma arma usada pelos
jesuítas para cativar o nativo. Usavam principalmente as crianças e muitas
vezes as enviavam ao Rio de Janeiro para um melhor aprendizado.
Saint-Hilaire, nas anotações
sobre sua viagem ao Espírito Santo, em
1818, registrou que se ouviam com freqüência, na Igreja de Reis Magos de Nova
Almeida, grupos musicais formados por índios de extrema habilidade.
No entanto, a preocupação dos jesuítas era
mais a salvar almas do que a de desenvolver a música em si. Com a expulsão dos
religiosos em 1759, muito se perdeu, ao contrário do trabalho das Missões no
sul: hoje pode-se identificar a harpa como um instrumento da cultura popular
entre os descendentes dos índios do sul, principalmente no Paraguai.
A música utilizada pelos jesuítas entre nós
era mais elemento de apoio às montagens teatrais, denominadas autos religiosos;
temos registro de três importantes momentos em solo capixaba:
-
Em 1584, com o “Diálogo da Ave-Maria”;
-
Em 1586, com o “Auto da Vila de Vitória ou São Mateus”;
-
E em 1587 com o “Diálogo de Guaraparim”.
Sempre vale
ressaltar a presença entre nós de Padre José Anchieta, falecido em 1597, que
teria composto músicas na forma de catira
ou cateretê, uma dança indígena, para
festas em Santa Cruz, Vila do Espírito Santo e Nossa Senhora da Conceição.
(continua)
Que o Brasil conheça o Brasil...e se encante com as histórias de suas raízes.
ResponderExcluirMaurício de Oliveira era, é um espetáculo!
Obrigada. Parabéns.
Alice
Excelente nova frente de pesquisa/trabalho, Coimbra!.
ResponderExcluirVou acompanhar.
Abraço, Victor
Alice e Victor,
ResponderExcluirObrigado pelas visitas.