domingo, 6 de novembro de 2022

Paulo Jobim (1950-2022)


                                                                        

                                                                               

Steve Khun


 

sábado, 9 de abril de 2016

The Dock Of The Bay - Lisa Ono (Por Edivaldo Sposito)



Lisa Ono, a japonesa-brasileira, que já gravou CDs com arranjos mesclando bossa-nova com canções francesas, italianas, havaianas, americanas e, até, árabes, prossegue nesta trilha: desta vez é o cruzamento dos genes da bossa-nova com a soul music, que imperou  nos anos 60 e 70 nos USA.

Pr’a quem chegou agora, vale lembrar que Lisa Ono - violonista e compositora -  é descendente de japoneses, e tornou-se uma espécie de "embaixadora" da MPB no Japão. Seu pai era proprietário de uma casa noturna e empresário de Baden Powell em São Paulo. Aos 10 anos de idade, mudou-se, com sua família, para o Japão. Lá, seu pai abriu a casa de espetáculos Saci-Pererê, onde a cantora começou a se apresentar, interpretando músicas brasileiras. Desde então, divide seu tempo entre Tokyo e o Rio de Janeiro.

Ela fez grande sucesso no Japão, com seu CD: Bossa & Soul, com repertório gravado originalmente por Marvin Gaye, Ray Charles, Stevie Wonder e James Taylor, entre outros. Os arranjos são de Romero Lubambo [ que transformou I feel good, de James Brown em um baião ], Dori Caymmi e Mario Adnet.

Uma das músicas do CD é “Sittin’ on the dock of the bay”, [Steve Cropper & Otis Redding]sucesso de 1968, que Otis Redding gravou 3 dias antes de morrer em um desastre aéreo em Minnesota, durante uma excursão.

Por Edivaldo Sposito- Rádio Manhattan

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Os Cariocas - Quarteto do Rio.

Publicado no Facebook:

Caros amigos, músicos e admiradores do conjunto Os Cariocas.
Após a perda do nosso maestro Severino Filho, nós, integrantes do grupo Os Cariocas, apoiados nas inúmeras mensagens de carinho e solidariedade que recebemos nos dizendo que a nossa música não pode parar, voltamos agora a tratar da continuidade do grupo.
Para nossa surpresa fomos informados pela família do maestro de um pedido para que não mais usássemos o nome "Os Cariocas" em nosso grupo. Segundo nos disseram, o próprio maestro teria externado essa vontade à sua filha.
Diante desse fato, mesmo sem o nome original, é certo que não deixaremos de fazer a nossa música. Continuaremos a escrever arranjos e a timbrar nossas vozes como já vínhamos fazendo há mais de 20 anos como membros do grupo.
Fizemos uma seleção e encontramos um excelente músico/vocalista para recompor o conjunto. Já retomamos os ensaios e em breve estaremos de volta aos palcos e aos estúdios de gravação fazendo vocal, tocando e cantando a nossa música brasileira, nossa paixão.
Nos chamaremos agora "Quarteto do Rio".
Agradecemos a todas as mensagens de apoio e solidariedade e contamos com todos vocês nessa caminhada.
Forte abraço dos cariocas do Quarteto do Rio. Até breve.

sábado, 19 de março de 2016

Os Cariocas - EU NÃO POSSO ABANDONAR - Domício Costa - Roberto Faissal -...

Adeus América - Os Cariocas - 1948

Os Cariocas - NOVA ILUSÃO - José Menezes-Luis Bittencourt - gravação de ...

Chega de Saudade- Os Cariocas (Edivaldo Sposito)

Completando o ciclo bossa-nova-de-raiz d’Os Cariocas, trazemos uma das pérolas do LP da Phillips “A grande bossa d’Os Cariocas”: Preciso aprender a ser só, de 1964 /1965.

Seus autores, como o conjunto, têm, também, sua origem na Tijuca – que, aliás, não fica, assim, tão longe do mar – Marcos Vale e seu irmão Paulo Sérgio Vale.
Inicialmente, o composição não teria letra, na opinião de alguns amigos da dupla, por acharem a melodia muito bonita. Mas, [tem sempre um “mas”] Paulo Sérgio propôs uma letra romântica que se ajustou ao espírito da melodia.
A música foi, originalmente, apresentada por Ellis, num show no Teatro Paramount, em 1964. Só em 1965 foi gravada: no LP Dois na bossa de Elis, Jair Rodrigues e Jongo Trio; e, no mesmo ano, pelo Marcos Vale, com arranjo do Eumir Deodato.
A esta se seguiram outras gravações com Alaíde Costa, Doris Monteiro e Pery Ribeiro, et alli.
Em 1975, Sarah Vaughan gravou com título de “If you went away”. Mas,
nós vamos mostrar – é claro – a gravação d’Os Cariocas, como sempre, com
arranjo da Severino Filho.
Curiosamente, a canção inspirou uma espécie de resposta “Preciso aprender e só ser”, de Gilberto Gil, em 1973.

PRECISO APRENDER A SER SÓ
Ah, se eu te pudesse fazer entender
Sem teu amor eu não posso viver
Que sem nós dois o que resta sou eu
Eu assim tão só
E eu preciso aprender a ser só
Poder dormir sem sentir teu amor
E ver que foi só um sonho e passou

Ah, o amor
Quando é demais ao findar leva a paz
Me entreguei sem pensar
Que a saudade existe e se vem
É tão triste, vê
Meus olhos choram a falta dos teus
Esses olhos que foram tão meus
Por Deus entenda que assim eu não vivo
Eu morro pensando no nosso amor

Por Deus entenda que assim eu não vivo
Eu morro pensando no nosso amor
Ah o amor
Quando é demais ao findar leva a paz
Me entreguei sem pensar
Que a saudade existe e se vem
É tão triste, vê
Meus olhos choram a falta dos teus
Esses olhos que foram tão meus
Por Deus entenda que assim eu não vivo
Eu morro pensando no nosso amor

Por Edivaldo Sposito-Rádio Manhattman

OS CARIOCAS TAMBÉM QUEM MANDOU

Amor 1957 - Os Cariocas - 1957

Os Cariocas - Preciso Aprender A Ser Só (Edivaldo Sposito).






Completando o ciclo bossa-nova-de-raiz d’Os Cariocas, trazemos uma das pérolas do LP da Phillips “A grande bossa d’Os Cariocas”: Preciso aprender a ser só, de 1964 /1965.
Seus autores, como o conjunto, têm, também, sua origem na Tijuca – que, aliás, não fica, assim, tão longe do mar – Marcos Vale e seu irmão Paulo Sérgio Vale.
Inicialmente, o composição não teria letra, na opinião de alguns amigos da dupla, por acharem a melodia muito bonita. Mas, [tem sempre um “mas”] Paulo Sérgio propôs uma letra romântica que se ajustou ao espírito da melodia.
A música foi, originalmente, apresentada por Ellis, num show no Teatro Paramount, em 1964. Só em 1965 foi gravada: no LP Dois na bossa de Elis, Jair Rodrigues e Jongo Trio; e, no mesmo ano, pelo Marcos Vale, com arranjo do Eumir Deodato.
A esta se seguiram outras gravações com Alaíde Costa, Doris Monteiro e Pery Ribeiro, et alli.
Em 1975, Sarah Vaughan gravou com título de “If you went away”. Mas,
nós vamos mostrar – é claro – a gravação d’Os Cariocas, como sempre, com
arranjo da Severino Filho.
Curiosamente, a canção inspirou uma espécie de resposta “Preciso aprender e só ser”, de Gilberto Gil, em 1973.

PRECISO APRENDER A SER SÓ
Ah, se eu te pudesse fazer entender
Sem teu amor eu não posso viver
Que sem nós dois o que resta sou eu
Eu assim tão só
E eu preciso aprender a ser só
Poder dormir sem sentir teu amor
E ver que foi só um sonho e passou

Ah, o amor
Quando é demais ao findar leva a paz
Me entreguei sem pensar
Que a saudade existe e se vem
É tão triste, vê
Meus olhos choram a falta dos teus
Esses olhos que foram tão meus
Por Deus entenda que assim eu não vivo
Eu morro pensando no nosso amor

Por Deus entenda que assim eu não vivo
Eu morro pensando no nosso amor
Ah o amor
Quando é demais ao findar leva a paz
Me entreguei sem pensar
Que a saudade existe e se vem 
É tão triste, vê
Meus olhos choram a falta dos teus
Esses olhos que foram tão meus
Por Deus entenda que assim eu não vivo
Eu morro pensando no nosso amor
Por Edivaldo Sposito - Rádio Manhattan

A grande bossa dos cariocas - Tema para Quatro. (Edivaldo Sposito).



O mundo conheceu inúmeros conjuntos vocais populares desde o início do século XX, quando registros vocais e gravações começaram a acontecer.
Seu auge iniciou-se no pós-Guerra, quando as gravações melhoraram a qualidade, e as sutilezas vocais puderam ser registradas.
Um que se destacou foi o Hi-Los, que pode ser considerado o pai – ou avô – de vários grupos que sofreram sua influência.
O nome do grupo se refere à extensão vocal de agudos [High] e graves [Low] das vozes dos seus 4 participantes.
Eles fizeram sucesso no final dos anos 50 e ao longo dos 60 com o arranjo e harmonização de canções populares para um padrão que raramente foram superados; e somente os Four Freshmen adquiriram reputação semelhante.
Entre os que se sentiram influenciados estão os Beach Boys, o Mamas and the Papas, Gatlin Brothers, Manhattan Transfer e Take Six, entre outros menos cotados.
Numa outra linha, estão os Swingle Singers, que – na formação original, dos anos 60 - fizeram sucesso com harmonia a diversas vozes de clássicos do barroco e romântico da música – dita – erudita.
Bom, e os Cariocas, onde ficam nisso tudo? Não devem nada a nenhum deles.
Embora Severino Filho e os maestro da Rádio Nacional, tenham conhecido estes grupos citados, Os Cariocas se destacaram pela originalidade das harmonias e o domínio técnico que os coloca entre os maiores conjuntos vocais que o mundo conheceu.
Prova disto pode ser esta brincadeira musical “Tema para quatro” que mostra um domínio técnico e sincronização difícil de alcançar; sem perder o balanço carioca.
“Quem tem ouvidos de ouvir, que ouça.” Lucas 8,8
Por Edivaldo Sposito -Rádio Manhattan.

sexta-feira, 18 de março de 2016

MINHA NAMORADA - Os Cariocas (Edivaldo Sposito).

Enfim, chegamos no 3º LP no selo Phillips,” A grande bossa d’Os Cariocas”, de 1964.

No espetáculo “Pobre Menina Rica”, de Vinicius e Lyra, a música ‘Minha Namorada’ é cantada pelo mendigo, que se apaixona pela menina rica. Vinícius queria que a menina rica também se apaixonasse pelo mendigo. Carlos Lyra, porém, chamou a atenção para a dificuldade de acontecer tal situação.
“Mas era Primavera”, argumentou o poeta...
http://www.benitopepe.com.br/wp-content/gallery/teset/flores-brancas-na-primavera.jpg
E por que era Primavera, fomos brindados com esta obra-prima.

MINHA NAMORADA
Meu poeta eu hoje estou contente
Todo mundo de repente ficou lindo
Ficou lindo
Eu hoje estou me rindo
Nem eu mesma sei de que
Porque eu recebi
Uma cartinhazinha de você


Se você quer ser minha namorada
Ai que linda namorada
Você poderia ser
Se quiser ser somente minha
Exatamente essa coisinha
Essa coisa toda minha
Que ninguém mais pode ter
Você tem que me fazer
Um juramento
De só ter um pensamento
Ser só minha até morrer
E também de não perder esse jeitinho
De falar devagarinho
Essas histórias de você
E de repente me fazer muito carinho
E chorar bem de mansinho
Sem ninguém saber porque

E se mais do que minha namorada
Você quer ser minha amada
Minha amada, mas amada pra valer
Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a qual a vida é nada
Sem a qual se quer morrer
Você tem que vir comigo
Em meu caminho
E talvez o meu caminho
Seja triste pra você
Os seus olhos tem que ser só dos meus olhos
E os seus braços o meu ninho
No silêncio de depois
E você tem de ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois
Esta não é a gravação original.
Por Edivaldo Sposito - Rádio Manhattan
Área de anexos

OS CARIOCAS VIVO SONHANDO (Edivaldo Sposito).

Encerrando o 2º LP no selo Phillips,” Mais bossa com Os Cariocas”, trazemos um dos compositores que tem tudo a ver com eles. O Maestro Soberano: também conhecido por Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim; ou Tom.

Tom foi um dos destaques do Festival de Bossa Nova do Carnegie Hall, em Nova York em 1962. No ano seguinte compôs, com Vinícius, um dos maiores sucessos e, possivelmente, a canção brasileira mais executada no exterior: "Garota de Ipanema". Nos anos de 1962 e 1963 produziu uma quantidade de "clássicos": "Samba do Avião", "Só Danço Samba" (com Vinícius), "Ela é Carioca" (com Vinícius), "O Morro Não Tem Vez", "Inútil Paisagem" (com Aloysio), e esta, "Vivo Sonhando”.

VIVO SONHANDO
Vivo sonhando
Sonhando mil horas sem fim
Tempo em que vou perguntando
Se gostas de mim
Tempo de falar em estrelas
Falar de um mar
De um céu assim
Falar do bem que se tem mas você não vem
Não vem

Você não vindo,
Não vindo a vida tem fim
Gente que passa sorrindo zombando de mim
E eu a falar em estrelas, mar, amor, luar
Pobre de mim que só sei te amar

Por Edivaldo Sposito - Rádio Manhattman

Os Cariocas - Telefone (Edivaldo Sposito).

As melodias de Menescal e o fraseado d’Os Cariocas são pérolas da mesma ostra. Têm muito céu, Sol, sal, sul; e mesmo tratando de outro tema, têm cheiro de maresia e balanço a caminho do mar.

Os arranjos do maestro Severino Filho - que já nos deixa saudades - amplificam esta imagem; como neste “Telefone” [Menescal & Bôscoli]

TELEFONE
Tuém tuém, ocupado pela décima vez
Tuém, telefono e não consigo falar
Tuém tuém, tô ouvindo há mais de um mês
Tuém, já começa quando eu penso em discar
Eu já estou desconfiado
Que ela deu meu telefone pra mim
Tuém tuém, e dizer que a vida inteira esperei
Tuém, que dei duro e me matei pra encontrar
Tuém tuém, toda lista quase que eu decorei
Tuém, dia e noite não parei de discar
E só vendo com que jeito
Pedia pra eu ligar
Tuém tuém, não entendo mais nada
Pra que que eu fui topar?
Trim trim, não me diga que agora atendeu
Será que eu, eu consegui agora encontrar
A moça atendeu
“Alô”

Por Edivaldo Sposito - Rádio Manhattan

Os Cariocas - Cartao de Visita (Edivaldo Sposito).

Desde o programa anterior - com “Ela é Carioca” – já estamos no segundo LP no selo Philips [a fila anda!]: “Mais bossa com Os Cariocas”, de 1963.

Este álbum mescla músicas mais conhecidas com outras nem tanto; mas, nem por isto menores.
É o caso desta “Cartão de visita”, do musical “Pobre menina rica, escrita por Vinícius e musicada por Carlos Lyra, que embora tenha outras gravações, nenhuma tem o balanço do nosso Fab Four[Por falar em Fab Four: quem se mudou para o andar de cima, ontem, foi o 5º Beatle: George Martin. Após esta série, faremos programas em sua homenagem, também]
O espetáculo estreou em 1963 na boate Au bon Gourmet, com Vinicius de Moraes na leitura da sinopse; e Carlos Lyra, Nara Leão e o conjunto de Roberto Menescal na interpretação das canções.

A peça propriamente dita, com diálogos e tudo mais, ficou na gaveta. Porém as canções foram lançadas em disco produzido em 1964. Os arranjos eram para ser de Tom Jobim e no papel da pobre menina rica a candidata era Elis Regina. Resultado: nem Tom, nem Elis. Os arranjos foram de Radamés Gnattali e no papel a jovem foi de Dulce Nunes.
Para os curiosos e arqueólogos musicais, este é o repertório - todo de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes - conforme o LP do musical:
“Marcha do amanhecer”
“Samba do carioca”
“Cartão de visita”
“Sabe você”
“Broto triste”
“A primavera”
“Pau-de-arara”
“Canção do amor que chegou”
“Maria Moita”
“A minha desventura”
“Valsa dueto” 


CARTÃO DE VISITA
Quem quiser morar em mim
Tem que morar no que o meu samba diz
Tem que nada ter de seu
Mas tem que ser o rei do seu país
Tem que ser uma vidinha folgada
Mas senhor do seu nariz
Tem que ser um "não faz nada"
Mas saber fazer alguém feliz

Tem que viver devagarinho
Pra poder ver a vida passar
Tem que ter um pouco de carinho para dar
Precisa, enfim, saber gastar e ao receber uma esmolinha
Dar de troco o céu e o mar
Tem que ser um louco
Mas um louco para amar

Vai ter que ter tudo isso
Tudo isso pra contar

Tem que bater muita calçada
Só cantando o que o povo pedir
Só vendo a moçada praticando pra faquir
Precisa, enfim, filosofar
Que ser alguém é não ser nada
E não ser nada é ser alguém
Tem que bater samba
E bater samba muito bem

Vai ter que ter tudo isso
Tudo isso e o céu também
 Por Edivaldo Sposito- Rádio Manhattan

OS CARIOCAS ELA É CARIOCA (Edivaldo Sposito).

Desde o início, eles destoavam, até no nome, dos conjuntos vocais da época, denominados: Os Namorados da Lua, Bando da Lua, Anjos do Inferno, Os Garotos da Lua, Os Trigêmeos Vocalistas; pois, Os Cariocas - nome escolhido por Ismael - indicava uma nova sonoridade, uma nova forma de cantar a música popular brasileira em grupo, que chegou até nossos dias mostrando a carioquice das cariocas; como neste: “Ela é Carioca”, uma parceira do Tom com o Vinícius, e com o chope da Churrascaria Plataforma, em Ipanema.

ELA É CARIOCA
Ela é carioca
Ela é carioca

Basta o jeitinho dela andar
Nem ninguém tem carinho assim para dar
Eu vejo na cor dos seus olhos
As noites do Rio ao luar
Vejo a mesma luz
Vejo o mesmo céu
Vejo o mesmo mar
Ela é meu amor, só me vê a mim
A mim que vivi para encontrar
Na luz do seu olhar
A paz que sonhei
Só sei que sou louco por ela
E pra mim ela é linda demais

E além do mais
Ela é carioca

Por Edivaldo Sposito- Rádio Manhattan

Os Cariocas - Só Danco Samba (Edivaldo Sposito).

Em 1962, Os Cariocas participaram do show histórico "O encontro", na boate Au Bon Gourmet, em Copacabana, ao lado de Tom Jobim, Vinícius de Morais, João Gilberto e Milton Banana.

Nesse show - que ficou em cartaz por 45 dias - um dos componentes que vinha desde os tempos da Tijuca: Waldir Viviani, foi substituído, por motivos de saúde, por Luiz Roberto, que acabou ficando em seu lugar definitivamente, e compondo a formação que durou toda a fase áurea da Bossa Nova: Severino Filho, "Badeco", "Quartera" e Luís Roberto.
O repertório do show foi composto por músicas das mais representativas da bossa nova, como "Samba do avião", "Samba de uma nota só", "Corcovado", "Samba da bênção" e "Garota de Ipanema", entre outras; e esta "Só danço samba" [Tom Jobim & Vinícius], que faz – como outros sucessos do show - compõe seu primeiro disco para a Philips, gravado a partir do espetáculo; o já citado “A bossa d’Os Cariocas”.

SÓ DANÇO SAMBA
Só danço samba,
Só danço samba,
Vai, vai, vai, vai, vai
Só danço samba,
Só danço samba,
Vai
Só danço samba,
Só danço samba,
Vai, vai, vai, vai, vai
Só danço samba,
Só danço samba,
Vai
Já dancei o twist até demais,
Mas não sei, me cansei,
Do calipso, ao chá chá chá
Só danço samba,
Só danço samba,
Vai, vai, vai, vai, vai
Só danço samba,
Só danço samba,
Vai
Só danço samba,
Só danço samba,
Vai, vai, vai, vai, vai
Só danço samba,
Só danço samba,
Vai
Por Edivaldo Sposito - Rádio Manhattan

Os Cariocas - Samba de uma nota só (Edivado Sposito).

Por Edivaldo Sposito.

Os Cariocas - Anjinho Bossa Nova (Edivaldo Sposito).

Ainda do primeiro dos 6 LPs d’Os Cariocas para a Philips, extraímos 2 pérolas.

Uma bem conhecida: “Samba de uma nota só” [Tom Jobim & Newton Mendonça] que se tornou o clássico que todos gostamos.
A outra é daquelas músicas que refletiram o clima da época, mas não ficaram para a posteridade, pois não foram gravadas por outros artistas.
Mas, quando passa pelo arranjo do Severino e na interpretação deles, exala Bossa Nova; a começar pelo título: “Anjinho Bossa Nova” [Silvino Júnior & Wilson Tirapeli].
ANJINHO BOSSA NOVA

Anjo que subiu ao céu
em terceiro andar
Ao invés da lira
trouxe um violão.

Se as asinhas fazem falta
Toma um drinque, fica alta
Voa para mim cai nos meus braços
que tantos abraços.

A auréola tem no olhar
no jeitinho de falar
Sabe me cantar em qualquer tom.

Meu anjinho bossa nova

Por Edivaldo Sposito- Rádio Manhattan

Os Cariocas : Samba do avião (Edivaldo Sposito)

A primeira formação oficial d’Os Cariocas contou com Ismael Netto (arranjador, primeira voz e violão), Severino Filho (segunda voz e percussão), Badeco (terceira voz e violão), Waldir Viviani (percussão e quinta voz) e Quartera (quarta voz e percussão).

O grupo caracterizou-se por seus arranjos vocais que - diferentemente dos conjuntos de sucesso da época de sua formação original - como Bando da Lua, Os Anjos do Inferno e Os Quatro Ases e um Coringa, passou a elaborá-los a quatro ou cinco vozes.
Em 1946, após a realização do teste, o conjunto foi chamado pela Rádio Nacional para participar de um dos principais programas musicais da emissora: "Um milhão de melodias". Atuou, ainda, nos programas "Canção romântica" e "Quando canta o Brasil". Participou, também, dos programas de auditório de César de Alencar, Manoel Barcelos e Paulo Gracindo.
Nesse período, realizou suas primeiras gravações, com o lançamento do 78 rpm pela Continental com "Adeus América", [Haroldo Barbosa e Geraldo Jaques] e "Nova ilusão", [José Menezes e Luiz Bittencourt]. Ao lado da cantora Marlene, gravou "Qui nem jiló" e "Macapá", [Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira].
Em seguida, foi contratado pela RCA Victor, gravando, entre outras, a canção "Podem falar", do próprio Ismael Netto e Antônio Maria, e "O último beijo", de Ismael Netto e Nestor de Holanda.
E para nosso deleite – desde então - não parou de nos brindar com gravações clássicas como este “Samba do avião” [Tom Jobim].
SAMBA DO AVIÃO
Minha alma canta,
Vejo o Rio de Janeiro,
Estou morrendo de saudade.
Rio, teu mar, praias sem fim,
Rio, você foi feito pra mim.
Cristo Redentor, Braços abertos sobre a Guanabara.
Este samba é só porque, Rio, eu gosto de você,
A morena vai sambar, Seu corpo todo balançar.
Rio de sol, de céu, de mar,
Dentro de mais um minuto estaremos no Galeão
Este samba é só porque,
Rio, eu gosto de você,
A morena vai sambar,
Seu corpo todo balançar.
Aperte o cinto, vamos chegar,
Água brilhando, olha a pista chegando,
E vamos nós.
aterrar

Por Edivaldo Sposito - Rádio Manhattan

Os Cariocas : Desafinado (Edivaldo Sposito)

O grande dia chegou: teste na Rádio Nacional.

A sabatina seria gravar a canção americana “Rum and Coca-Cola”, sucesso da década de trinta do trio vocal feminino Andrew Sisters.
A banca examinadora, encerrada a gravação, avisou que um contato seria feito com brevidade para comunicar-lhes o resultado. Um telefonema, a aprovação e o convite feito para integrar um quadro onde atuavam os maiores artistas da época. E sabe que era a banca examinadora?
Haroldo Barbosa, Paulo Tapajós e Radamés Gnattali.

Aos 3 de fevereiro de 1946 [ou seja: há exatos 70 anos] estreavam na Rádio Nacional os garotos da Tijuca que há quatro anos brincavam de cantar em harmonia e com salário de Cr$ 5.000,00 - cinco mil cruzeiros.
O encontro com o profissionalismo em artes assustou as famílias e integrantes do conjunto, pois um passo polêmico estava sendo dado. Como brincadeira, carregar violão e cantar, já era visto com maus olhos pelos tradicionais costumes das famílias tijucanas; quanto mais, fazer disso uma profissão.
Felizmente, não predominou a visão da TFT [Tradicional Família Tijucana] da época; e hoje podemos ouvir o resultado de sua evolução em mais uma faixa do LP “A bossa d’Os Cariocas: “Desafinado” [Tom Jobim & Newton Mendonça].
DESAFINADO
Se você disser que eu desafino amor
Saiba que isto em mim provoca imensa dor
Só privilegiados tem o ouvido igual ao seu
Eu possuo apenas o que deus me deu

Se você insiste em classificar
Meu comportamento de anti-musical
Eu mesmo mentindo devo argumentar
Que isto é Bossa Nova, isto é muito natural

O que você não sabe nem sequer pressente
É que os desafinados também tem um coração

Fotografei você na minha Rolley-Flex
Revelou-se a sua enorme ingratidão

Só não poderá falar assim do meu amor
Ele é o maior que você pode encontrar
Você com a sua música esqueceu o principal
Que no peito dos desafinados
No fundo do peito

Bate calado, que no peito dos desafinados
Também bate um coração.

Por Edivaldo Sposito - Rádio Manhattan

Os Cariocas - Rio-1963 (Edivaldo Sposito)

Continuamos nos lembrando d’Os Cariocas, ainda em homenagem ao Severino Filho. [Aliás: por que o irmão se chamava Ismael Netto e ele era Filho?]

Embora criado em 1942, o conjunto é considerado como aparecendo profissionalmente em 1946 quando foi chamado pela Rádio Nacional para participar do programa "Um milhão de melodias".
A sua origem é a esquina da Avenida Paulo de Frontin com Haddock Lobo, na Tijuca, onde os ouvidos atentos de Ismael Netto escutavam a harmonia dos grupos vocais integrantes das grandes orquestras americanas, numa Juke Box de um bar.
Daí para a vontade de cantar foi um pulo, e logo um grupo estava formado: Ismael, seu irmão mais novo Severino, Waldir e colegas de bairro. Dos primeiros ensaios até apresentações pelo bairro poucas semanas se passaram, e o Instituto Lafayette foi um dos primeiros palcos.
O passo seguinte seria uma apresentação em rádio e o teste foi no programa “Papel Carbono” de Renato Murce, na Rádio Clube do Brasil. Na 1ª vez tiraram o terceiro lugar [que rendeu 30 cruzeiros de prêmio]; na 2ª vez veio 1º lugar[50 cruzeiros].

O grande passo seria a Rádio Nacional. Aquela que ficava na praça Mauá, defronte ao que é, hoje, o museu do Amanhã.

Mas, esta história só no próximo programa. Até lá...
 (Edivaldo Sposito- Rádio Manhattan)

Os Cariocas, por Edivaldo Sposito.

Nada tem mais a cara do Rio de Janeiro – musicalmente - do que Os Cariocas. João criou a batida e trouxe os acordes impressionistas para samba. Tom foi o Maestro Soberano. Menescal é a própria bossa de barba e violão. Mas, ninguém deu mais balanço, harmonias vocais e o clima otimista à Bossa Nova do que Os Cariocas. Isto se deve à ideias originais do fundador do conjunto: Ismael Netto e à continuidade dada - após seu desaparecimento, em 1956 - por seu irmão; o cantor, músico e arranjador Severino Filho, que deixou a música brasileira de luto ontem, com a sua mudança para o andar de cima. Os Cariocas tiveram 9 formações, desde sua criação, em 1946, e em todas ele esteve presente. Após assumir sua direção, em 1956, Severino era sua verdadeira alma. O auge do conjunto aconteceu no período da Bossa Nova, registrados nos clássicos 6 LPs gravados para o selo Phillips. Do primeiro álbum desta série: “A bossa d’Os Cariocas”, “Amanhecendo” [ Menescal & Lula Freire]. AMANHECENDO Nas águas desse rio indo para o mar Iremos navegando sempre sem parar E vendo tantas nuvens brancas no azul Esquece a madrugada triste que passou O dia está nascendo, vem olhar o sol As aves vêm voando pelo nosso amor Repare a poesia, é tanta alegria Não chora nunca mais Vem, vamos amar em paz que o dia traz Mil cores diferentes nesse amanhecer Encantos que são vistos só por quem amou Iremos navegando sempre sem parar O dia está nascendo, vem olhar o sol As aves vêm voando pelo nosso amor Repare a poesia É tanta alegria Não chora nunca mais Vem, vamos amar em paz Vem, vamos amar em paz

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

PEDRO CAETANO: 101 ANOS., por Rogério Borges.

No 1º dia do carnavalesco mês de fevereiro de 1911, nascia Pedro Walde Caetano. Para José Ramos Tinhorão, em termos de história, pode-se dizer que a música popular brasileira tem memória curta, mas o mestre Pedro Caetano, em 1988, resolveu passar suas lembranças para o papel diretamente, nos mostrando como um autor de música popular pode servir à crônica do tempo e dos fatos do qual é personagem. No livro “54 anos de Música Popular Brasileira-O que fiz, o que vi”, pag. 56, ele conta a história da criação de seu maior sucesso, o samba É com esse que eu vou, composto de forma despretensiosa no ano de 1948. “Eu viajava de Vitória para Belo Horizonte num trem muito chato da Rede Mineira de Viação, que andava tão devagar que o pessoal aproveitando as iniciais RMV, passou a chama-lo de “Ruim Mas Vai”! E era ruim mesmo! Para se ter a ideia, durante a tal viagem que eu fazia a locomotiva quebrou em Governador Valadares, cidade intermediária e alí permaneceu durante toda a noite para reparos. Daí, nada tendo mais a fazer para passar o tempo, comecei a pensar no Carnaval que se aproximava e, em pensamento transportei-me para o Rio, imaginando um bloco qualquer querendo fazer um samba para desfilar. E o Samba começou a sair assim, inicialmente: É com esse samba que eu vou/desabafar na multidão/E se ninguém se animar eu vou quebrar meu tamborim. Daí a coisa foi tomando forma, foi esquentando e, quando o dia amanheceu já estava tudo certinho, foi só escrever a letra e segurar a música na cabeça pra não esquecer”. O samba É com esse que que eu vou, foi gravado em 1948 pelos Quatro Ases e um Coringa, e no início dos anos 1970 foi imortalizado na voz de Elis Regina. Pedro Caetano morou no Bairro Fradinhos, em Vitória, por quase 40 anos, e, é autor de Cidade Sol, o hino sentimental de Vitória, da Valsa de Guaraparí, Morena Boa de Cachoeiro, e outras canções em homenagens à balneários e localidades capixabas. Suas músicas foram gravadas pelos nomes mais importantes da Época de ouro do rádio no Brasil. Pedro Caetano: Um Cronista Musical Brasileiro. Presente.

domingo, 17 de maio de 2015

ROBERTO MENESCAL, RENATA PIZI & SÉRGIO BELLO l Rio - O Brasil precisa ba...

Renata Pizi/Joao Bosco

João Gilberto - Siga (Go on)

João Gilberto.

Tenho preservado o saudável hábito de ouvir r João Gilberto. Há sempre uma novidade (!)

Depois de considerar, há algum tempo, o álbum branco, Amor, Sorriso & Flor, como um dos primeiros como um dos meus preferidos, agora revejo minha opinião, com novos sentimentos e percepção.

Uma obra de mestre, a masterpiece, um dos melhores dos melhores, é João Gilberto, de 1973 , curiosamente também com a  capa branca, . Ele gravou sozinho com um baterista que acabara de conhecer, praticamente um estranho: Sonny Carr. O disco é tão somente os dois. (Miles Davis também tinha essa chinfra de convidar alguém de repente). Obra prima.

Agora, em termos de repertório, não consigo parar de ouvir o João, de 1991 , com arranjos do Clare Fisher.

Repasso agora a faixa que durmo e acordo cantando: um primor zen existencial (existe ?)composta por Fernando Lobo e Hélio Guimarães: Siga. Se o Blog retirar, paciência. Busquem no You Tube.

Voltamos ao assunto, breve.

https://youtu.be/xibn6xJHGrM

sexta-feira, 6 de março de 2015

Birdman 2014 Uma das melhores trihas.

A trilha sonora de Birdman foi uma das mais espetaculares que "assisti" recentemente; ela é  bem integrada com o filme e sua fantástica fotografia, instigante. Tudo mexicano. O diretor, Alejandro Inãrritu, o fotógrafo,Emanuel Lubezki, e o músico, o baterista Antonio Sanchez. O intrigante solo que percorre toda a narrativa do filme é enxertado com a magnanimidade da música de Mahler, Ravel, Tchaikovsky, entre outros.

Mesmo assim a Academia não considerou o trabalho com "trilha", o que não permitiu sua inclusão na lista de concorrentes ao troféu da categoria. O próprio  Inãrritu irritou-se:

 "A bateria é, para mim, a batida do coração dos atores. Eu acho que a bateria é um instrumento que não foi muito explorado no cinema. Acho ela tão eficiente quanto a guitarra ou o piano", avaliou o diretor. O cineasta não poupou críticas ao parecer da Academia sobre o assunto. "É uma decisão injusta. É óbvio que a trilha sonora de Antonio representa mais 50% das músicas usadas no filme [um dos critérios para ser elegível]. Isso é um fato. Eu sei que há muito preconceito quando se debate se a bateria tem ou não melodia. Este cara [Antonio Sanchez] estudou música por sete anos em Berklee [uma das melhores, senão a melhor, faculdade de música do mundo]. Ele é um baterista profissional há 30 anos", defendeu Iñárritu. "O filme não seria o mesmo sem a bateria de Antonio. Não considerar isso é dizer 'a bateria não é importante, nós não consideramos isso uma composição musical'. Se eles realmente desclassificarem a trilha sonora  será um grande erro. Será escandaloso" 

A verdade é que o roteiro não seria roteiro sem o passeio da câmera ao ritmo de Sanchez. A trilha de Birdman voou alto.



quarta-feira, 28 de maio de 2014

AS 5 CANTORAS.





5 Cantoras.

Mônica Salmaso talvez não seja unanimidade, mas divide opiniões sobre sua voz, democraticamente: afinal quem é a grande cantora do Brasil contemporâneo?

O escritor e pesquisador José Roberto Santos Neves, autor da biografia de Maysa e trabalhando na de Clara Nunes, manifestou-se recentemente no FB elegendo Monica Salmaso como uma de suas preferidas. Disse ele: A cada dia mais fascinado por essa voz. Divina, celestial, uma terapia para a alma. Merece ser ouvida por todos. 

Rubrico na tela a opinião de JRSN e acrescento as vozes de Rosa Passos e Nana Caymmi. Elejamos então as três maiores? É pouco. É sabido que o Brasil é estrelado plenamente por vozes femininas. Então, vamos às cinco maiores cantoras/intérpretes.

Além das minhas três citadas, somo a voz de Gal Costa. E a quinta? Tereza Cristina? Leny Andrade? Beth Carvalho? Elza Soares? Maria Rita? Roberta Sá? Difícil, não ? Vou ficar voando sem rumo.

E quanto às queridas cantoras capixabas ?
Amélia Barreto, Andréa Ramos, Ava Araujo, Denize Dalmacchio Dorkas Nunes, Eliane Gonzaga, Elaine Rowena Ester Mazzi, Gardênia Marques, Julia Victoria, Kátia Rocha, Marcia Chagas, Márcia Coradine, Simone Dênves, Simone Itaboraí, Tamy, Vera da Matta? Excelente safra de cantoras. Quais seriam as 5 cantoras ? Cartas para a Redação.

E é muito bom que no Brasil as vozes femininas  formam maioria e encantam nossos ouvidos.


domingo, 25 de maio de 2014

Rosa Passos, André Mehmari & Caymmi.



Rosa Passos, André Mehmari &  Caymmi.

Dorival Caymmi foi homenageado dia 24 de maio, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, pela Orquestra Petrobrás Sinfônica tendo como solistas Rosa Passos e André Mehmari. Um espetáculo à altura da simplicidade e genialidade do compositor baiano.

André Mehmari, natural de Niterói, com 37 anos, foi o grande destaque. Seu talento como instrumentista e compositor já foi reconhecido pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, entre tantas, e transita com muita liberdade entre o erudito e o popular. Nessa noite apresentou um arranjo para a Suíte dos Pescadores cuja interpretação provocou um delírio extasiante na plateia que o ovacionou por vários minutos. Ele é sem dúvida um dos mais expressivos músicos da atual cena brasileira.

Rosa Passos, com sua habitual verve e delicadeza, não suportou a carga sonora da orquestra, com arranjos “pesados” para sua voz, encobrindo seu talento; tanto que sua expressão maior aconteceu quando cantou acompanhando-se ao violão por uma só vez. Ficasse apenas com sua excelente banda, com o tecladista Itamar Assiere e o violonista Gabriel Improta, estaria de bom tamanho.

Uma noite memorável liderada pelo encantamento das canções de Caymmi e o talento de Mehmari.


domingo, 18 de maio de 2014

GUINGA PAI.




GUINGA PAI.

Em 1995 encontrei Tião Neto, ex-baixista de Tom Jobim, trabalhando com partituras na Fundação Biblioteca Nacional. Indaguei sobre os rumos da vida: “Pois, é, depois que Tom foi embora, está difícil encontrar espaço para tocar”. Mas não haveria outros parceiros? “Preste atenção, tem um nome que vai reparar essa falta e o nome dele é Guinga”.

Há mais de vinte anos observo e surpreendo-me com o trabalho desse violonista/compositor que de certa forma já assustou muito ouvinte com suas incursões harmônicas e inovações no instrumento. Na última semana compareci ao Espaço Tom Jobim para mais uma vez, dentre outras raras, apreciar esse talento brasileiro. Surpreendeu-me deparar com um Guinga diferente, mais completo, mais encorpado, mais definitivo e, sobretudo, um Guinga Pai. Foi uma alegria vê-lo dividir ternamente seu espaço com jovens talentos os quais não se cansava de elogiar,  como um pai.

Estavam presentes no palco o seu parceiro letrista Thiago Amude, excelente intérprete, e um garoto levadíssimo, capaz de assombrar os mais bem avisados sobre o violão: Jean Charneaux. Foram temas divididos com absoluta maestria, lirismo e domínio sobre o instrumento. Viajamos pelos violões e temas de outrora numa esteira contemporânea, evocando Garoto, Dilermando Reis, John McLaughlin, Bill Evans, entre tantos mestres. Não se cansou também de citar o nome de Marcus Tardelli como uma das revelações da nova geração. Confesso que nunca havia visto usar-se o quinto dedo da mão esquerda, o polegar, como elemento extra na formação harmônica. Uma noite de revelações e virtuoses. Uma autêntica noite Guinga.