terça-feira, 13 de novembro de 2012

Música No Espírito Santo - Primórdios.




Música no Espírito Santo: sua origem e formação.
(primórdios e evolução).



                                                          Rogério Coimbra. 




    A história da música feita no Espírito Santo é a própria  história da música no Brasil não fossem os obstáculos impostos em pleno século XVIII quando o Estado ausentou-se do processo sócio-econômico ocorrido naquela ocasião. A formação da música no Espírito Santo obedece ao mesmo roteiro de outras músicas regionais,  que inicialmente contracenam dois elementos, o indígena e o europeu, aos quais se acrescenta pouco depois o escravo negro.

   A disseminação da prática musical em solo capixaba pode ter tido início a partir da chegada dos jesuítas, ou seja, em 1551. A musicalidade do índio sempre foi ressaltada pelos historiadores e Pero Vaz de Caminha já em sua célebre carta descreveu ofícios religiosos e folguedos realizados pelos portugueses em que a participação dos indígenas era imediata e espontânea. Era só o português soprar suas trombetas que o índio imediatamente soprava suas buzinas. Foi uma integração total durante os dez dias em que a esquadra esteve ancorada em Porto Seguro.

Portanto, desde o primeiro momento, o índio esbanjou musicalidade. A música era uma arma usada pelos jesuítas para cativar o nativo. Usavam principalmente as crianças e muitas vezes as enviavam ao Rio de Janeiro para um melhor aprendizado.

Saint-Hilaire, nas anotações sobre sua viagem ao Espírito Santo,  em 1818, registrou que se ouviam com freqüência, na Igreja de Reis Magos de Nova Almeida, grupos musicais formados por índios de extrema habilidade.

   No entanto, a preocupação dos jesuítas era mais a salvar almas do que a de desenvolver a música em si. Com a expulsão dos religiosos em 1759, muito se perdeu, ao contrário do trabalho das Missões no sul: hoje pode-se identificar a harpa como um instrumento da cultura popular entre os descendentes dos índios do sul, principalmente no Paraguai.



   A música utilizada pelos jesuítas entre nós era mais elemento de apoio às montagens teatrais, denominadas autos religiosos; temos registro de três importantes momentos em solo capixaba:

-         Em 1584, com o “Diálogo da Ave-Maria”;
-         Em 1586, com o “Auto da Vila de Vitória ou São Mateus”;
-         E em 1587 com o “Diálogo de Guaraparim”.

Sempre vale ressaltar a presença entre nós de Padre José Anchieta, falecido em 1597, que teria composto músicas na forma de catira ou cateretê, uma dança indígena, para festas em Santa Cruz, Vila do Espírito Santo e Nossa Senhora da Conceição.

(continua)


3 comentários:

  1. Que o Brasil conheça o Brasil...e se encante com as histórias de suas raízes.
    Maurício de Oliveira era, é um espetáculo!
    Obrigada. Parabéns.
    Alice

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  2. Victor Humberto Salviato Biasuttiquarta-feira, novembro 14, 2012

    Excelente nova frente de pesquisa/trabalho, Coimbra!.
    Vou acompanhar.
    Abraço, Victor

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