quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Holanda e Bollani, pertos da perfeição. Uma crítica internacional.

Publicado no All About Jazz, categoria Jazz Moderno.

Stefano Bollani / Hamilton de Holanda: O que sera (2013)

By
Published: September 12, 2013
Stefano Bollani / Hamilton de Holanda: O que sera
Intentional or not, ECM's simultaneously release of Iranian kamencheh master Kayhan Kalhor and Turkish baglama expert Erdal Erzincan's Kula Kulluk Yakişir Mi (2013) with O que será, which captures a positively electrifying 2012 performance by efferverscent Italian pianist Stefano Bollani and Brazilian bandolim virtuoso Hamilton de Holanda, does more than merely celebrate the intimate potential of the duo. Variants, they may be, but there are also timbral similarities between de Holanda's bandolim (mandolin) and Erzincan's baglama (saz) in their use of doubled (or, in the case of the baglama, sometimes tripled) strings.
There, however, the comparisons end. Previous ECM recordings including his aptly named Piano Solo (2007) and more recent trio date, Stone in the Water (2009), have demonstrated both Bollani's knowledge and virtuosity, transcending reductionist labels—even ones as broad-scoped as jazz—to draw upon sources ranging from classical to pop, along with his ongoing interest in Brazilian music. But it's been on duo recordings like Orvieto (2011), with one-time influenceChick Corea, and The Third Man (2008), with fellow Italian and one-time mentor Enrico Rava, that the pianist has most assuredly demonstrated a career-defining ability to imbue music with both humor and joie du vivre while being, at the same time, capable of profound depth: sometimes staggeringly complex, elsewhere unyieldingly beautiful.
With de Holanda—equally expansive in range and a star in his own right, having collaborated with everyone from Richard Galliano to Bela Fleck—Bollani has, perhaps, found the perfect partner. Not only does de Holanda possess similar instrumental mastery, but he is as capable of pushing Bollani to turn on a dime as the pianist is in driving the mandolinist to change directions at thought-speed, the pair occasionally throwing in seeming non sequiturs that invariably reveal themselves as anything but.
O que seráis like watching two hyperkinetic kids in a musical candy store, looking to sample everything they can get their hands on. On pieces like Bollani's "Il Barbone Di Siviglia, (The Tramp of Seville)" and the frenetic closer, "Apanhei-te Cavaquinho" there's an exciting sense of the two playing constant cat-and mouse, Bollani breaking away from form into a high-speed passage of unfettered freedom only to get pulled back in by de Holanda, as if to say "catch up!" The mischief is palpable; it's almost possible to see the two grinning at each other madly as they interact, sometimes at speeds that would be considered impossible were they not here to be heard.
But an overarching sense of humor and relentless synchronicity don't mean that Bollani and de Holanda aren't capable of greater sensitivity. The duo's opening look at "Beatriz" is short and sweet, while Antonio Carlos Jobim's "Luiza" and {Astor Piazzolla}}'s "Oblivion" are, if not totally serious, then at least clearly reverential, as the two instruments engage at a near-mitochondrial level.
The inclusion of audience reactions throughout the show help make O que sera a breathtaking 54-minute break from life's trials and tribulations; as close to being there as any audio recording can be, it's proof positive that serious music can be fun, too.
Track Listing: Beatriz; Il Barbone di Seviglia; Caprichos de Espanha; Guarda Che Luna; Luiza; O Que Será; Rosa; Canto de Ossanha; Oblivión; Apanhei-te Cavaquinho.
Personnel: Stefano Bollani: piano; Hamilton de Holanda: bandolim.
Record Label: ECM Records

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Ralph Burns : Arquiteto do Jazz.







Revi na TV parte de “New York, New York”( Martin Scorsese) com Lisa Minelli, onde faz um número fantástico com Larry Kert (cantor na montagem original de West Side Story na Broadway) em “Happy Endings”. O outro ator é Robert De Niro, dublado no sax tenor pelo vigoroso Georgie Auld, um músico da era Swing, tendo tocado com Benny Goodman, Count Basie, além de ter tido sua própria banda.

O bom mesmo nesse flashback foi curtir a banda e os arranjos de Ralph Burns (1922-2001) um tremendo band leader e compositor que deixou sua marca em vários momentos do jazz, principalmente com a banda de Woody Herman. O Oscar do cinema ele levou duas vezes para casa: Bob Fosse dirigiu “Cabaret” e “All That Jazz” e as trilhas de Burns levaram as estatuetas.

O melhor de Burns é uma curiosidade: quem conhece um pouco de momentos do jazz, arte tão novinha, sabe que “Early Autumm”, com os Four Brothers (na formação, Al Cohn, Serge Chaloff ,Herbie Steward e, o novato Stan Getz) composição do próprio Burns, gravado na banda de Woody Herman, é um dos momentos mais delicados e melodiosos do swing, com improvisos fantásticos. Acontece que o improviso de Stan Getz , que o notabilizou à época, foi escrito, nota à nota, pelo próprio Ralph Burns. Assim é o jazz, cheio de malandragens.



KÁTIA NO PALCO DO SESI, SÁBADO, 14, 20H.


I Got Rhythm com Kátia Rocha
Um quê de Ella Fitzgerald, com toques de Milton Nascimento clássico e o groove de George Duke. Esse é o clima do show I Got Rhythm, que a cantora e saxofonista Katia Rochaapresenta em setembro no Teatro SESI, dentro do projeto Luzes e Aplausos. Katia, que recentemente lançou seu quarto CD solo, Hoje o samba saiu, reuniu no repertório o que o jazz tem de melhor: standards inesquecíveis com as influências que ele foi buscando pelo mundo, como a música brasileira, e pitadas de outros ritmos negros, do soul ao funk. Round midnight (Thelonious Monk, Cootie Williams e Bernie Hanighen) divide espaço com Bonita (Tom Jobim e Ray Gilbert), Summertime (George Gershwin e Dubose Heyward) está ao lado de Ave rara (Edu Lobo e Aldir Blanc), Nature boy(Eden Ahbez) se espelha em Mas que nada (Jorge Benjor). Some-se a isso um trio de primeira: Rogério Bezerra no piano e arranjos, Hugo Maciel nos baixos acústico e elétrico, eMarlon Aloyr na bateria.Participação dos guitarristasRodolfo Simor, Gean Pierre e Victor Humberto.


Elvin Jones A Different Drummer pt1

Elvin Jones A Different Drummer pt2

Elvin Jones A Different Drummer pt3

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Hamilton de Holanda: A Universalização do Choro, Choro ?





O novo disco de Hamilton de Holanda “Mundo de Pixinguinha” comprova o arrojo desse genial instrumentista ao agregar parceiros internacionais para homenagear um dos mais emblemáticos compositores brasileiros.

O carioca Hamilton de Holanda, criado em Brasília, cidade que revigorou o gênero choro nos anos 80, voltou para o Rio na década de 1990 como um exímio bandolinista e, hoje, pertence ao mundo.

Hamilton de Holanda é um dos mais primorosos instrumentistas em atividade no mundo. Um craque. Seu vigor passeia numa música que se poderia chamar de jazz, de pop, ou mesmo choro. Mas o poder inventivo desse músico de apenas 37 anos, provoca um espaço onde a interação de matrizes diversas permite apenas a criatividade e declarações de procedências comuns.

Choro? O que toca Hamilton de Holanda? O Choro o revelou. Rebelde pop rock, sim, quando o vi pela primeira vez em Vitória, ES. Foi o tempo do “Deixa”, de Baden e Vinícius, tema esse que ele amalgamou e partiu para uma nova era da música instrumental brasileira. O choro, a partir daí, sorriu. Há pouco tempo, despojado, tocou em praça pública, no Largo do Machado, RJ. Sempre com uma combustão extraordinária no palco, com Marcel Powell, e, no chão num cadeira de praia o Yamandu Costa  espectador, de olhos escancarados.

No lançamento do CD “Mundo de Pixinguinha”ele era soberano ao receber no palco do Net Rio o genial italiano Stefano Bollani, o francês Richard Galliano, ou mesmo a Mestra Odette Dias, aos 84 anos.  HH já não nos pertence. Assim foi quando Tom dividiu a cena com Frank Sinatra, ou, João Gilberto com Stan Getz. Aí, já não era Bossa Nova, assim como agora já não há choro com HH. Há sim, música universal, entrelaçada, união do Velho Mundo, com a África e, o nosso continente americano.

O CD “Mundo de Pixinguinha” reúne mestres como Chuco Valdés, Richard Galliano, Stefano Bollani,  Mehmari, e, quase esquecendo, Wynton Marsalis, tocando “1x0”, placar esse favorável a HH com previsões de goleadas daqui pra frente