quinta-feira, 31 de maio de 2012

ED LINCOLN: 90 ANOS, HOJE. O SAMBALANÇO COMEMORA O REI DOS BAILES.





O cearense Eduardo Lincoln Barbosa Sabóia comemora certamente com muito orgulho seus 90 anos e, sua história. Dono de um estilo inconfundível, através de seu instrumento, o órgão, fez um sucesso imensurável nos anos 1960 e 70 com sua banda que reunia sempre os melhores músicos do Rio de Janeiro.


Fui um dos privilegiados de uma geração que dançou muito nos bailes comandados pelo conjunto de Ed Lincoln, nas domingueiras do clube Moore Líbano, nos diversos bailes de formatura pelo Rio afora. Fantásticos “crooners” como Pedrinho Rodrigues, Silvio Cear, Orlandivo, e um naipe de sopros contagiante, além do ritmo de Durval Ferreira, guitarra, Wilson das Neves, bateria, e Luiz Marinho, baixo, formavam o que se convencionou como “sambalanço”, expressão criada pelo próprio Ed Lincoln.


Ed Lincoln nos anos 1950 participou do movimento pré bossa nova, se assim pode-se convencionar o que a turma que tocava na boate Plaza no Leme, RJ, fazia, e como contrabaixista, ou, tecladista, teve como parceiros Luiz Eça, Luiz Bonfá, Baden Powell, Dick Farney, Radamés Gnatalli, e, o “capixaba” Paulinho Ney.


Ed Lincoln decolou a partir de quando substituiu Djalma Ferreira na boate Drink, no Rio de Janeiro. Foi expressão musical à época ao lado de nomes como Walter Wanderley, o próprio Djalma Ferreira e Lafayette.


Hoje, faz 90 anos e mantém o título de Rei do Sambalanço.



terça-feira, 29 de maio de 2012

MAURÍCIO HEINHORN, MÚSICO BRASILEIRO.




Hoje ele faz 80 anos, uma etapa importante em sua vida e, sobretudo, uma vida respeitada, como músico, compositor e homem, que calmamente seguiu seu caminho com uma harmônica no bolso. Coisa simples.

Eu, eu, confesso que acordeom e gaita, só gênios pode executá-los: Toots Thieleman,s Art Van Damme, Tommy Gumina, Toninho Ferraguti,  entre outros, e  o Maurício Heinhorn.

  Meus parabéns ao Maurício Einhorn que conheci, nos anos 1960,  numa loja de discos na galeria Condor Do Largo do Machado, RJ. Estamos aí.

Segue abaixo trechos de uma entrevista sua concedida ao jornal O Globo, edição de 26 de maio, sábado passado

Logo após se casar pela primeira vez, em 1966, Maurício Einhorn ouviu um amigo de sua mulher lhe perguntar qual era a sua profissão.
- Músico – respondeu.
- Coitado – devolveu o homem, acometido, segundo Einhorn, do mal conhecido como  “franqueza em excesso”.
Ele ouviu muitas indelicadezas na vida.  “Qualquer um toca essa merda” é uma delas, conta.  Outra é “Porrinhola”, uma derivação de “aporrinhar”, como sinônimo de gaita.


- “Estão pagando R$ 80,00, R$ 100 a um músico para tocar. Eu vou vender limão ou amendoim,  mas não vou me submeter a isso.  Sei que há muitos colegas que se submetem, mas eles são eles, e eu sou eu.”


Einhorn estima ter 450 composições, sendo que apenas 50 gravadas.   As mais famosas têm letra e são clássicos da bossa nova: “Tristeza de nós dois”, “Batida diferente” e “Estamos aí”.
- “Ganho do exterior uns US$ 400 por ano em função de três ou quatro músicas.  No Brasil, recebo uns R$ 400 mensais por 50 músicas.  Não tenho nenhuma “Ai, se eu te pego” – brinca ele, que soma os direitos autorais à aposentadoria de R$ 1.400 para viver com mulher e filho num apartamento do Leme herdado do pai.


Sua criatividade nunca se afinou com teoria.  Teve aulas com Moacir Santos, mas confessa que cochilava às vezes.  Com Hans-Joachim Koellreutter, rateou o preço com outros dois alunos, mas logo largou.  Lê partituras lentamente.


- “Apesar de tudo, a gaita me deu grandes compensações na vida”.


quarta-feira, 16 de maio de 2012

VASSOURINHA: Um Registro.

VASSOURINHA ( Mário Ramos : 1923 - 1942) faria hoje 89 anos. Morreu com tuberculose aos 19 anos.
É considerado um dos maiores intérpretes do samba, mesmo paulista como o foi. Gravou 12 sucessos em 1941 e 1942, sempre lançando músicas que se tornaram sucesso. Há registro de suas gravações que pode ser ainda resgatado. Foi um fenômeno à sua época e, mesmo jovem, alavancou a carreira de grandes nomes, entre elas, a de Isaurinha Garcia. Suas 12 gravações foram recentemente lançadas em CD na série "Arquivo Warner". Era considerado um inovador em suas interpretações. VASSOURINHA, mesmo tendo partido há 70 anos, ainda é considerado um mestre.


sábado, 12 de maio de 2012

WALTER WANDERLEY, 80 ANOS.

Walter Wanderley (1932-1986) foi um organista pernambucano que traduziu a batida da Bossa Nova em seu instrumento, tornando-se dono de um incrível balanço que o levou para os EUA em 1966 e lá, obteve grande sucesso e ser um bom vendedor de seus discos. Foi casado com Isaurinha Garcia com quem teve uma tumultuada relação, alardeada então pela imprensa. Seu toque, seu balanço, é inconfundível e continua uma escola para os tecladistas iniciantes.

Fiquem com o depoimento de Isaurinha Garcia (1923-1993).


sexta-feira, 11 de maio de 2012

JAZZ SAMBA: 50 ANOS.

Em abril de 1962 Stan Getz e Charlie Byrd lançaram o LP "Jazz Samba", após estarem excursionando no Brasil no ano anterior. Esse LP foi decisico na divulgação do estilo Bossa Nova e um divisor de águas: nascia um casamento perfeito que até hoje perdura, ou seja, a união do Samba com o Jazz.

Fiquem com a versão completa da gravação e, como mesmo sugerem, sentem-se, ponham, os pés para cima e curta; não é nem preciso levantar-se para virar o vinil.Um clássico.



RIO BOSSA NOVA, COM OS BLOGUEIROS.






Para quem quer percorrer o Rio de Janeiro por suas melhores trilhas da Bossa Nova, Ruy Castro traçou o correto roteiro. Seu livro "Rio Bossa Nova" dá saudáveis e espertas dicas de como e onde ouvir o encanto da Bossa Nova.

Nós, blogueiros, da Bossa e do Jazz, perfizemos esse, e outros caminhos cariocas, com a missão de ouvir e viver a música.

Abaixo, uma resenha originalmente publicada no caderno Pensar, de A Gazeta, ES, editado por José Roberto Santos Neves e que nos permitimos publicá-la, além de uma foto verossímil , registrando nosso trabalho de pesquisa.

Créditos da foto: Érico Cordeiro, Figbatera, Rogério Coimbra e John Lester. Ao centro, feliz da vida, o célebre carioca Sérgio Sônico, o imaterial de Ruy Castro, que circula pelas ruas do  Rio na sua supersônicabike.









Há um antigo ditado em Vitória que diz ser o aeroporto o melhor lugar da cidade. A proximidade da capital capixaba com a cidade do Rio de Janeiro é estreita não só pela distância como também pela semelhança física, pelas praias e morros, como pelo espírito do povo, desprendido e festeiro. Enfim, o capixaba, além de conhecer bem o Rio, tem tudo a ver com a Bossa Nova, tão cultuada e festejada na ilha.


Para celebrar a amada Bossa Nova, o escritor Ruy Castro escreveu o livro “Rio Bossa Nova – um roteiro lítero-musical”, uma edição bilíngüe, editado pela Casa da Palavra. Consta que o livro nasceu devido a uma incômoda queixa de um turista inglês que dizia não saber onde escutar Bossa Nova no Rio, berço do seu surgimento. O escritor logo adverte que não necessariamente o Rio tenha que ter um lugar exclusivo para se ouvir Bossa Nova. Com certa razão, argumenta ele que se tem que procurar muito em Paris um sanfoneiro com camisa listrada e boina para se ouvir a tradicional canção parisiense ou, em Nova Iorque, uma casa de puro jazz. Idealizar uma casa exclusiva para a Bossa Nova seria coisa de puristas e nostálgicos.


O livro torna-se interessante, por levantar não só os locais em atividade que eventualmente apresentam Bossa Nova como cria um grupo de bens imaterias relacionados com esse estilo musical. A narrativa tem início com o Bar Villarino, ainda em funcionamento no centro da cidade, onde nos anos 1950 intelectuais bebiam muito uísque e onde Tom Jobim conheceu Vinícius de Moraes para montarem o “Orfeu da Conceição”. É citado até o Sinatra-Farney Fan Club. 


Imaterial mas, completamente materializado, é o Sérgio Sônico, confrade blogueiro, piloto de uma bike sonora com o “som do mundo”; além de circular pela Zona Sul, é presença certa aos domingos na orla da praia do Leblon. Ele teve direito até a uma foto, um mimo do Ruy Castro.


É um livro de referência e o autor até o considera útil para qualquer acadêmico que pretenda elaborar uma tese de mestrado sobre o movimento da Bossa Nova. E por que não? São citados locais e ambientes que nos remetem ao início de toda essa história. É citado o apartamento onde morou Nara Leão na Av. Atlântica, onde os músicos se reuniam, e o famoso Beco das Garrafas, onde hoje funciona uma loja chamada Bossa Nova, ligada à loja Toca do Vinícius, de Ipanema. Até o cemitério São João Batista é citado, onde jazem músicos famosos, mas cuja referência não condiz com a cultura brasileira de veneração tão radical a seus ídolos. Tudo acaba sendo divertido.


O livro tem endereço certo também para os próprios cariocas que muitas vezes não conhecem sua história, sendo uma prazerosa viagem para qualquer cidadão do mundo que ame a Bossa Nova. Incômoda é a leitura, pois a versão em inglês está na mesma página do texto em português, dispostas em duas finas colunas.


Os locais importantes que apresentam música ao vivo atualmente são listados, mas há muita ausência como a Sala Sidney Miller, na Funarte, os espaços Oi Futuro, no Catete e em Ipanema, a galeria MC4 em Copacabana, o Centro Cultural da Justiça Federal, na Cinelândia, o bar Cariocando da filha do saudoso músico Durval Ferreira, no Catete, o Teatro da Caixa Econômica, no Centro, o Teatro do Sesc e a sala Baden Powell, ambos  em Copacabana, o Museu da República, no Catete e o Teatro Carlos Gomes, na Praça Tiradentes. Esses são alguns que nos vêm à lembrança.


Importante registrar um novo espaço recém inaugurado: o casarão Ameno Resedá, no Catete. A sua importância musical deve-se a ele contar com a  gerência de Pedro Tibau, ex-sócio da extinta loja-palco Modern Sound que ficava em Copacabana, e a direção artística do bandolinista Rodrigo Lessa, filho do economista Carlos Lessa, responsável pela restauração do prédio.


E Ruy Castro, com a típica malandragem carioca zona sul, vai logo avisando que o melhor mesmo , além do livro, é conferir a programação do Rio Show nas edições das sextas feira do jornal O Globo, ou, a Veja Rio.


O mérito não é ter uma casa exclusiva para a Bossa Nova e sim locais onde com freqüência ela possa ser apresentada. E a Bossa renovou-se. O velho “samba-jazz” não pode ser projetado na atual música instrumental de um Kiko Continentino ou Hamleto Stamato ? Uma canção de Toninho Horta ou de Antônia Adnet não seria uma Nova Bossa Nova?


Então o que estamos esperando para pegar um avião com esse livro debaixo do braço e desembarcar, preferencialmente, no aeroporto Tom Jobim?










quinta-feira, 3 de maio de 2012

GAROTO: 57 ANOS SEM ELE.



ANIBAL AUGUSTO SARDINHA (GAROTO) , nascido em São Paulo, faleceu aos 40 anos deixando uma obra  consistente, típica da sonoridade brasileira do violão. Integrou nos anos 1950, o famoso Trio Surdina, ao lado do violinista FAFÁ LEMOS e o acordeonista CHIQUINHO.. Deixou muitas composições que se popularizaram entre elas "Jorge do Fusa" e, a mais conhecida, "Duas Contas". Ele se antecipou à Bossa Nova.
Um mestre do violão brasileiro.

Fiquem com um garoto tocando Garoto ("Jorge do Fusa") e , "Duas Contas", com Dinho Oliveira.