quarta-feira, 30 de março de 2011

HAMILTON DE HOLANDA.


HH faz hoje 35 anos.
Um menino grande, enorme, em talento e mesmo no tamanho. Fera. 

Dia 08 de outubro próximo, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, ele, e Yamandú Costa, sob a regência de Roberto Minczuk, estreiam com a Orquestra Sinfônica Brasileira a peça “Fantasia Brasileira para Bandolim e Violão ”
Viva a música brasileira.


terça-feira, 29 de março de 2011

TURI COLLURA & NOEL NESTA SEXTA.




Turi Collura lança nesta sexta, 01 de abril, seu novo trabalho: "Conversa Na Vila". O evento acontece no no mezanino da  Pão e Cia, na Av. Hugo Musso 1243, na Praia da Costa, às 19 horas.


Turi Collura, há oito anos apenas no Brasil, declara seu amor à música desse gênio carioca e o faz com merecida lisura ao lançar o CD “Conversa Na Vila”, nada de conversa fiada ou conversa pra boi dormir. Ao contrário. Com esmerada produção, direção e arranjos de Paulo Malaguti Pauleira,  Turi deixa de lado sua virtuose pianística para sentar-se à mesa de um botequim, ao lado de sua companheira Neuzinha Escorel, cuja participação vocal, através de um delicado timbre, nos remete a uma atmosfera belle époque bem típica de cem anos atrás, quando nasceu o cronista do samba.


 Há participações especiais como a do excelente grupo Arranco de Varsóvia num samba- rap- maxixado, o “Seja Breve”, a do competente João Schmid em “Cem Mil Réis”, e a bem humorada interpretação de Marcello Escorel em “Tarzan”, essas duas compostas com Vadico.



Somam-se ao repertório “Quem Ri Melhor”, “Mentir”, “Cidade Mulher”, num saboroso arranjo funkeado,”Filosofia”, com parceria de André Filho,”Fita Amarela” e “Até Amanhã”. Vale registrar a competência dos músicos Domingos Teixeira (violão), Márcio Hulk (cavaco), Zé Luiz Maia (baixo), Joana Queiroz (clarinete), Andrea Ernest (flauta), Edu Szajnbrum (percussão) e as vozes de Andrea Dutra, Cacala Carvalho, Paulo Malaguti Pauleira e do próprio Collura.


Genuína e legítima homenagem de Turi Collura ao amado e venerado poeta da Vila. O italiano rende na verdade um tributo à alma do povo brasileiro que por certo o bem acolheu nesta paisagem tropical. Algum santo repousou sobre si. Seria Papai Noel?



Deixei para o final o registro da última faixa, a única instrumental: a dolente“Último Desejo”, a minha preferida. É justo que num espírito melancólico tão igual criada pelo poeta, Collura expresse sua devoção, numa interpretação capaz de bem traduzir uma separação de amor , uma despedida, bem ao estilo de  Noel. “ Conversa Na Vila”, é papo firme.








segunda-feira, 28 de março de 2011

HERMÍNIO BELLO DE CARVALHO.





Parabéns Hermínio, pelos seus 76 anos que  comemoramos hoje, e obrigado por ter doado todo seu acervo ao MIS, Museu da Imagem e do Som.
Gente fina é outra coisa. Longa vida !

sexta-feira, 25 de março de 2011

MEU CARO AMIGO JOLA.




Carlos Eduardo Daddario, Jola, é o único carioca que conheço que evita ao máximo o Rio. Nosso primeiro encontro foi no verão de 1971 nas brancas areias no Posto 9 de Ipanema junto com as maravilhas das Denises,  Patrícias,  Martas,  Marias Tereza,  Paulas, Andréas e os feiões  Paulão, Tide, Beto,Tavo e o guitarrista Didito não só pelos seus invejados solos como pelos longos cabelos de roqueiro.

 Jola estudava medicina, em Petrópolis e não no Rio e, assim que se formou foi para São Francisco do Sul, litoral de Santa Catarina, morando hoje em Joinville. Pelo Rio só passa por cima, quando se dirige ao seu paraíso particular numa daquelas praias que ninguém conhece na Bahia, Algodões, por exemplo.

Tive o prazer de revê-lo no Natal de 2005. Como abrira uma exceção e passara pelo Rio para uma visita familiar, pegou um ônibus para a Bahia com parada em Vitória. Um privilégio. Chamou-me a atenção que era o mesmo Jola que eu vira acenar num adeus ao Rio em 1973, apenas um pouquinho diferente pelo corpinho de pêra, mas o mesmo constante sorriso; ao tiracolo, um violão. No Rio, naquela época, após a praia, era obrigatório nos reunir em sua casa na Rua Redentor para um macarrão com presunto e creme de leite com litros de Coca Cola e nuvens de fumaça mágica.  Depois, exortávamos as cordas de nossos violões até a exaustão com a cumplicidade das vozes das meninas e dos incessantes tambores do Tide. Desfilávamos um repertório pós Bossa Nova e por vezes a gente se denominava San Sebastian Band.

Outros tempos, outras vidas, mas Jola nunca parou de me atualizar com seus sonhos sonoros enviando-me fitas K-7 com seus temas. Em 2005 mostrou-me diversas composições. Mas foi em 2010 que ele me acordou para anunciar que tinha sido gravado e lançado por uma cantora de Joinville, Ana Paula da Silva.

Estampa bonita, música segura, Ana Paula já dividiu palco, fosse na Europa, na Argentina ou no Brasil com Leny Andrade, Lô Borges, e o falecido Joe Zawinul, além de outros famosos.  Seu último CD tem lançamento independente nos EUA, e, Jola, vai junto no pacote de exportação. Ana Paula da Silva, além de bela e competente cantante, é a fada madrinha de Jola ao coroar seus sonhos.

O ciclo se fecha e Jola, no entanto, não se fez de besta nem de rogado preferindo seguir sua vida de pizzaolo famoso na região de Joinville e criar novas canções. A propósito, lá, Jola é Carlos, Carlos Eduardo ou Dr. Carlos.  O nosso antigo amigo , a gente chama de Jola.



Ana Paula canta Jola:

 "Macumba de Sogra".

segunda-feira, 21 de março de 2011

HISTÓRIA DA BOSSA NOVA EM VITÓRIA. Parte IV.





  O mestre Maurício de Oliveira tinha uma academia de violão, no enorme salão do clube Álvares Cabral, na Praça Costa Pereira. Era um mundo enorme e nós, jovens, carregávamos nossas caixas de violão pela cidade em busca da felicidade. Maurício, seu prodigioso filho Sebastião, o Tião Oliveira, e o aplicado Elias Borges, estavam todos à nossa disposição para ensinar aquelas complicadas harmonias de bossa nova. Levávamos até pilhas de LPs para tirarem as harmonias, ou de um Menescal ou de um Barney Kessel. Queríamos aprender logo as nossas favoritas durante o dia para executá-las à noite, para nossas namoradas, ou melhor, para as que gostaríamos de namorar, ou mesmo para nos reunir em alguma varanda e exibir nosso progresso no instrumento.

O salão do Álvares era tão grande como nossos sonhos, cada um num canto, espalhados, cada um com o seu mestre, com um caderno e suas anotações: a diminuta, a sétima maior, a nona aumentada, a décima primeira. Não existia acorde maior nem menor, tinha que haver algo mais, ou, algo de menos. Isso era Bossa Nova. Lá estávamos crescendo e amadurecendo com essa nova música, eu, Miguel Sarkis, Mário Ruy, Ester Mazzi, Janete Torres, Apriginho Gomes, Serginho Egito, Luiz Alberto Martins, o Careca, Rubinho, o Ruby Goom, Evandro e Marco Tironi, o Tina, Chico Lessa e dezenas de jovens afoitos a se cruzarem com os violões a tiracolo na velha praça Costa Pereira cenário de tantas mudanças  saudáveis para a cidade. Ester Mazzi foi a mais fiel aluna, considerando que levou consigo aquele espírito musical por toda a vida. Ela gravou a partir dos anos 80 quatro discos, em clima bossanovista, incluindo releituras de clássicos de Cole Porter ou Gershiwn. 


Quanto ao Tião, hoje ele é pai de Antônia, talvez a nossa primeira pianista capixaba da gema, do choro do moderno samba, a Bossa Nova. Perguntei a ela: quem tocava mais,  papai ou vovô? Difícil responder.Acho que vovô. Papai é bom de arranjo. Antônia elegantemente traduziu o talento do pai. Tião foi um dos mais brilhantes violonistas de sua geração e o é até hoje. Vamos aos causos: Carmélia organizou um show bossa nova na antiga Fafi cujos principais atores eram Mário Ruy e Afonso. Pocou tudo. Ninguém se entendeu nos ensaios e Mário Ruy desistiu da apresentação em cima da hora. Conta Tião de Oliveira que ele foi resgatado na zona de Carapeba, a cidade prostíbulo que foi criada próxima à praia de Carapebus e onde ele tocava na boate Atlântica, na casa da Dinorah. Lá foi Tião cobrir o buraco deixado por Mário Ruy na Fafi, em pleno centro da cidade. Ele foi com uma exigência: eu toco, mas vocês me levam de volta pra Carapeba. 


Reparem que músico antigamente só tocava em zona ou em cassino. O músico nada mais era do que um contraventor. Isso era anti-Bossa Nova.  (continua).

sábado, 19 de março de 2011

ASSIS VALENTE.

Hoje é o centenário de Assis Valente, um baiano que se criou no Rio de Janeiro e compôs dezenas de sucessos por nós cantados até hoje: “Brasil Pandeiro” (Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor...), “Boas Festas” (Eu pensei que todo mundo fosse filho de papai Noel...) “Fez bobagem” (Meu moreno fez bobagem...) além de “Camisa Listrada”, “Uva de Caminhão”, “Boneca de Pano” e muitas outras.

Suicidou-se tomando formicida com guaraná num banco de praça, após várias outras tentativas, sendo uma famosa quando se atirou do Corcovado e ficou preso nas árvores. Dívidas, essa a razão do desespero, além do conflito da bissexualidade. Descansou no dia 11 de março de 1958, aos 47 anos.



Ouçam o áudio e curtam os vídeos ao lado. Parabéns para Assis Valente.

quinta-feira, 17 de março de 2011

TRÊS PISCIANOS.

 
                               
Três Piscianos desta data. Eles detinham a força da música e o poder do encantamento. King Cole faria 92anos, Antônio Maria, 90, e Elis Regina,66. O legado da arte desse trio por muito ainda vai perdurar.

quarta-feira, 16 de março de 2011

ANDRÉA RAMOS.



Andréa Ramos comemora seu aniversário hoje. Ela domina um repertório eclético. Sua voz traduz qualquer canção com seu estilo próprio, com o mesmo frescor, seja uma lúdica canção praieira ou uma dramática toada. Sem falsos arroubos, Andréa Ramos tem a marca de Andréa Ramos, simplesmente. Parabéns.


Ouçam a Andréa :

terça-feira, 15 de março de 2011

CECIL TAYLOR & CHARLES LLOYD: PARABÉNS.




                                                  15.03.1929
                                                                
                                                          15.03.1938

LESTER YOUNG


                                GOODBYE PORK PIE HAT.


                      The Pres ( 27.08.09 - 15.03.59)




                        

HISTÓRIA DA BOSSA NOVA EM VITÓRIA - Parte 3.



Há 13 anos Cariê Lindenberg contava em Escritos de Vitórias-Música, editado pela Prefeitura de Vitória:

 Vitória esteve afinada com esse movimento desde seu nascedouro. Os músicos locais iam se entusiasmando com a bossa nova, ainda pouco conhecida e, aos poucos, a batida, a harmonia já estavam diferentes, enquadradas no moderno. Até o clássico Maurício de Oliveira participava com entusiasmo dos nossos encontros madrugada adentro na Praça Costa Pereira. Algumas coincidências felizes fizeram com que os ventos da Bossa Nova chegassem a Vitória. João Gilberto, que revolucionou a batida, os acordes do samba e a forma de cantá-lo, baixou aqui para uma longa lua de mel com Astrud, sua primeira mulher. O Sérgio Ricardo, compositor inspiradíssimo, cantor que se acompanhava em vários instrumentos, veio a Vitória a meu convite e acabou se apaixonando por uma linda jovem, com quem nunca sequer conversou. Já meio enturmado com os caras locais, tinha razões de sobra para voltar inúmeras vezes aqui para fazermos serenatas em Vila Velha. O Tamba Trio veio com Ronaldo Bôscoli fazer um show com a também capixaba Maysa e acabaram alugando uma casa e ficaram por aqui. Foram muitos os exemplos, como estes, que ofereceram chance aos músicos capixabas de se atualizar com as novidades musicais.


Cariê Lindenberg estava prestes a gravar seu primeiro disco com produção de Aloysio de Oliveira. Ele faria uma música no lado A, e, no lado B, mais um capixaba, a Nara Leão. Porém o compositor Candinho, que fora casado com Silvinha Telles, e então casada com o Aloysio de Oliveira, persuadiu Cariê a gravar na gravadora dele, cujo selo era Relíquia. Convencido a trocar de produtor foi com Candinho à casa de Tom para pedir a ele uns arranjos. Mas Tom estava de partida para os Estados Unidos. Eis que chega à casa Aloysio de Oliveira a quem Tom comunicou: Aloysio, o Carlinhos (Cariê) vai gravar. Aloysio respondeu: Eu sei,comigo, na Elenco.Então abriram o jogo que era com o Candinho na Relíquia.

 E assim começou o fim da carreira de Cariê que mal começara. Tentaram arranjos com Luiz Eça que passou a bola para Hugo Marota e Candinho desapareceu e desapareceu o sonho de Cariê. Mas tudo indica que ele mesmo não fez tanta força assim para seguir por outro atalho.

Nessa época, eu assinava uma coluna num suplemento semanal de A Gazeta, chamada O Assunto É Música, e lá está registrado na edição de 08 de novembro de 1964: Carlos Lindenberg Filho (Cariê) deverá estar gravando no final deste ano um compacto para a etiqueta Relíquia. (continua).


  

segunda-feira, 14 de março de 2011

QUINCY JONES & LES BROWN.

         


 Quincy Jones ( 14/03/1933) & Les Brown(14/03/1912 – 04/01/2001).


Dois band leaders nasceram em 14 de março: Les Brown, em 1912, Quincy Jones em 1933. Para mim Les Brown foi um entertainer, capaz de conduzir uma orquestra com muita alegria e nos convidar para um bom momento de dança.

 Quincy Jones por sua vez é um mestre. Nos anos 1950 seus discos na Mercury já o anunciavam como um grande líder e renovador escrevendo arranjos à época para o selo de Eddie Barclay , especialmente para Jacques Brel e Charles Aznavour Trabalhou com nomes desde Frank Sinatra a Amy Winehouse, Count Basie, MIchael Jackson, Sarah Vaughan além de muitas trilhas sonoras. Jones tem uma grande ligação com o Brasil, sempre comparecendo ao carnaval baiano ou carioca. Hoje assessora Barack Obama para assuntos culturais. 
Quincy Jones é fera, super criativo e qualquer de seus discos autorais são repletos de inovação,  bom gosto e muito balanço, ou, suingue. Parabéns para Quincy Jones e boas memórias de Les Brown.



domingo, 13 de março de 2011

ROY HAYNES.





                               Roy Haynes (13/03/1925).



Gosto muito de Roy Haynes. Encantou-me quando tocava com Stan Getz. Talvez tenha sido um dos mais elegantes bateristas de jazz que eu tenha ouvido, junto com Paul Motian, Joe Morello, Joe LaBarbera , Shelly Manne e John Sumner . Seu toque firme e suave no snaredrums sempre foi uma marca que o faz um autêntico cool drummer por formação. No entanto é um transformador que segue até hoje firme nos seus 86 anos, sem se prender ao passado.Tive o privilégio de vê-lo tocar em 1967, em Los Angeles.

Falo de um baterista que já tocou com Getz, Tristano, Art Pepper, George Shearing, Miles , Coltrane, Monk, Gillespie, Bud Powell e, Charlie Parker, por três anos. Ainda dizem que o músico de jazz morre prematuramente.

Aqui, em sua homenagem, dois momentos de sua carreira, um com o Stan Getz Quartet e outro com o guitarrista Biréli Lagrène.

Parabéns, Mr. Haynes, com muita porrada ainda nos tambores.











BLUE MITCHELL.



             Blue Mitchell( 13/03/1930 – 21/05/1979).



Um dos primeiros e inesquecíveis discos de jazz que ouvi foi “Horace- Scope”, aquele de capa amarela com uma enorme mão, capaz de seduzir e convidar um adolescente para viajar no jazz. Blue Mitchell estava lá ao lado de Junior Cook. Desde então sempre procurei os discos de Silver que tinha além da magia de um suingue fanqueado, uma dupla de sopros explosiva adornada com muito blues.

Richard Mitchell ganhou o apelido “Blue” assim que aprendeu o trompete na escola. Blue Mitchell tocou com Horace Silver de 1958 a 1964, quando o grupo se dissolveu. Ele nunca esteve à frente de grandes grupos mas deixou sua marca “blowing the blues” tanto que quando o jazz passou pela famosa crise comercial dos anos 70, Mitchell juntou-se a cantores como Ray Charles, John Mayall, Tony Bennett e Lena Horne, para sobreviver.

O puro Blue Mitchell está em quase todos discos do Horace Silver Quintet, cuja coleção completa meu compadre Marco Grijó possui , sendo ele um especialista em Silver. Richard Blue Mitchell faleceu aos 49 anos, em 1979, vítima de um câncer. Hoje estaria completando 81 anos.




Aqui quando Blue Mitchell tocava com Cannonball Adderley: " Blue Funk".

sábado, 12 de março de 2011

BIRD.



                             CHARLIE PARKER (29/08/1920 – 12/03/1955).


Faz hoje 56 anos que Charlie Parker partiu e deixou um legado musical admirado pelo seu aspecto revolucionário e estético. Parker, também conhecido como Bird, mudou o jazz com o que se chamava bebop, um estilo musical que dificilmente desaparecerá.

A sua reconhecida genialidade era par de uma conturbada vida ligada às drogas, com duas tentativas de suicídio e internação em um sanatório. Morreu com apenas 35 anos mas, conforme o legista, aparentava 30 anos a mais. O filme “Bird”, de Clint Eastwood, é uma obra de arte imperdível que bem sabe narrar a vida de Charlie Parker.

Assistam aos vídeos na barra ao  lado, principalmente "The Death Of Charlie Parker", exibido na TV americana por ocasião de sua morte.


quarta-feira, 9 de março de 2011

ADEUS, CARNAVAL.









Carnaval acabou. Foi muita chuva, suor e cerveja. Deixo aqui meu até mais para Magali, a francesa, seu filho Leo Pimentinha, pra Nenna, Rubinho e outros barrenses ilustres do Jucu. Cabe bem a marcha "Chuva, Suor e Cerveja" de Caetano com essa animação pós moderna carnavalesca. Ficam também alguns registros desse encharcado carnaval. Bye, bye, Jucu.

terça-feira, 8 de março de 2011

PULANDO NA CHUVA.


Mesmo com todo calor da animação é água fria na certa 4 dias de chuva. Carnaval sem carnaval de rua não é carnaval. A gente cansa e desanima e ainda por cima vem até gripe junto.
Até o próximo.

segunda-feira, 7 de março de 2011

OUTROS CARNAVAIS.


Se no berço do samba tem carnaval, no berço do jazz também tem. Carnaval é carnaval. Simples, não ?

domingo, 6 de março de 2011

CARNAVAL E CARNAVAIS.




Vitória já teve seus carnavais famosos. Hoje o carnaval agoniza na ilha. Talvez possa ser influência de ter-se adiantado a data em uma semana para o desfile das escolas de samba. Talvez. Há 50 anos, um pouco mais, um pouco menos, Vitória fervia durante o carnaval. Os clubes tradicionais abriam seus salões desde as tardes de sábado: Clube Vitória, Saldanha da Gama, Náutico, Álvares Cabral. As orquestras eram comandadas por Mundico, Clóvis Cruz. Maestro Antônio Paulo, Maurício de Oliveira, Edson Quintaes, Maestro HO, Luizinho Taj Mahal. Era tradição na quarta-feira de cinzas pela manhã descer a orquestra do Álvares Cabral, quando sua sede era na praça Costa Pereira, e enterrar o carnaval na praça, já sob sol quente. Nas manhãs de sábado blocos sujos ocupavam as ruas.

O centro da cidade era uma multidão fantasiada dançando ao som de sucessos que saiam dos alto-falantes presos nos postes. Havia o tablado, ora na Praça Oito, ora na Esplanada, onde concentrava-se o chamado povão. A praça Costa Pereira era cenário de desfile de dezenas de blocos; o bloco dos índios, formado em sua maioria por uma mesma família, era sempre aguardado e admirado: todos portavam lanças e flechas executando uma coreografia bem ensaiada. O desfile das batucadas Mocidade e Chapéu de Lado, que desciam o morro da Piedade, era um dos pontos altos. Tínhamos também a batucada de Santa Lúcia e a Mocidade da Praia. Centenas de mascarados se misturavam entre bailarinas e piratas com o único propósito da diversão. Houve uma época em que os freqüentadores do Britz Bar saiam vestidos de mulher no bloco Unidos de Carapeba. Hoje são rarefeitos os blocos que resistem e saem pelas já não tão cheias ruas do centro.

Já naquele tempo os carnavais dos balneários pegavam fogo: de Conceição da Barra a Marataizes, passando por Jacaraipe, no Riviera Clube e o famosíssimo do Siribeira Clube em Guarapari; recentemente Barra do Sahi, iriri e Piuma somaram animação mas, nos dias de hoje, o mais simpático e que conserva o bom humor de velhos carnavais é o da Barra do Jucu.

Mesmo sem ter o samba ainda nascido, parece que a turma do século XIX era mais animada. Transcrevo um anúncio publicado no jornal O Espírito Santense, de 04 de fevereiro de 1875:
Alerta, Alerta! Rapaziada de Gosto!
Para que as bucólicas e estapafúrdias circunscrições apologéticas do Carnaval tenham uma importante e enigmática descrição metalúrgica sinfônica, a bem da rapaziada de gosto estrambólico, previne-se com todos os ff (efes) e rr (erres) e a respectiva pontuação preambólica que, nos dias 07, 08 e 09 do corrente, haverá passeios de mascarados ao som do rataplan mefistofélico e do eco atrás do Penedo, por isso convida-se com toda ênfase e pitoresco garbo os amantes do dito supra mencionado bródio para tão faustosos dias de pândega, lindos trajes e belas momices. 
Alerta pois o resto é sorte.
Ass.: Kikiriki

Ou então o anúncio de 31 de janeiro de 1902:

Si haveis de estar em casa
Danado como uma cobra
Curtindo a raiva dos filhos
Da vossa mulher e sogra/
Sai de máscara jocosa
Com guizos e relicário
Para dançares o can can
Lá na rua do Rosário/
Aí temos boas coisas
Bailes bons, à fantasia
Salão arejado
Que outrora não se via/
Quadrilhas e boas polcas
Maxixes e boas valsa
Deveis levar( é preciso)
Boas pernas e boas calças/
Tudo isso bem mexido
Bem dengoso e requebrados
Com pimenta e com adubos
Com graças de mascarado/
Haverá valsas  escótis
E também o contraxaxo
Eu caio, Tereza, eu caio
Por baixo do Bolimbalacho.
Ass: Sociedade Fenix Carnavalesca.


A gente volta ao assunto.


sábado, 5 de março de 2011

CARNAVAL, CARNAVAL.



O carnaval chegou. Cada um curte à sua maneira. Desde os tempos de Cristo, tanto no Egito como na Grécia, o carnaval era comemorado  em função dos períodos de colheitas ou mudanças de estações mas sempre obedecendo as mesmas características, tornando-se festas públicas, com uso de máscaras e manifestações folclóricas.


A introdução do carnaval no Brasil deu-se através do Entrudo, trazido pelos portugueses da Ilha da Madeira, Açores e Cabo Verde, que consistia em brincadeiras com loucas correrias, mela-mela de farinha com água de limão e ovos. O Entrudo era de mau gosto e grosserias, acontecendo num período anterior a quaresma, e  buscava radical liberdade de expressão, sentido esse que permanece até os dias de hoje no carnaval, mas sem mela-mela.

O pesquisador Ary Vasconcellos considera o período entre 1870 e 1919 como uma das fases mais encantadoras da música popular brasileira, um período que corresponderia de certa forma à Belle Époque francesa, entre 1880 e 1914. Acontece que a influência francesa era total. Os carnavais dessa época eram movidos a scótis, polcas e valsas, bem ao estilo europeu. O choro surge em 1870 e sua estrutura musical era essa. Em 1873 popularizaram-se os Ranchos, surgindo depois as Marchas-rancho, que por sua vez tinham ligações com as tradições natalinas e dia de Reis com seus pastores e pastorinhas. Como não lembrar do sucesso de carnaval “As Pastorinhas”, de Noel Rosa e Braguinha?

Havia também o Maxixe, mas eesa era uma dança proibida, um caso de polícia. As danças eram o tango, a valsa, a quadrilha, scótis ou xotes. O samba ainda não tinha ido para as ruas. Com o surgimento da lança perfume em 1899 esse tornou-se febre no carnaval de 1900, substituindo as bisnagas que só jogavam água. Nesse carnaval é lançada a marcha “Ô Abre Alas”, de Chiquinha Gonzaga, uma referência carnavalesca até hoje. Mas o carnaval que herdamos e se mantém até hoje, dá-se nos anos 1916, quando surge o samba e a presença das baianas nos desfiles. Os blocos eram liderados por jovens de bairros de classe média do Rio de Janeiro, embalados por choros e tangos. Era o carnaval que se moldava.  

E hoje, 2011, os blocos do Rio, centenas deles, são de classe média e o carnaval de rua carioca já está chegando perto do carnaval de Salvador em termos de adesão e animação. É o ciclo da vida. E como era o carnaval em Vitória?

Reproduzimos um anúncio publicado no jornal O Espírito Santense em 06 de fevereiro de 1887:



BAILE MASQUÉ!
Manoel José Dias tem a satisfação de por à disposição de seus amigos, durante os três dias de Carnaval, o seu salão à rua de São Francisco, mediante a entrada de 1000 (1 mil réis).
O Professor Azevedo e alguns amigos prometem executar peças de gostos para tornar mais animadas as POLCAS – VALSAS – QUADRILHAS – SCÓTIS- CANCEIROS.
É de esperar que o esmero com que pretende preparar o salão, o pessoal da música e as boas condições da casa concorrerão para provocar a atenção dos amantes do Carnaval.

A gente volta ao assunto.

 Estamos também no bloguidonoleari.blogspot.com e cadernosete.com.br



sexta-feira, 4 de março de 2011

Vamos Sacudir a Poeira Neste Sábado. O Carnaval Chegou.




O Melhor do Carnaval de Salão com Andréa Ramos 
e Victor Biassutti No Wunderbar.

Curtam a coluna de vídeos ao lado com JRoberto Kelly.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Érico Cordeiro no Wunderbar.


Dia 25 de março, sexta feira,a partir de 19h30m, lançamento do livro de Érico Cordeiro "Confesso Que Ouvi", no Wunderbar, esquina da avenida Rio Branco com Chapot Presvot, Praia do Canto, Vitória.

quarta-feira, 2 de março de 2011

HERE'S THAT RAINY DAY QUE NÂO CHOVEU.

LARRY CARLTON, PARABÉNS PARA VOCÊ.





                                             LARRY CARLTON. (02/03/1948)

Larry Carlton faz parte de uma geração de guitarristas que increveram seus nomes como pós modernos, fiéis à guitarra clássica mas nunca deixando de experimentar, como é o caso de John Scofield e  Lee Ritenour. Carlton consolidou sua carreira ao tocar com o Steely Dan , os Cruzaders, de Joe Sample , o Fourplay e também com Joni Mitchell e Michael Jackson. Dono de um toque ácido mas sem perder a suavidade em seus solos, muito pela sua declarada influência de Barney Kessel e Wes Montgomery. Larry Carlton assumiu sua personalidade ao dedicar-se ao estilo fusion carregado de blues.
Em 1988 Carlton foi vítima de uma bala perdida quando estava no interior de seu estúdio, em Burbank, California, bala essa que atingiu suas cordas vocais, obrigando-o a um longo período de recuperação. Após o trauma ele fundou uma ONG, HIP- Help Innocent People, para ajudar vítimas de balas perdidas. Pela elegância de seu toque podemos considerar Larry Carlton um gentleman da guitarra.

terça-feira, 1 de março de 2011

Parabéns, Rio. Feliz Aniversário.

GEORGE VAN EPS Para VICTOR BIASSUTTI.


                                          George Van Eps ( 07.08.1913 -29.11.1998)

Van Eps foi um inovador. Tratava a guitarra como um simples aparelho doméstico, assim como seu conterrâneo Les Paul, aliás, introdutor da guitarra elétrica, perdão, do violão eletrificado. Os solos de Van Eps caminhavam com acordes, não com notas soltas, isoladas. Ele introduziu a guitarra de sete cordas:  na verdade ele foi  o Seven-String Guitar Man. Van Eps tocou desde Benny Goodaman até Paul Weston. Influenciou guitarristas como Charlie Christian e Django Reinhardt. Van Eps fez de sua vida um enorme amor à música e particularmente à guitarra. Um mestre.

HISTÓRIA DA BOSSA NOVA EM VITÓRIA - Parte 2.



                                                  História da Bossa Nova em Vitória - Parte 2.
                                                                                           Rogério Coimbra.




Nossa cidade é impar e é par. Contraditória em seus ventos, sul e nordeste e com parcos moradores naquele tempo do início dessa música encantadora. Era em torno de 50 mil habitantes. Ouviu-me? Leu-me? 50 mil. O congo e a casquinha de siri eram exclusivos de quintais do entorno. Quem introduziu a casquinha de siri para a classe média foi Cirilino,que havia sido chefe do bar do Iate Clube e que depois assumiu o comando do lendário bar Miramar na Praia Comprida, em frente ao trampolim. Cirilino foi o primeiro a expor num balcão de bar salgadinhos como coxinha de galinha, empadas de camarão e a desconhecida casquinha de siri. Enquanto isso a muqueca era uma iguaria exclusiva das casas de família, em qualquer nível. Muqueca em restaurante só em ocasiões especiais ou para visitantes e somente no restaurante São Pedro ou na casa de Dona Sarah, ambos na Praia de Suá, ou no próprio bar Miramar, então ainda sob o comando de Walter e Antônio. Os pescadores chegavam com seus peixes na praia do Canto e o cação era rejeitado, o baiacu amaldiçoado e o linguado, a maria-sapeba, ignorado. Diversidade em Vitória ? Difícil, estava tudo malocado. A ponga era uma instituição pois os carros eram poucos: raramente um adulto permanecia por muito tempo nos pontos de ônibus ou de bonde pois era imediatamente recolhido pelos poucos privilegiados motoristas para serem levados aos seus destinos: centro da cidade ou o aglomerado de bairros da zona norte. A jornalista Ana Nahas ouviu de Cariê Lindenberg:

Minha filha, não tinha nem paralelepípedo nem asfalto, era tudo chão de terra, entendeu? As pessoas de fora adoravam. A cachorrada começava a latir e a gente cantava umas músicas bonitas para acalmar. Era um negócio inusitado o pessoal cantando na rua.

Com seu ar bucólico, típico dos anos 60, Vitória soube bem à época, abrigar uma saudável energia que emanava da então onda musical que se estendia pelo país: a Bossa Nova. A nova música surgira no final dos anos 50, filha do samba, porém mais cândida, leve, mas não tão ingênua, pois sabia chegar perto das pessoas, cativá-las e deixar sua mensagem, transparente e ao gosto de corações que descobriam uma nova vida, assim como o próprio país descobria o seu crescimento. Nas inquietações das metrópoles, ou seja, na agitação do Rio de Janeiro ou de São Paulo, qualquer busca de sossego encontraria em Vitória a serena morada para um repouso revivente.


 Em seu discreto silêncio Vitória já fora berço de nomes importantes para o movimento como Roberto Menescal ou Nara Leão e por pouco, de Maysa, pois seus pais eram capixabas.


 É falado que foi em Vitória que Menescal tangeu seus primeiros acordes no violão que lhe daria fama depois; afinal nativos como Evanilo Silva, Moacir Barros, Cariê Lindenberg, Jorginho Seadi, Afonso Abreu, Carmélia de Souza, José Maria Ramos, entre tantos, só seriam motivo para se fazer e curtir música. Foi o sossego discreto de Vitória que permitiu que em 1962 para cá viessem Maysa, Ronaldo Bôscoli, Luiz Carlos Vinhas, Bebeto Castilho e o próprio Menescal para ficarem meses a ensaiar para uma grande turnê nacional. Cariê foi amigo e companheiro de canções de Newton Mendonça desde seus tempos de serviço militar no Rio, amizade que perdurou até a última hora.


 Eram amizades e interesses em comum e Vitória tornava-se a hospedeira gentil de poetas e cantadores. Era para Vitória, graças às amizades do  Cariê , e de Luiz Paixão e sua irmã Sônia, que vinham amigos como Geraldo Vandré, Silvinha Telles, Sergio Ricardo, Bené Nunes, Vinicius de Moraes, o Carlinhos Bruno, irmão de Lenita Bruno, pioneira de gravações das composições de Tom e Vinicius e, por que não citar, Diza, filha do compositor Oswaldo Santiago,a musa que ganhou o famoso tema de Johnny Alf com seu nome. E ela foi ciceroneada por Luiz Paixão que, como bom guia turístico à época, sem possuir automóvel, não se constrangeu em atravessar a baia num pequeno bote a remo até Paul, e pegar um bonde para mostrar à Diza as belezas da Praia da Costa. (continua).




Texto original na Revista do Festival Vitória Bossa Nova (2008)




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