Vitória continua a mesma. Evidente que a ilha não se estendeu. O município sim, no sentido vertical e os carros se amontoam loucamente. Há algum tempo atrás Camburi era de Serra, bem como a área onde hoje está o campus da Universidade Federal. Sou do miolo da ilha. Nasci na Praça Costa Pereira, cercado por teatros e cinemas, clubes, hotéis, bondes, sorveterias, caldos de cana com pastel, palmeiras e um barulhinho gostoso do cais, quando o mar arrebentava na maré cheia contra as pedras, atrás do teatro Glória. Hoje meu temor é outro,além daquele de encontrar alma nas ruas desertas, aliás, característica que permanece na atual Vitória, noites com ruas desertas. São os vivos que hoje me assustam. Mas continua a mesma Vitória. A ilha do Frade já foi do Lemote, do Percy, do Zé Moraes, mas voltou a ser ilha do Frade. Em Vitória é assim, muda hoje e volta depois ao que era antes. Hoje é Vitória do congo, da panela de barro, da muqueca e como sempre foi, a Vitória do poderoso vento nordeste que a acaricia diariamente, assim como a acariciou a Bossa Nova naquele tempo; é até chamada de Ventória Nenhum famoso se fixou por aqui, nenhuma música foi composta em sua homenagem por aquela turma. Restou muito carinho.
Mas a Bossa Nova deixou seu rastro e não é difícil encontrar nos bares da noite, ou em gravações recentes, a forte influência de estilo que até hoje percorre o mundo. Vozes como a de Ester Mazzi, Elaine Gonzaga, Andréa Ramos, Márcia Chagas, Ava Araujo, Tammy, entre tantas, ou instrumentistas como Victor Biassutti, Pedro Alcântara, Afonso Abreu, Marco Grijó, Roger Bezerra, Paulo Sodré, os irmãos Rocha e os irmãos Paulo, entre muitos e muitos, confirmam que a Bossa Nova está viva entre os capixabas.
Lembro agora do episódio que contou Cariê no qual teve um encontro inesperado com Silvinha Telles, anônima em Vitória, acompanhada de Candinho, seu ex-marido, na boate do clube Vitória . Surpreso, juntou-se ao casal e os levou depois para saborear uma galinha ao molho pardo no antigo restaurante Mar e Terra, o único a ficar aberto nas madrugadas de Vitória. Claro, que não poderia faltar um violão naquela mesa. Depois de várias canções, e que belas canções não devem ter cantado, um freguês, notadamente embevecido com a voz de Silvinha Telles, resolveu afinal levantar-se e a ela dirigir a palavra: Como a senhora canta bem. Que voz. Se a senhora permitir, tenho um amigo na rádio Espírito Santo a quem posso apresentá-la. Tenho certeza que ele vai contratá-la!
Já imaginou? Sivinha Telles e Maria Cibelli no "cast' da Rádio Espírito Santo!! Coisa de louco. Valeu Rogério e, aguardamos novas "historinhas" da bossa nova aqui na Ilha.
ResponderExcluirOlá Rogério,
ResponderExcluirSempre ótimos os capítulos da sua novela História da Bossa Nova em Vitória.
CONTINUE!!!
E fico honrado, feliz, exultante, em ser citado num dos capítulos. Muito obrigado.
E vamos continuar na Bossa. Ela continua presente.
Sábado passado, tocando no Wunderbar com Andréa e Eliane, precebemos um casal de jovens, talvez na faixa dos 20 anos, cantando conosco todas as bossas.
É muito bom presenciarmos essas manifestações.
A Bossa continua eterna.
Abração, Victor.
Mestre João Luiz:
ResponderExcluirAs historinhas estão acabando. Na próxima edição fechamos o ciclo.
Bem que a Silvinha Telles poderia ter ficado por aqui, né?
Um grande abraço.
Caro Victor,
ResponderExcluirVocê é a personificação da continuidade da Bossa Nova. Seu balanço semanal na guitarra é marca da legítima Bossa que por aqui passou.
Continue sempre com sua música.
Parabéns e um grande abraço.
Na próxima a gente encerra essa série de historinhas.
Um abração.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá Rogério, adorei ler seu texto pois também aprecio muito a música popular brasileira, especialmente a bossa nova. Aliás, estou iniciando os preparativos para o lançamento do meu CD, e neste trabalho, que é a minha estreia na música, gravei duas bossas de minha autoria e também sambas, dentre outros estilos. Gostaria de enviar meu CD para você. Caso queira conhecer meu trabalho, mande-me um e-mail, meus endereços eletrônicos são andra.mara@bol.com.br ou andra_valladares@hotmail.com . Um abraço
ResponderExcluirOlá Rogério.
ResponderExcluirPor indicação do Vitor Biasutti conheci hoje seu Blog, e o leio desde Augsburg, na Alemanha, onde estou a trabalho.
Histórias interessantes, por quem as sabe contar e boas músicas, são eternas. E que belo texto você nos trouxe.
Abraços deste seu novo leitor.
Ary Leonardo Ferreira.
Grande Rogério!. Alma viva da nossa musica.
ResponderExcluirSerá que perdi aquela história do nosso querido Afonso Abreu que ao tocar no Iate Clube, teve a surpresa de, voltando do toalete, avistar o seu baixo acustico navegando como um barco?.
Abração .
Vivissima meu caro amigo Coinbra , Vitoria tem uma bela historia na bossa nova dentro do Brasil , eu como carioca reconheço isso , grande abraço e parabens a o meu cd esta aqui para presentea-lo ...
ResponderExcluirOlá Andra !
ResponderExcluirVocê tem nome de artista. Estou curioso sobre seu trabalho; não me furte de conhecê-lo.
Fico feliz por sua visita.
A gente se liga e espero ansioso seu CD.
Um abraço.
Meu caro Ary:
ResponderExcluirFico feliz em saber que você gosta de música e, nas alturas. Já que você está vez ou outra no hemisfério superior, terra do meu Beethoven, que já fazia Jazz e ninguém percebia, é uma honra tê-lo lendo nossas historinhas.
Um grande abraço.
Grande Anônimo:
ResponderExcluirQuem é você ?
A historinha do baixo do Abreu navegando está na Parte XIII. Você pode acessá-la através do Arquivo do Blog, na coluna à esquerda.
Revele-se e volte sempre.
Um abração.
Daniel Dias, o sopro mais suave e abrasivo do Espírito Santo.
ResponderExcluirQuanta coincidência. Estou ouvindo, quando abri a internet, o Nota Jazz de 1995.
É um grande prazer saber que você, além de ser um dos nossos maiores músicos, gostar de navegar na web.
Seu CD ? Caramba ! Quero conhece-lo. Como posso conseguí-lo ?
Concordo que a Bossa Nova sempre esteve viva entre nós.
Um abraço carioca. Obrigado pela visita.
Rogerio não demore tanto a postar seus capítulos. É sempre muito prazeroso acompanhar esta história. Abraços, Elisa
ResponderExcluirEssa série não poderia ter sido encerrada!!!
ResponderExcluirProtesto!!!