O sonho acabou, os tempos da
bossa também, mas Victor Humberto acha que não. Meus colegas de música também
brincam, mas, onde estamos nós?
Oi, oi, oi, você aí. A bossa
é nossa e o Oi, oi, oi é de todos. A música brasileira transformou-se tanto que
não dá conta do seu próprio recado. Somos muitos mas a Bossa está quieta no
lado esquerdo do peito, bem como as Modinhas e Toadas de Tarcísio Faustini ou
as Canções Universitárias de Rogerinho Borges.
Nossa música, hoje, em sua
maioria, são marchas, forrós latinos e muita chula chorona. Claro que nossos
cantos gilbertianos ou orlandianos persistem bem como o
espírito de Antônio Brasileiro ou de Alfredo Viana. Mas permanecem as marchas
baianas e o forte sotaque latino, que nunca nos abandonou desde a habanera,
mesmo que o pessoal universitário, do pagode e do sertanejo, não se dê conta
disso.
Recentemente nossa presença
no encerramento das Olimpíadas foi ofuscada pelo sistema sonoro vigente; quem
poderia competir com a energia de velhos roqueiros soltando gogó no mais alto
registro vocal? Seu Jorge, Marisa Monte ou outros intimistas? Foi quase uma
bossa nova competindo com o rock inglês. Olimpíada é isso, é renovação,
superação. E a música brasileira caminha também em altos brados. Quem renovará?
Não sei. Qual seria a seleção de futebol? Não sei. Só não vale ficar dando
porrada em bananeiras só porque deu certo para poucos.
Tudo está em seu lugar, a bossa,
a roça, o grito. Não há nada de errado quando nossa música marcha sob forte
batuta caribenha ou brada sentimentalmente seus reclamos. A hora é de recuperar
a gentileza e subir um tom, subir um degrau do pódio. Temos que voltar a ser
gente e cantar alto e bom som.
Quanto ao Victor Humberto
tenho certeza que seu incansável ofício diário em nos contagiar com sua música
permitirá que boas e novas histórias da bossa sejam construídas.
Assim caminha a humanidade.
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