Quando criança ouvi “Chega de Saudade”, decorei a canção e voava na minha bicicleta repetindo, sem parar, peixinhos, abraços e beijinhos, o pato cantando na lagoa e o trevo no jardim. Sidney Miller e Paulo Thiago me ensinaram fazer o tal negócio da puxada do violão. Soube então que você fazia com 4 dedos. O mito nascia para mim.
Minha irmã disse que você e Astrud foram à minha casa, em Vitória, vizinha dos tios do Menescal, Álvaro e Noêmia Batalha Soares, e na varanda cantaram. Eu não estava lá mas sempre ficava tentando descobrir se ainda havia um tênue eco alojado nas brancas paredes abençoadas. Procurei esse eco por um longo tempo e sempre pedi à minha irmã para repetir a historinha.
A juventude que aquela brisa lançava sobre o mundo sabia que a bossa nova seria a companheira da felicidade, da paz, quem sabe da eternidade. Ela seria construída com dois pilares centrais, você e o Jobim, tendo nas extremidades desde o Caymmi, Bonfá, até o Johnny Alf e mesmo o Cartola e Geraldo Pereira, o Menescal e Carlinhos Lyra. Pela ponte passou o samba, o samba canção e seguiu com a bossa rumo ao mundo. Assim, estamos hoje pra lá e e pra cá na cadência do samba, um emblema nacional.
Você quando acaricia cada nota e a faz rir, e ir, pra frente e pra traz, com a melodia, a gente se sente num carrossel mágico, girando, girando, em volta da terra. Você criou uma nova estética, uma nova textura sonora. E só você consegue a transmutação para uma terceira entidade ao unir sua voz ao violão. Chega de saudade, chega de papo.
É muito bom ter entre nós, neste país, com tantos expostos duvidosos, uma figura pública (!) como a sua, em plena energia aos 80. Esquisito ou não, você é o bom, é o bom, é o bom, Bim Bom. Parabéns para você.
João Gilberto é o maior cantor do Brasil, tem uma divisão ritmica no violão que só ele sabe fazer, é o pai da Bossa Nova, Foi João quem me ensinou a cantar (com notas lisas, sem vibrato). Adoro João, amo a Bossa Nova. João é meu gurú e tenho muita saudade das inúmeras noites em que conversávamos pelo telefone.
ResponderExcluirParabéns, João! Feliz Aniversário e muitos anos de vida!
Um abraço
EsterMazzi
Uma gracinha ele com o violão, parecendo um brinquedinho. E o ritmo ´frenético, uma máquina.
ResponderExcluirConheço muito pouco sobre ele.
beijão.
Então Coimbra, João Gilberto desde criancinha...
ResponderExcluirÉ de fato um grande artista, único,sempre imitado, nunca igualado.
Bem que a Santa reparou na batida dele ao violão, frenética, de fato.
Super legal ele estar em atividade.
Um abraço.
Ernani Salles
Que belo texto, Rogério. Parabéns! Você conseguiu expressar o sentimento de milhares de ouvintes. Também tenho orgulho em ter o João Gilberto como nobre representante da cultura do nosso país tão maltratado por certas elites e inimigos do povo. JG é moderno, sensível, vanguarda, é brasileiro e é universal. Enfim, é o Brasil que deu certo. Sds
ResponderExcluirQuerido Rogerio, sua admiração por João Gilberto desde criança já prevendo o mito musical produziu um texto muito saboroso. Parabéns a você e a João Gilberto.
ResponderExcluirAbraços, Elisa
Caro José Roberto:
ResponderExcluirPartindo de você um comentário sobre nossa postagem, é para mim, lisonjeiro, e para todos, uma contestação de sua sábia visão sobre nossa música, tendo em vista seu conhecimento, experiência, e, sobretudo, bom gosto.
Seja sempre vem-vindo.
Um forte abraço.
Ester Mazzi,
ResponderExcluirSua admiração por JG é velha conhecida, como sua música, "Notícias de Paris", que diz:
"Sozinha no meu quarto
fumando meu cigarro....(..)
ouvindo um som, a la João e Tom..."
Um abração !
Minha Santa, minha Elisa e meu caro Ernani,
ResponderExcluirProcurem os últimos registros do JG, curtam, e esqueçam a velha bossa nova. A vida continua, mesmo aos 80.
Obrigado pela visita de vocês.
Abrações.
Olá Rogério,
ResponderExcluirLindo o seu texto sobre João Gilberto.
Abrangente, profundo, musical, pessoal, político...
Os ídolos que não temos mais!
Não o chamaria de "esquisito", mas de "exigente".
Boas as observações de Ester, Santa, Ernani, José Roberto e Eliza. Para a Santa, da "máquina", eu diria que sempre será tempo de conhecer mais sobre João Gilberto.
Parabéns e abraços,
Victor Humberto
Tive sorte de , nos idos de 1974/1975, ter no Colégio Estadual (Vitória-ES) um professor de Química que muito nos incutia o gosto não somente para a Tabela Periódica,mas,sobretudo,para a Bossa Nova. Diziam ter ele um programa na Rádio Espírito Santo. Já não mais seu aluno,passei a acompanhar os seus programas. Era Edson Silva o seu nome. Gostávamos muito dele. Figura leve até fisicamente. Sutil, ele, como as participções frasais do João Gilberto. Inesquecível EDSON , musical até no nome. Muita luz nos apontou. (Marcos Tavares)
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