segunda-feira, 11 de julho de 2011

WILLIS CONOVER: UM DOCUMENTÁRIO ABERTO PELO APÓSTOLO JAZZ.(final)








Durante a IIª Guerra Mundial e servindo em Washington, Conover visitou uma cantina onde os soldados podiam dançar (Parque Lafayete, em frente à Casa Branca), mas que por sua sensibilidade já adquirida, as gravações irradiadas mal serviam para dançar já que eram com a orquestra de Kostelanetz e assemelhadas.  Conover falou com a Diretora de palco e passou a escolher entre os discos disponíveis os que sabia serem melhores  -  os soldados ficaram entusiasmados e a Diretora perguntou-lhe:  -  Onde aprendeu sobre esse assunto ???    Conover disse-lhe que trabalhara em rádio antes de alistar-se nas Forças Armadas, ao que a Diretora informou-o que seu marido era Gerente de uma emissora e que em poucos minutos viria acompanhá-la.   Assim Conover foi apresentado ao Gerente da WWDC, informado de que ele necessitava de pessoal (seus funcionários pouco-a-pouco estavam alistando-se) e, contratado de imediato, passando a trabalhar algumas horas por semana.

Conover havia ingressado nas Forças Armadas em 1944 e, quando deu baixa em 1946, passou a trabalhar na WWDC em tempo integral, até começar a produzir e apresentar o “Voice Of América”.     O início das gravações do programa (“VOA”) ocorreu em dezembro/1954 e o início das transmissões em janeiro/1955, com 02 horas de duração por programa.

Em 2005 e por ocasião dessa entrevista com Mike Baker, o “Voice Of América” ainda constava de 16 programas por semana (com duração de 45 minutos por programa).     

Conover comentou sobre a admiração de Stravinsky pela obra de Duke Ellington, em função de entrevista pessoal que manteve com o mesmo (Stravinsky havia chegado aos U.S.A. para apresentar-se regendo a Orquestra Sinfônica Nacional e Conover entrevistou-o no hotel onde estava hospedado).    Em função dessa admiração, Conover convidou Stravinsky para apresentar seu programa radiofônico das segundas-feiras sobre Ellington, convite recusado pelo grande maestro, que afirmou nunca falar em público sobre seus contemporâneos.      Tempos depois e conversando com Ellington, Conover contou-lhe o ocorrido, ao que Ellington falou:  -  Stravinsky disse que sou seu contemporâneo ????  Uau !!!...

Conover referiu-se a certos modismos, afirmando que “fusions”, “punk rock”, “country”, “new age”, as “40 mais” e todas essas “ondas”, são superficialidades descartáveis e que não têm como resistir ao tempo.   Ele, Conover, prefere música não tão marqueteada, mas mais profunda.

Conover foi convidado pela 1ª Dama (esposa de Lyndon Johnson) para apresentar programa sobre o quarteto de Dave Brubeck, na Casa Branca, em recepção para o Rei Hussein da Jordânia, com a presença de inúmeros convidados do Presidente.      A 1ª Dama gostou do resultado e passou a convidá-lo para outras apresentações na Casa Branca.

Por ocasião dos 70 anos de Duke Ellington (29/abril/1969) Conover preparou a homenagem para o  mesmo na Casa Branca (gestão de Richard Nixon).    Ellington preparou sua lista de convidados, mas seguiu convidando mais amigos para a festa;  Conover teve que pedir à irmã de Ellington para que ele parasse de convidar outros amigos, já que não caberiam todos no Salão Leste da Casa Branca e, afinal, como a festa era do Presidente, este poderia ter seus próprios convidados.    Em foto dessa ocasião podemos identificar, entre outras presenças, as de Jim Hall, Paul Desmond, Billy Taylor, Joe Williams, Stan Getz, Hank Jones, Earl Hines, Gerry Mulligan, Clark Terry, o próprio Ellington e J.J.Johnson, ladeando Nixon e a 1ª Dama.

Mike Baker comenta sobre o espírito criativo do músico de JAZZ, o que permite a Conover discorrer sobre o processo criativo no JAZZ e sobre a alta qualidade da música de JAZZ.

Conover passa a comentar sobre a contribuição americana para o mundo, exatamente pela música de JAZZ, já que o povo americano é o resultado de uma mistura de várias culturas e origens, verdadeiro caldeirão cultural que permitiu a criação do JAZZ.

Ao longo dos restantes minutos do documentário e enquanto Conover e Mike Baker trocam as últimas considerações, desfilam na tela fotos do radialista com Armstrong, Ellington, Bing Crosby, Oscar Peterson, Billy Taylor, Roy Eldridge e outros.

É documento importante pelo que retrata a largos traços a figura, a trajetória e as opiniões de um dos grandes defensores e divulgadores da ARTE POPULAR MAIOR, o JAZZ.


Pedro Cardoso
Resumo em maio de 2011
Este texto foi gentilmente disponibilizado por Pedro Cardoso, o Apóstolo Jazz, que me insinuou a sempre escrever JAZZ, assim, em caixa alta. Obrigado.

7 comentários:

  1. Curioso e cheio de dicas.
    Parece coisa de cego, quando alguém narra a imagem.
    Mas, bacana esse amor que vocês têm ao jazz.
    E ao que parece, um longo, longo tempo.
    Amo jazz e vocês.
    Beijão.

    ResponderExcluir
  2. Uma parceria maravilhosa: Apóstolo, coimbra e Willis Conover.
    Para ler e guardar com todo carinho!
    Grande abraço e parabéns por esse reforço de peso!
    Que venham mais textos...

    ResponderExcluir
  3. Mestre Cordeiro,
    É sempre uma honra tê-lo como leitor, bem verdade, leitor do Apóstolo.
    Aproveito para reiterar o prazer que tenho tido em acompanhar suas resenhas e, a cada dia, comentários sempre ricos e informativos sobre o JAZZ. Agora só escrevo JAZZ assim, em caixa alta, influência do Apóstolo; afinal se escrevemos Deus com maiúscula porque também não o JAZZ, da mesma forma maiúsculo e divino.
    Um grande abraço.

    ResponderExcluir
  4. Minha Santa,
    De fato a intenção era essa, descrever imagens, porém, ao que tudo indica, o autor deverá fazer uma cópia digital do documentário e disponibilizá-lo na web.
    Continue a nos amar.

    ResponderExcluir
  5. Em tempo, se é que o há = a presença de Willis Conover como "mestre de cerimônias" no "American Jazz Festival" (1961, Teatro Municipal do Rio de Janeiro), foi uma das melhores lembranças que guardei da época já que, apenas acostumado a ouvir sua vez no "Voice Of America", vê-lo no palco foi uma satisfação enorme. Mesmo localizado em posição privilegiada e podendo ter acesso aos camarins (à época meu avô materno, Comendador Pedro Lauria, era o Administrador do Teatro Municipal), não tive acesso ao Conover; uma pena !
    Mas ficou a lembrança da presença de quem ajudou a abrir-me as portas do JAZZ.

    ResponderExcluir
  6. Por favor, onde se lê "Anônimo", leia-se "Apóstolo".

    ResponderExcluir
  7. Apóstolo,

    Agradecemos pela correção e por mais conhecimento.
    A sua palavra sempre estará nas alturas.

    Em tempo: concordo com o mágico som do old jazz do Idris.
    À primeira nota,no último show ao qual assistimos, tudo mudou.
    Minha companheira me catucou na poltrona e observou: "Mudou o quê ? Tá diferente !"

    Um abraço;

    ResponderExcluir