segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

DOMINGO VIROU SÁBADO.





Escutem Rogério Borges cantando Pedro Caetano enquanto leem.




Domingo Virou Sábado.


                                                Rogério Coimbra.


A queixa é recorrente: Vitória é uma cidade fantasma aos domingos, parte porque sua pequena população procura as praias, ou então permanece em suas casas. A razão é o comércio fechado, e não há circulação de pessoas nas ruas. Não me surpreendeu a notícia de que a escritora Jeanne Bilich tenha sido assaltada na Praia do Canto numa manhã de domingo. Ela relatou o fato numa crônica e que saiu contrariando a si mesma pois era norma sua nunca sair aos domingos.

Acredito que o sábado está substituindo o domingo em Vitória: agora a semana do capixaba tem seis dias.

Estou em 1965, em Vitória. Oscar Neiva, emérito boêmio dos anos 50, abriu uma boate chamada Cave,em frente aos cinemas Vitorinha e Odeon, na avenida Capixaba. Como bom provinciano imitando o Little Club do Beco das Garrafas do Rio, onde havia matinê de jazz para os menores e idade, promovi por muitas semanas matinês na Cave. Carregava aquela tonelada de LPs sob os braços e tinha o prazer de ouvi-los numa amplificação profissional. Aos domingos tínhamos também as famosas domingueiras dos clubes Vitória e Álvares Cabral.

Hoje, aos domingos, impera a sensação que os marcianos estão chegando e todos estão abrigados nos shoppings. Por sua vez, os sábados têm sido animados, com cara de domingo Somente no Bar Maravilha na esquina de Rio Branco com Chapot Prevost, há dois shows: um instrumental, às 17 hs e outro vocal, às 20 hs. No mais recente encontrei mais uma vez meu guitarrista preferido,  de base firme, Victor Biasutti, amenizando o calor das tardes  com seus acordes, dessa vez com  o soprador Salsa e o confrade de cordas Pedro Oleare. Eles iam emendar com a cantora Marcela Lobo. E alguns combinavam outras alternativas de programas para aquele sábado. Lembrei do vídeo que está circulando no You Toobe com Kátia Rocha cantando à mesma hora, no mesmo lugar, porém ela na calçada com seu cãozinho. Tempo encerrado, conta paga, voltei para casa. No meu retorno vejo a Kátia de novo com seu cãozinho circulando na redondeza. Indaguei-me se ela cantaria de novo na calçada. Mas com a Marcela Lobo lá? Vai, nada, pensei, isso é briga de cantora grande. Fui dormir para acordar na segunda-feira, pois o domingo não existe, a gente pula. Nossa semana agora tem seis dias. Será que a gente vai viver menos?

3 comentários:

  1. Valeu Coimbrão... Vitória é assim mesmo, um porto cheio de piratas.

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  2. Rogerio: pra espanar a inércia é preciso levantar a auto estima do tímido capixaba. Quantos músicos fantásticos- vários partiram HeitorTP, BrunoMangueira, MarioB, BrunoLeão, RobertoMenescal. Aqui em Vitória temos grandes músicos e citá-los seria infindável. No Maravilha assisti shows que nada ficam a dever a shows da Modern Sound ou TomTom. Ao lermos "Viagem ao Espirito Santo-D.Pedro II ou 1808 veremos os registros da nossa timidez e inercia. Que qué isso minha gente.?? Podemos ser felizes sem pecar. Vamos aos shows. ClovisCastelloMiguel

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  3. Pois é meu caro Clóvis, estamos fadados ao isolamento; talvez daqui a 100 anos a coisa mude, quando pré sal se esgotar.

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