segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

PEDRO CAETANO


PEDRO CAETANO.




O que se leva desta vida é o que se come, o que se bebe, o que se brinca, ai, ai...Eu nada tive e o que tenho nesta vida, são as ruas pra andar, mas meu consolo é que esta gente que tem muito, no caixão não vai levar porque não pode carregar   
                                  



 Com esses versos o compositor Pedro Caetano bem resume sua visão de vida, uma maneira simples de existir mas com toda paixão, com liberdade e despojamento, a verdadeira essência do joie de vivre. Essa filosofia também se reflete em “Com pandeiro, ou sem pandeiro, eu brinco/ Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco...Tudo se acaba na vida, morena querida, se meu dinheiro acabar, eu brinco”. Para o jornalista e escritor João Máximo essa marcha é uma das mais alegres da história do carnaval carioca. Em artigo em 18 de janeiro passado em O Globo, João Máximo questiona que de um talento tão grande era de se estranhar que ele fosse tão pouco lembrado no centenário de seu nascimento. Isso no Rio de Janeiro; e no Espírito Santo?

Pedro Wade Caetano nasceu em 01 de fevereiro de 1911 numa fazenda em Bananal, São Paulo, indo aos três anos para outra fazenda, em Marica, RJ; aos doze anos foi para a capital para trabalhar numa sapataria, sempre com a mania de fazer música. Foi num ambiente carioca nos anos 20 que Pedro Caetano fez-se impor com seus sambas e marchinhas tendo sido gravado pelos melhores intérpretes que a nossa música conheceu.
Conheci Pedro Caetano quando passou a residir em Vitória, nos anos 1978; ainda desconhecia a dimensão de sua obra, limitando-me a “É Com Esse Que Eu Vou”, com Elis, “Nova Ilusão”, com Paulinho da Viola, “Foi Uma Pedra Que Rolou” e “Maria Madalena”, com o Céu da Boca e“Cineangiocoronariografia”, com Nara Leão, e claro, “Guarapari”. Convivendo com ele fui aos poucos me encantando com a sua força criativa, suas histórias e sua alegria. Era seu jargão ao cumprimentar os amigos, a saudação: “tudo te aborrece, nada te incomoda?”

Em Vitória encontrou o companheirismo de Afonso Abreu, que foi seu parceiro em “Leve seu Barco”, Rogerinho Borges, Achiles Siqueira e, fora da área de música, a amizade do empresário David Cruz, desde os anos 1950, quando se conheceram em Cachoeiro de Itapemirim e que o assistiu até seus últimos momentos, em julho de 1992. Por ter-se apaixonado por uma italiana criada no Espírito Santo, Rosa Provedel, foi que Pedro Caetano também apaixonou-se pelas terras capixabas e fez dezenas de homenagens aos municípios capixabas, começando por Gurapari, depois Cachoeiro, Vitória, Campinho, Colatina, Jacaraipe, Marataizes, Santa Tereza, Linhares, por aí afora, tendo sido o seu maior desafio compor para São José do Calçado devido ser um nome sem poesia, como costumava dizer. Mesmo não sendo oficial, o povo identifica a marcha “Cidade Sol” como sendo o hino de Vitória.

A obra de Pedro Caetano merece ser revista e revirada. Não bastam efêmeros shows e passageiras homenagens. A ocasião é para algo permanente. Nada ainda foi anunciado mas o Governo pelo menos deve relançar em CD as gravações alusivas aos municípios capixabas. O estado tem essa dívida com Pedro Caetano.

           

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