Villa-Lobos , Sempre.
Confesso que me escapou a data de comemoração dos 120 anos de Heitor Villa-Lobos, dia 05 de março último. Aliás, não me lembro de ter visto na mídia nada a respeito a não ser em A Gazeta, em matéria assinada pela sensível Gisele Arantes, mas o assunto me foi alertado por Nenna, sempre ligado. Verdade, verdade, eu é que ando mesmo meio desligado da mídia oficial, a não ser aquela que se estampa na tela do meu monitor. Por isso é que se chama a outra mídia de alternativa, como o é o site www.taru.art.br.
Heitor Villa-Lobos vai além da música: ele passa pela cidadania do brasileiro, tendo sido capaz de introduzir o ensino da música na rede oficial de ensino da década de 40 (já abandonada). Pobre brasileiro que pouco sabe de si mesmo, mas que teve entre os seus um homem da envergadura de Villa-Lobos cuja obra é a síntese do povo brasileiro e de seu ambiente, sempre em constante ebulição. Assim é a música do Villa: ebulitiva.
Para ilustrar o artigo de Nenna, com a importante revelação de que a peça Choro nº 12 teve elementos básicos na sua concepção a partir de pesquisa do mestre em solo capixaba, e somar mais informações ao privilegiado leitor de Taru, transcrevo abaixo trecho de livro de José Louzeiro que cita a passagem de Villa-Lobos pelo Espírito Santo.
“Villa-Lobos começou sua viagem por Vitória, no Espírito Santo. Impressionou-se com a beleza do vale do rio Doce, os rouxinóis, curiós e pintassilgos, com os beija-flores. Pelegrinou de cidade em cidade, tocando violão, ganhando uns trocados e conhecendo pessoas, ouvindo os músicos de cada lugar, participando das danças dos caboclos e de suas cantorias, como nos tempos em frequentava a pedreira da Glória, onde as meninas brincavam de roda e cantavam ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar...
No caderno de viagem e na vaga da pensão mais ordinária, fazia anotações. Recolhia letras de cantigas, registrava os falares dos camponeses e pescadores, com suas canções de trabalho, procurava descrever certos instrumentos musicais, produzidos em madeira ou casca de coco, divertia-se com o fenômeno do eco, na grande extensão do vale, demorava-se nas feiras livres de Vila-Velha, Cariacica e Cachoeiro de Itapemirim. Relacionava-se com os imigrantes suíços, alemães e açorianos, aventureiros como ele, que lá estavam para enriquecer com os frutos da terra, enquanto o futuro compositor pretendia fazer fortuna cultural, a partir da musicalidade daquela ensolarada região.
Após alguns concertos em casas de ricos fazendeiros com músicas dele próprio e dos chorões, seus companheiros, pôde comprar uma passagem de terceira classe e seguir navio para Salvador, na Bahia.”
(José Louzeiro – “Villa-Lobos, O Aprendiz de Feiticeiro” – Ediouro, 1998 – págs. 41 e 42)
(José Louzeiro – “Villa-Lobos, O Aprendiz de Feiticeiro” – Ediouro, 1998 – págs. 41 e 42)
Rogério Coimbra.
Texto publicado no site TARU, em 22/03/2007.
Villa, sempre, é isso mesmo. Ele precisa ser mais executado, divulgado.
ResponderExcluirOrlando Silva.