sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

DOMINGUINHOS AMANSOU YAMANDU.


                                    Dominguinhos amansou Yamandu.

Tive a sorte de assistir ao programa Sem Censura da TV Brasil no dia 04 de fevereiro. Leda Nagle entrevistou Dominguinhos e lá estava o indomável Yamandu Costa. Sempre tive um pé atras em relação a esse violonista gaúcho. Desde a primeira vez em que o ouvi, e por muitas vezes, sempre me incomodou sua inquietação em disparar como metralhadora um sem número de fusas e semi fusas, mutilando literalmente a estrutura melódica das músicas. Irritante, além de ser arrogante. O inverso do cara é o coroa conhecido por nós como o doce e manso Dominguinhos.

Dominguinhos contou sua vida no programa em poucas e boas palavras, sua trajetória com delicadeza e flagrante generosidade. Aos treze anos chegou no Rio e seu pai logo procurou Luiz Gonzaga que se tornou o protetor do menino. Chamavam-no de Neném, Neném do arcodeom.  Dominguinhos conta que o início de sua vida profissional na noite, independente, aconteceu em Vitória onde morou por um ano. Tocava na Boite Vagalume, na verdade um cassino, em Campo Grande, onde também atuavam Hélio Mendes, piano, Maurício de Oliveira e Paulo Ney, guitarra, Betinho, bateria e Cícero Ferreira, quem Dominguinhos fez questão de lembrar como grande pistonista e cantor. Disse ele que ficavam até o amanhecer tocando e foi nessa época que aprendeu a diversificar seu repertório, com sambas-canções, boleros e choros. Voltou para o Rio e virou Dominguinhos.

Mas o que interessa é o depoimento bem-humorado de Dominguinhos em relação a Yamandu Costa. Disse ele que o gaúcho tocava rápido demais, era muita nota pro gosto dele. E quanto mais rápido ele tocava mais desdobrava no acordeom as melodias, forçando o mais rápido a se amansar. Disse que o pessoal do jazz com quem ele brincava às vezes também era assim. E ele sempre desacelerando a turma.

Vou fazer uma prece para agradecer essa magia. Finalmente alguém teve a firmeza de amansar o intrépido Yamandu, ele, São Domingos, um santo por esse milagre.

Ouçam “Molambo” com a dupla.

4 comentários:

  1. viva Romero Lubambo. Deveria ficar bem Lubambo tocando Molambo. Com o doce Neném, ambos econômicos.

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  2. Pois é, também mestre das cordas Milton Machado. Creio que haja uma diferença entre o violão da Bacia do Prata com o da península Ibérica. O Brasil sudeste e mesmo nordeste, é mais suave.

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  3. Genial, aliás geniais: o texto sempre lúdico e fluido de Rogério Coimbra e essa faixa Molambo. E genial Dominguinhos, muito mais pra lá do que apenas um dos meus músicos favoritos. Música nas alturas é isso.

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  4. Pedro Nunes é músico violeiro das unhas grandes. Pensa que não ? Isso sim é músico das cordas, aquele que tem unhas alongadas, acariciando cada nota, cada estrofe, como bem o faz Dominguinhos em sua simplicidade.

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