segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

História da Bossa Nova em Vitória. Introdução




Ouçam...


O Que Vitória Tem a Ver Com Essa História ?


                                                                      Rogério Coimbra.




Maio de 2007: Dois Anjos me procuraram num café da Aleixo Neto, Praia do Canto O papo de anjo era sobre a Bossa Nova, sobre Nara Leão. Um festival para homenagear a cantora musa daquele movimento que estava preste a comemorar 50 anos. Os irmãos Tinoco e Erildo não pareciam ter intimidade com aquela música mas sabiam por certo que fora plena em nossa época, em nosso espaço, abrangente, de qualidade, diferente da música que nos sufocava todos os dias no rádio e na televisão. Pobre Brasil, distante de sua melhor parte. Animei-me a não deixar que se esquecessem da Bossa Nova, logo ela que por aqui em Vitória, foi tão importante. Vitória foi toda Bossa Nova em seu começo. Resolvi então levantar junto a alguns conhecidos fatos daqueles bons momentos.

Lembrei-me de imediato dos bondes e paralelepípedos, das quadras de vôlei na Constante Sodré e Joaquim Lírio, das festas do Praia Tênis Clube, dos Jogos Praianos, dos galetos do Iate Clube, das noites, tardes e manhãs de violões nas varandas de nossas casas, e nas  dos amigos. Lembrei-me de Roberto Menescal, de Cariê Lindenberg, José Maria Ramos,de Carmélia de Souza, dos clubes Iate e Praia, de Maysa, Ronaldo Bôscoli, Luiz Carlos Vinhas, Silvinha Telles, minha irmã Nilze, tudo aqui, na Praia Comprida, na do Canto e na de Santa Helena. Nilze era quem sempre me levava a todos os lugares, para as festas, para as reuniões, para os shows, ela comprava os discos e os livros. Os amigos dela eram todos praticamente adultos, 7, 8, 10 anos mais velhos que eu. Fui aprendendo. Fui uma testemunha ocular da então Bossa Nova que se alastrava pela região leste, antes de ser sudeste.

E o que Vitória tem a ver com a Bossa Nova, perguntam os Anjos. Posso esclarecer? Acho que tudo, naquele tempo, tudo. Vitória tinha a ver com a Bossa Nova: seu ambiente, sua cordialidade, sua ingenuidade e também sua intensa capacidade de entender e absorver um dialeto musical tão singular que surgiu da linguagem nativa da terra irmã carioca. A Bossa Nova aqui encontrou abrigo e paz em momentos diversos, desde seu nascimento até hoje, já cinqüentona e madura. Agora ela pertence aos japoneses, aos europeus, aos norte-americanos, ao mundo enfim. Mas Vitória foi contaminada, sentiu plenamente a virulenta Bossa Nova, naquele encontro marcado, macro organismo in vitro, in Vitória, insight. Evanilo Silva, violonista, personagem central dessa contaminação disse  à jornalista Ana Nahas:

Não havia ninguém que tocasse a bossa nova como nós aqui. Vivíamos ao mesmo tempo em que as coisas estavam acontecendo. Com o tempo foram chegando a Vitória músicos da Bossa Nova. Não sei se em outras cidades tinha gente como a gente. Não sei porque. Estava efervescendo o nascimento da bossa nova. Volta e meia esse pessoal vinha passar uns dias aqui.    (continua).


Texto original da Revista do Festival Vitória Bossa Nova-2008.

5 comentários:

  1. Essa eu não sabia.
    Ernani

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  2. Rogério, excelente. Aguardo a continuação.
    Elisa

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  3. Nesta semana mesmo, Elisa.Há histórias interessantíssimas e reveladoras.

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  4. Parabéns,amigo Rogério pela importante iniciativa.A vida deu-me a chance de formar o primeiro conjunto,em 1962,voltado à bossa e à MPB,com contornos jazzisticos.Convidei os tb amigos Mario Ruy e Afonso Abreu (debutando no baixo)para integrá-lo,q o fizeram com enorme competência.Tivemos tb eventuais competentes colaboradores como o saudoso Honório Ramalho/sax alto,Cristina Esteves e Virgínia Klinger.Tocamos durante um bom tempo no Praia,às 4as e 6as,no Iate às 3as e 5as e aos domigos em outros clubes, como o então Clube Vitória.Jamais deixei de cultivar a boa música.Tive a honra de ser convidado para tocar com a SARAH VAUGHN,qdo esteve por aqui no final dos anos 70,em reunião informal onde participaram MARIEN,L.PAIXÃO,EVANILO,MOACYR,ARTHUR M.LIMA,etc,na casa do MARÍLIO CABRAL.Abraço, Jorge Saadi

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  5. Grande figura, Jorginho Saadi, figura central no cenário de mudança na música nos anos 60, em Vitória.
    A cada semana mais uma historinha. Acompanhe.

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