Bossa Nova.
Tempos bons aqueles, como também foram outros. Todos que pertencem a essa geração sublinham o momento político e econômico que o país vivia. Era uma grande euforia que refletia no espírito da música. Juscelino era o presidente bossa-nova, um pé-de-valsa que adorava serenata e depois havia a expectativa de um governo diferente com Jânio. Serenata era mais que usual. O jornalista Sergio Roccio lembra que naqueles tempos até os carros dormiam à noite na bucólica Vitória o que não impedia de haver cantoria noturna e com plena liberdade, sem nenhuma intervenção policial ou reclamação dos moradores. A paz reinava:
Quando o Bob´s fechava, a gente ia para a calçada em frente ao bar para tocar violão. Cariê era muito ligado ao pessoal da bossa nova e ele trazia do Rio músicas recém criadas e, como ele não sabia música, passava tudo cantarolando para o Evanilo, ao violão, e para Moacir Barros, no clarinete. Ele tinha uma memória musical incrível. Foi ele quem trouxe na memória tudo que era feito no Rio. E assim a bossa nova ia chegando por aqui, pois também não havia muita gravação dessas músicas.
Cariê tinha uma voz muito bonita, muito entoada. Outra voz bonita também, que parecia com a voz do Tito Madi, era a de Biel Abaurre, Antônio Gabriel Abaurre Chaves, hoje um neurologista. A música estava muito entranhada nas pessoas, naquele pessoal do Bob´s, o que correspondia ao espírito da cidade. Como se cantava. Cantava-se muito sob as janelas das moças de Vitória, mas não era gritaria, diferente daquela, por exemplo, que Katuia Saad pegava o Altemar Dutra a troco de um sanduíche e o fazia entoar com todo vigor daquela voz de tenor, canções mais assim tipo dor de cotovelo. Fazia-se música em lugares ermos ou sob janelas de determinadas moças.
Ficava-se muitas madrugadas nos bancos da Praça Costa Pereira, até o sol nascer. Mas era uma música delicada, cantava-se baixinho, no estilo Bossa Nova. Era uma Vitória provinciana onde nunca se quebrava a rotina. Tanto fazia ser ontem quanto depois de amanhã.
Em Vitória andava-se a qualquer hora da madrugada sem temor algum. Naquele tempo, em Vitória, nas madrugadas, tinha-se medo era de alma (continua).
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Ficava-se muitas madrugadas nos bancos da Praça Costa Pereira, até o sol nascer. Mas era uma música delicada, cantava-se baixinho, no estilo Bossa Nova. Era uma Vitória provinciana onde nunca se quebrava a rotina. Tanto fazia ser ontem quanto depois de amanhã.
Em Vitória andava-se a qualquer hora da madrugada sem temor algum. Naquele tempo, em Vitória, nas madrugadas, tinha-se medo era de alma (continua).
Haja história, hein?
ResponderExcluirMestre Coimbra, por que não editar no futuro? Até novela daria.Rsrsrsr
O importante é que seu texto transmite a atmosfera da época, por sinal, uma boa época, inocente (!), mas, pelo menos, sem a violência e as desagradáveis surpresas de hoje.
Excelente.
Ernani .
Boa visita, caro Ernani.
ResponderExcluirA história ainda tem muita história.
Um afetuoso abraço.
Não aprovo o saudosismo mas, que é bom, é.
ResponderExcluirAgora vou ouvir um rap no MacDonald.
Beijos!
Seja benvinda, Naura.
ResponderExcluirNa verdade não é saudosismo, é história, para sabermos quem somos e como fomos
Rap, é história, história do cotidiano, é uma forma ritmica de narrar um acontecimento. Rap é a forma mais difundida atualmente de se "mexer", nada contra.
Só evito o McDonald pois as "gordurebas" me são nocivas.
Fique ligada e volte sempre.
Naquele tempo, era o que eu considero "anos dourados", era bossa, amor e flor..
ResponderExcluirUm abraço,
Ester Mazzi
Salve Ester Mazzi.
ResponderExcluirPara mim a cor era azul. Hoje os tempos estão rubros, agitados, mas estão bons ainda.
Cada tempo no seu tempo.
Um abraço.