segunda-feira, 11 de abril de 2011

HISTÓRIA DA BOSSA NOVA EM VITÓRIA.- Parte VI.




Bossa Nova.

Tempos bons aqueles, como também foram outros. Todos que pertencem a essa geração sublinham o momento político e econômico que o país vivia. Era uma grande euforia que refletia no espírito da música. Juscelino era o presidente bossa-nova, um pé-de-valsa que adorava serenata e depois havia a expectativa de um governo diferente com Jânio. Serenata era mais que usual. O jornalista Sergio Roccio lembra que naqueles tempos até os carros dormiam à noite na bucólica Vitória o que não impedia de haver cantoria noturna e com plena liberdade, sem nenhuma intervenção policial ou reclamação dos moradores. A paz reinava:

Quando o Bob´s fechava, a gente ia para a calçada em frente ao bar para tocar violão. Cariê era muito ligado ao pessoal da bossa nova e ele trazia do Rio músicas recém criadas e, como ele não sabia música, passava tudo cantarolando para o Evanilo, ao violão, e para Moacir Barros, no clarinete. Ele tinha uma memória musical incrível. Foi ele quem trouxe na memória tudo que era feito no Rio. E assim a bossa nova ia chegando por aqui, pois também não havia muita gravação dessas músicas.

Cariê tinha uma voz muito bonita, muito entoada. Outra voz bonita também, que parecia com a voz do Tito Madi, era a de Biel Abaurre, Antônio Gabriel Abaurre Chaves, hoje um neurologista. A música estava muito entranhada nas pessoas, naquele pessoal do Bob´s, o que correspondia ao espírito da cidade. Como se cantava. Cantava-se muito sob as janelas das moças de Vitória, mas não era gritaria, diferente daquela, por exemplo, que Katuia Saad pegava o Altemar Dutra a troco de um sanduíche e o fazia entoar com todo vigor daquela voz de tenor, canções mais assim tipo dor de cotovelo. Fazia-se música em lugares ermos ou sob janelas de determinadas moças.


 Ficava-se muitas madrugadas nos bancos da Praça Costa Pereira, até o sol nascer. Mas era uma música delicada, cantava-se baixinho, no estilo Bossa Nova. Era uma Vitória provinciana onde nunca se quebrava a rotina. Tanto fazia ser ontem quanto depois de amanhã. 


Em Vitória andava-se a qualquer hora da madrugada sem temor algum. Naquele tempo, em Vitória, nas madrugadas, tinha-se medo era de alma (continua).
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6 comentários:

  1. Haja história, hein?
    Mestre Coimbra, por que não editar no futuro? Até novela daria.Rsrsrsr
    O importante é que seu texto transmite a atmosfera da época, por sinal, uma boa época, inocente (!), mas, pelo menos, sem a violência e as desagradáveis surpresas de hoje.
    Excelente.

    Ernani .

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  2. Boa visita, caro Ernani.
    A história ainda tem muita história.
    Um afetuoso abraço.

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  3. Não aprovo o saudosismo mas, que é bom, é.

    Agora vou ouvir um rap no MacDonald.

    Beijos!

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  4. Seja benvinda, Naura.

    Na verdade não é saudosismo, é história, para sabermos quem somos e como fomos

    Rap, é história, história do cotidiano, é uma forma ritmica de narrar um acontecimento. Rap é a forma mais difundida atualmente de se "mexer", nada contra.
    Só evito o McDonald pois as "gordurebas" me são nocivas.
    Fique ligada e volte sempre.

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  5. Naquele tempo, era o que eu considero "anos dourados", era bossa, amor e flor..
    Um abraço,

    Ester Mazzi

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  6. Salve Ester Mazzi.

    Para mim a cor era azul. Hoje os tempos estão rubros, agitados, mas estão bons ainda.
    Cada tempo no seu tempo.
    Um abraço.

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