Bossa Nova. A quem ela não tinha atingido ainda? As rádios tocavam os discos de bossa e de samba jazz o dia inteiro. Oswaldo Oleari foi o primeiro a rodar o famoso 78rpm de João Gilberto, trazido do Rio pelo também radialista Eleisson de Almeida. Eleisson, amigo de Lúcio Alves, foi alertado pelo cantor em 1958 para a nova maneira de se cantar, um jeito bossa nova, como no LP “Lúcio Alves, sua Voz Íntima, Interpretando Sambas em 3D”.Vitória não resistiu à bossa nova. Eleisson lembra que a nova forma de apresentação, banquinho, voz, violão e ritmo, facilitou em muito as contratações para shows, difundindo melhor o novo estilo. Os clubes contratavam músicos semanalmente, devido aos baixos custos. Marien Calixte era discotecário da boate do Clube Vitória onde começou a rodar os primeiros discos dessa nova onda. Eis seu depoimento:
A expressão Bossa Nova eu a ouvi de Paulo Monteiro, que era o presidente do Clube Vitória...ele fez até menção a João Gilberto, um baiano que cantava igual a mulher.Toquei na boate bem como no meu programa que tinha na rádio Espírito Santo, "Música, Viva a Música", isso em 59. A reação foi muito estranha, mais especificamente em relação a João Gilberto. Achavam muito leve, afeminado. Eu mesmo fui me adaptando aos poucos. Paulo Monteiro tinha uma cabeça boa, viajava muito e estimulou que eu rodasse os discos na boate e foi pegando aos poucos, como o” Chega de Saudade”. Aí, o Eleisson de Almeida e o Oswaldo Oleari que tinham programas na rádio Capixaba, o “Boa Tarde Minha Ouvinte” e o Oswaldo o “Clube da Boa Música”, rodavam também e então nós três fechávamos o cerco, éramos somente nós a divulgar a tal da Bossa Nova. Que eu saiba, João Virgílio foi o primeiro músico em Vitória que abraçou a Bossa Nova.
Eu digo o que o clube Vitória foi muito responsável pela divulgação da bossa nova por aqui pois o clube contratava muitos shows, que eram caros,além da boate rodar muitos discos. O clube tinha uma diretoria com cacife, o próprio Paulo Monteiro, Bubu Rabelo, Graciano Espíndula, Hélio Oliveira Santos, Aécio Bumachar, Carlito Menezes, que chegou a estar casado com Dóris Monteiro. O clube nunca teve problema de dinheiro.
A música brasileira até os anos 50 era uma música cheia de tragédia, altamente romântica e aí surgiu um grupo de músicos espontaneamente, sem programar, e aos poucos foram ligando, juntando suas idéias, o que era diferente. Não havia uma intenção, um objetivo de se fazer uma música nova no Brasil. Nasceu espontaneamente. As influências foram a erudita, Debussy e, Chopin e ViIlla Lobos, para Jobim, também a música americana, Chet Baker, que nunca ouviu bossa nova e João Gilberto que nunca ouviu Chet Baker. As coisas aconteceram.
Eu acho que a Bossa Nova é a música brasileira sem drama e com ironia. Ela traduziu o moderno e sobreviveu por isso. Tenho uma indagação histórica, uma teoriazinha. A Bossa Nova nasceu primeiro ou depois do cool jazz ?
Para Eleisson de Almeida, a Bossa Nova forçou o aprimoramento do músico brasileiro e tirou a música da inércia. Ele vibra quando afirma que, se fosse vivo e ainda estivesse escrevendo, Scott Fitzgerald, teria como fundo musical de seus romances a bossa nova. Ele comenta:
Coimbra,
ResponderExcluirA Bossa Nova deve ter acontecido em todo Brasil dessa maneira, devagarinho, conquistando os jovens.
Só não concordo com essa de que Scott Fitzgerald adoraria a Bossa Nova. Céus, o homem era agitadíssimo.
Gostei das outras historinhas.
Beijão.
Minha Santa,
ResponderExcluirEm Vitória foi diferente devido à proximidade com o Rio, além dos personagens que construíram a Bossa Nova. Leia mais as historinhas e não desapareça.
Faz sentido Fitzgerald não combinar com BN.
Um grande abraço.
Coimbra,
ResponderExcluirQue bom mais uma historinha sua, mas desta vez, você fala pouco- gentilmente deu a palavra a outros.
Não sei quem mais ficaria chateado, Chet Baker ou João Gilberto, com a "teoriazinha" de quem chegou primeiro.
Você vai ao BMW ?
Beijos,
Elisa.
Mestre, obrigado por tanta informação, tão bem contada.
ResponderExcluirAliás, preciso conversar com sua pessoa. Talvez no CTF, hoje?
Grande abraço, JL.
Ah, sim! Quanto ao Fitzgerald ouvindo bossa nova, acho perfeitamente viável. Basta pensar em Chet, um dos personagens mais loucos do jazz - gostava de carros velozes, cópulas rápidas, sucessivas e com diversas mulheres, corria de traficantes, falsificava receitas médicas, roubava seus próprios álbuns em lojas de New York para revendê-los nas ruas, comprando assim sua cocaína e heroína. No entanto, que música doce, delicada e singela sabia fazer...
ResponderExcluirComo diria Rosa: O mais dedicado pai de família é o mais sanguinário assassino.
Eu, que adoro Bebop, devo ser um bunda mole.
Lord Lester,
ResponderExcluirSofro a saga atual de alguns blogueiros:ficar em casa recuperando-se...Como Mr. Cordeiro.
Devido ao meu estado o consócio Ruela emprestou-me um considerável número de DVDs, entre eles, O Grande Gastby. Vou revê-lo, apesar que Fitzgerald só nas páginas e também não vou com a cara desse Redford. Bem colocada sua observação sobre BN X Scott F.
Portanto, Lord, rua somente daqui a uma semana.
Um grande abraço.
Caríssima e querida Elisa, bela ave noturna tão difícil de se ver.
ResponderExcluirAté parece que você vai ao BMW. Vou na segunda noite pois os ingressos esgotaram-se para a primeira.
Agora, acho chato essa história de João Gilberto & Chet Baker.
Não some não.
Abraços.
Verdade, acabou tudo no primeiro dia de vendas. Sortudo vc. Depois conte. Elisa
ResponderExcluirPrezado COIMBRA:
ResponderExcluirAguardo que me envie seu "email" para "apostolojazz@uol.com.br", para que possa remeter-lhe anexo com um resumo do documentário com Willis Conover para seus arquivos implacáveis.
Prezado COIMBRA:
ResponderExcluirRecebí seu email e remetí o anexo sobre Willis Conover.
Grato !