segunda-feira, 4 de julho de 2011

APÓSTOLO JAZZ ABRE SEUS ARQUIVOS.




Em tempos de hackers, espionagem digital, WikiLeaks e  documentos brasileiros com sigilo eterno, Pedro Cardoso não se intimida e abre seus arquivos secretos para revelar alguns preciosos momentos da carreira de Willis Conover, comunicador de A Voz da América, um programa de radiodifusão do governo norte-americano que alcançou enorme sucesso não em países do leste europeu como nos da América Latina.
WC sagrou-se como um dos maiores catequizadores da história do jazz, arrebanhando pra o gênero milhões de apreciadores, entre os quais me incluo, e claro, o Apóstolojazz. Segue aqui na íntegra o texto assinado por Pedro Cardoso.



                                                                


DOCUMENTÁRIO   COM  WILLIS  CONOVER
Dançando ao som das “big-bands” (as americanas em discos 78 rpm e nos bailes familiares, enquanto que as nacionais nos bailes dos clubes do Rio de Janeiro  -  Tabajara, Oswaldo Borba etc) e sintonizando o programa de Willis Conover pelas ondas curtas, fui encantado pelo JAZZ, que passei a desfrutar em publicações, discos, troca de informações com outros jazzófilos, pela audição dos primeiros programas radiofônicos sobre JAZZ no Rio de Janeiro e, também no Rio de Janeiro, pelas famosas “sessões passatempo” (cujo “slogan” era A Sessão Começa Quando Você Chega) nos cinemas Cineac-Trianon (Avenida Rio Branco) e Capitólio (Cinelância);  essas sessões eram iniciadas sempre às 10.00 horas, exibindo séries, documentários, noticiários e “takes”, vez por outra com músicos de JAZZ.

Em casa e beirando meus 20 anos, a audição noturna do programa de Conover era precedida de verdadeiro ritual de silêncio; menos mal que naquela época as novelas radiofônicas terminavam mais cedo, permitindo sintonizar o “Zenith” sem que pais e avós discutissem comigo a ditadura sobre o aparelho.

Portanto e para mim, falar de Willis Conover é relembrar todo um início de “formação” no JAZZ e, principalmente, de um aprendizado em ebulição.

Gravei o documentário semi-descrito a seguir em VHS e, até o momento pelo menos, ainda não o converti para DVD.   Assim fiz o presente breve relato para ilustrar a importância, tanto do referido documentário, quanto e principalmente do trabalho e da figura humana de Willis Conover em prol da difusão do JAZZ, tanto nos U.S.A. quanto por todo o mundo.

O que relato a seguir é uma pequena síntese desse documentário, que tem a duração aproximada de 20 minutos, onde Conover transpira JAZZ.

Série  “National Artes”, entrevistas no “National Theatre”, apresentação de Mike Baker, 1995 (provavelmente meados), entrevista com o radialista Willis Conover (leia-se “Voice Of América).

A entrevista é iniciada tendo como prefixo “Take The ‘A’ Train” com a orquestra de Duke Ellington.   Após a saudação inicial Mike Baker perguntou a Conover sobre a homenagem que acabara de receber na Polônia.

Conover explicou que em janeiro daquele ano (1995) havia estado na Polônia para acompanhar um Festival de Jazz, homenageando-o pelos 40 anos da primeira transmissão do “VOA” (Voice Of América) para a Polônia;   na ocasião foi editado número especial da revista “Jazz Fórum”, com foto sua na capa e diversos artigos sobre ele e seu programa radiofônico;  contemplando diante de Mike Baker sua foto na capa, Conover afirma com muito humor que “You Make Me Feel So Old” (remetendo ao clássico de Mack Gordon / Joseph Myrow, sucesso com Sinatra).

Falando sobre sua carreira radiofônica, Conover diz que iniciou no rádio em 1939, onde teve oportunidade de ouvir a interpretação de “Cherokee” com Charlie Barnet.
Passou a ir a lojas e comprar ou tomar emprestados discos de Art Tatum, Jimmie Lunceford e outros;  o dono de uma dessas lojas, músico profissional, perguntou-lhe se gostava tanto assim de JAZZ, ao que Conover respondeu perguntando:  -  O que é JAZZ ???!!!     O dono da loja disse-lhe que era o que estava ouvindo e que podia ler sobre os lançamentos e os músicos na revista “DownBeat”.

Conover passou a ler a revista, ouvir ainda mais discos e, assim e na prática, “cursou sua escola de JAZZ”.(continua)





3 comentários:

  1. Ter o Apóstolo como articulista é algo que enobrece qualquer blog.
    Tive a honra de assistir a trechos do documentário sobre o Willis Conover na Toca do jazz da Paulista. Realmente, um grande formador de ouvintes e um verdadeiro embaixador do jazz!
    Abração, meu caro Coimbra!

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  2. Pois é, Mestre Cordeiro, como você acha que eu esteja sentindo sobre isso ? Tanto que fiz economia, dividi em dois o brilhante texto informativo de O Apóstolo e reservei uma segunda parte, só para valorizar o blog.(rsrsr)

    É informação para refletir e lembrar.

    Não sei se no Maranhão vocês ligavam a radiola às 10 da noite só para ouvir aquela introdução do "Take The A Train" e o vozeirão do WC anunciando um mundo novo para todos nós.

    Ponto para o maranhense que assistiu, e eu, só "li".

    Vamos manter a paixão pelo JAZZ, como doutrina o Apóstolo.

    Um grande abraço e obrigado pela visita.

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  3. O que seria de nós sem pessoas assim?

    Grande abraço, JL.

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