Para quem quer percorrer o Rio de Janeiro por suas melhores trilhas da Bossa Nova, Ruy Castro traçou o correto roteiro. Seu livro "Rio Bossa Nova" dá saudáveis e espertas dicas de como e onde ouvir o encanto da Bossa Nova.
Nós, blogueiros, da Bossa e do Jazz, perfizemos esse, e outros caminhos cariocas, com a missão de ouvir e viver a música.
Abaixo, uma resenha originalmente publicada no caderno Pensar, de A Gazeta, ES, editado por José Roberto Santos Neves e que nos permitimos publicá-la, além de uma foto verossímil , registrando nosso trabalho de pesquisa.
Créditos da foto: Érico Cordeiro, Figbatera, Rogério Coimbra e John Lester. Ao centro, feliz da vida, o célebre carioca Sérgio Sônico, o imaterial de Ruy Castro, que circula pelas ruas do Rio na sua supersônicabike.
Há um antigo ditado em Vitória que
diz ser o aeroporto o melhor lugar da cidade. A proximidade da capital capixaba
com a cidade do Rio de Janeiro é estreita não só pela distância como também
pela semelhança física, pelas praias e morros, como pelo espírito do povo,
desprendido e festeiro. Enfim, o capixaba, além de conhecer bem o Rio, tem tudo
a ver com a Bossa Nova, tão cultuada e festejada na ilha.
Para celebrar a amada Bossa Nova, o
escritor Ruy Castro escreveu o livro “Rio Bossa Nova – um roteiro lítero-musical”,
uma edição bilíngüe, editado pela Casa da Palavra. Consta que o livro nasceu
devido a uma incômoda queixa de um turista inglês que dizia não saber onde
escutar Bossa Nova no Rio, berço do seu surgimento. O escritor logo adverte que
não necessariamente o Rio tenha que ter um lugar exclusivo para se ouvir Bossa
Nova. Com certa razão, argumenta ele que se tem que procurar muito em Paris um
sanfoneiro com camisa listrada e boina para se ouvir a tradicional canção
parisiense ou, em Nova Iorque, uma casa de puro jazz. Idealizar uma casa
exclusiva para a Bossa Nova seria coisa de puristas e nostálgicos.
O livro torna-se interessante, por
levantar não só os locais em atividade que eventualmente apresentam Bossa Nova
como cria um grupo de bens imaterias relacionados com esse estilo musical. A
narrativa tem início com o Bar Villarino, ainda em funcionamento no centro da
cidade, onde nos anos 1950 intelectuais bebiam muito uísque e onde Tom Jobim
conheceu Vinícius de Moraes para montarem o “Orfeu da Conceição”. É citado até
o Sinatra-Farney Fan Club.
Imaterial mas, completamente materializado, é o Sérgio Sônico, confrade blogueiro, piloto de uma bike sonora com o “som do mundo”; além de circular pela Zona Sul, é presença certa aos domingos na orla da praia do Leblon. Ele teve direito até a uma foto, um mimo do Ruy Castro.
Imaterial mas, completamente materializado, é o Sérgio Sônico, confrade blogueiro, piloto de uma bike sonora com o “som do mundo”; além de circular pela Zona Sul, é presença certa aos domingos na orla da praia do Leblon. Ele teve direito até a uma foto, um mimo do Ruy Castro.
É um livro de referência e o autor
até o considera útil para qualquer acadêmico que pretenda elaborar uma tese de
mestrado sobre o movimento da Bossa Nova. E por que não? São citados locais e
ambientes que nos remetem ao início de toda essa história. É citado o apartamento
onde morou Nara Leão na Av. Atlântica, onde os músicos se reuniam, e o famoso
Beco das Garrafas, onde hoje funciona uma loja chamada Bossa Nova, ligada à
loja Toca do Vinícius, de Ipanema. Até o cemitério São João Batista é citado,
onde jazem músicos famosos, mas cuja referência não condiz com a cultura
brasileira de veneração tão radical a seus ídolos. Tudo acaba sendo divertido.
O livro tem endereço certo também para
os próprios cariocas que muitas vezes não conhecem sua história, sendo uma
prazerosa viagem para qualquer cidadão do mundo que ame a Bossa Nova. Incômoda
é a leitura, pois a versão em inglês está na mesma página do texto em
português, dispostas em duas finas colunas.
Os locais importantes que apresentam
música ao vivo atualmente são listados, mas há muita ausência como a Sala Sidney
Miller, na Funarte, os espaços Oi Futuro, no Catete e em Ipanema, a galeria MC4
em Copacabana, o Centro Cultural da Justiça Federal, na Cinelândia, o bar
Cariocando da filha do saudoso músico Durval Ferreira, no Catete, o Teatro da
Caixa Econômica, no Centro, o Teatro do Sesc e a sala Baden Powell, ambos em Copacabana, o Museu da República, no Catete
e o Teatro Carlos Gomes, na Praça Tiradentes. Esses são alguns que nos vêm à
lembrança.
Importante registrar um novo espaço
recém inaugurado: o casarão Ameno Resedá, no Catete. A sua importância musical deve-se
a ele contar com a gerência de Pedro
Tibau, ex-sócio da extinta loja-palco Modern Sound que ficava em Copacabana, e
a direção artística do bandolinista Rodrigo Lessa, filho do economista Carlos
Lessa, responsável pela restauração do prédio.
E Ruy Castro, com a típica malandragem carioca zona sul, vai logo avisando que o melhor mesmo , além do livro, é conferir a programação do Rio Show nas edições das sextas feira do jornal O Globo, ou, a Veja Rio.
E Ruy Castro, com a típica malandragem carioca zona sul, vai logo avisando que o melhor mesmo , além do livro, é conferir a programação do Rio Show nas edições das sextas feira do jornal O Globo, ou, a Veja Rio.
O mérito não é ter uma casa exclusiva
para a Bossa Nova e sim locais onde com freqüência ela possa ser apresentada. E
a Bossa renovou-se. O velho “samba-jazz” não pode ser projetado na atual música
instrumental de um Kiko Continentino ou Hamleto Stamato ? Uma canção de Toninho
Horta ou de Antônia Adnet não seria uma Nova Bossa Nova?
Então o que estamos esperando para
pegar um avião com esse livro debaixo do braço e desembarcar, preferencialmente,
no aeroporto Tom Jobim?
Verdade. a programação musical do Rio é mesmo intensa e a bossa-nova está sempre presente em alguns desses locais citados ou em outros que surgem. Esse mês o teatro do Sesi apresentou show do Marcos Valle a R$1,00 e vamos ter a Maria Rita cantando Elis no Aterro grátis esse domingo. Qualquer dia é dia de bossa-nova nessa cidade. Bjos, Beth
ResponderExcluirViva o Rio, Bossa Nova, via Maria Rita, paulista, viva Marcos Valle, carioca, viva o Brasil que funciona. Viva a Bossa Nova e viva Beth que a ama.
ResponderExcluirObrigado pela visita.
Valeu Coimbra.
ResponderExcluirEstava viajando ou, em casa, ouvindo Bossa Nova ?
Essa tal de Bossa Nova não é que deu certo ? Também pudera, é puro samba de Copacabana.
Esse Ruy Castro não sai de casa. A noite do Rio está bombando Bossa Nova. Ontem Wanda Sá fez show na Sala Baden Powell.
Um abraço no Bonfá !
Ernani Salles
Ernani:
ResponderExcluirBim Bom que você parou de ouvir Coltrane e agora está mais perto do João.
Quem sumiu foi você.
Viva a Bossa Nova. Gostou ?
Um grande abraço.
Minha alma canta, Mestre Coimbra!
ResponderExcluirCoincidência ou não, hoje estava vestido com essa camisa listrada e saí por aí! Sem canivete no cinto e sem pandeiro na mão!
Abração, meu caro!
Mestre,
ResponderExcluirQuando faremos novos roteiros ?
Um abraço.
Mestre,
ResponderExcluirQuando faremos novos roteiros ?
Um abraço.
A musicalidade carioca é contagiante.E compositores de qualidade é o que não falta nessa maravilha de cidade.
ResponderExcluirPô Coimbra, valeu a citação da parte que me toca. a lojinha, na bike vai de vento em popa lá na orla, nem tanto pelas vendas que são inconstantes, mas pq virou referência e parte da paisagem.
ResponderExcluirOutro detalhe a se destacar é vossa vinheta "Saia da minha calçada!" Acabo de me lembrar que, enquanto um certo musico quer me ver há kmts de seus "domínios" o Ruy em seu autógrafo escreve "Volte para General Artigas!" Isto pq, por motivos de força maior, tive que deslocar a bike uns metros mais adiante da frente do prédio do Ruy.
Mas mudando de assunto, tenho feito o meu trabalho direitinho, cada vez mais descobrindo discos impossíveis de ser encontrados q não seja em sebos a preço de prestação de auto de luxo.
A última, que escuto enquanto te escrevo é a incrível pianista Jessica Williams. Um verdadeiro achado. Já que seus discos, e ela mesma, só podem ser encontrados quando se afina ao máximo a pesquisa. Seus CDs por exemplo, a maioria, só estão disponíveis num site de propriedade da artista e a gravadora, a Red & Blue Records, também é da artista. Ela tem muitos discos solo, só piano q acho sempre mais complicados, mas quando está a frente de seus trios, geralmente Dave Captein e Mel Brown, baixo e bateria, é um som dos deuses!
Bom, fiz um testão bem cheio de assunto pq me sinto devedor, já q quase não dou as caras por cá.
Abraços e (sempre, pelo conjunto da obra) valeu a força!