segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

LOUIS ARMSTRONG.



Em recintos fechados, em praça pública, tem havido muita manifestação em favor do jazz, um gênero musical surgido comercialmente no início do século XX, que agonizou nos anos 70, após várias transformações estilísticas, mas que, até hoje, tem um sem número de seguidores e admiradores. Provavelmente esses são minoria em seu país de origem, os EUA, concentrando-se atualmente muito mais na Europa, no Oriente e na América do Sul.

O jazz é fenomenal pois mantém sua força entre os jovens de hoje, que ao percebê-lo e adotá-lo, não o abandonam jamais. Portanto é fantástica essa adesão a uma extraordinária arte. Percebe-se que entre os jovens de hoje há preferências naturais, alguns ligando-se mais ao fusion dos anos 70, outros ao tradicional swing dos anos 30 e 40, ou ao bop dos anos 50 e 60. Misturam-se os estilos para desencadear a mesma força, aquilo que se pode denominar de jazz.

Na segunda década do século XXI há uma unanimidade: o reconhecimento do músico Louis Armstrong, o Satchmo, como o grande pioneiro, inovador de toda a história do jazz, desde os anos 1910 até 1971. Foram 60 anos de uma carreira brilhante que até hoje é espelho mesmo para os que estão iniciando. Há uma particularidade na vida de Satchmo que talvez o mantivesse sempre criativo e jovem que foi a sua convivência com a marijuana durante toda a vida. Um dos seus maiores sucessos foi “Muggles”,de 1928, uma expressão usada entre os músicos para designar a cannabis sativa. Seria esse um diferencial mágico que até hoje faz a música de Satchmo tocar tanto os jovens?

Publicamos abaixo texto de minha coluna "O Assunto É Música",veiculado em 2001,no site Taru.Art, por ocasião do centenário de Louis Armstrong:


     Satchmo, ou Pops, ou Daniel Louis Armstrong (04/08/1901-06/07/1971). Nasceu com o século XX. Experimentou soprar com firmeza e liberdade a corneta que despejou o jazz no mundo. Não deu outra. Improvisação, vocalização, trejeitos, gingas, tudo que a música afro poderia, em primeira instância, formatar no molde europeu, o novo som, chegou enlouquecendo e até hoje perdura como a grande arte norte-americana.

 Seu comportamento foi imitado no mundo inteiro e, tal como os seus Hot-Five (1925) ou Hot-Seven (l928), grupos que liderou e definiram o caminho do jazz, por aqui tivemos Os Oito Batutas (antes da Bossa Nova nosso jazz era o Choro), obedecendo os modismos da época. Quando se fala para qualquer um o que possa ser jazz, não há lembrança melhor para o leigo do que aquele ritmo característico dos anos 20, o ragtime, o dixieland, a dança louca das pernas querendo voar. O som estridente de Satchmo, aliado à sua genialidade, leva para si, a marca dos pioneiros, a saga dos revolucionários.

     Se jazz tem em sua etimologia ligação com prostíbulos, a música expressou imediatamente sua liberdade e sua exteriorização. Comemora-se 100 anos de nascimento de Armstrong. Ele até permitiu a João Gilberto (!), e a outros, a maneira sincopada de cantar, levando os versos de um lado para o outro, desconcertando os ouvidos mais tradicionais. Miles Davis estava na sua onda, bem como qualquer trumpetista, de Fats Navarro a Nicholas Payton, de Dizzy Gillespie a Clifford Brown. 

Ele foi o grande pai, que inovou cantando scats, popularizado como "bebop", e que se tornou forma obrigatória de todos os cantores de jazz demonstrarem sua habilidade vocal e de improvisação.

Louis Armstrong faz parte daquele grupo de pessoas que deram forma à arte de nosso século, como Stravinsky, Picasso, Schöenbeg, Joyce. Ele é o único americano de nascimento entre eles. Sem ele não haveria o jazz, sem ele o jazz seria uma música local popular de Nova Orleans como mil outros tipos de música popular regional que existem no mundo (Joachim  Berendt, “O Jazz”, 1975).


4 comentários:

  1. Ótima lembrança, mr.Coimbra, de um dos ícones do jazz, que muitas vêzes é "esquecido" e "desprezado" quando relacionado a muitos "borra botas" que apareceram depois dele. Como diz Garibaldi: ..." os três principais trumpetistas e cantores na história do jazz são, pela ordem: Louis Armstrong, Louis Armstrong e Louis Armstrong"...

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  2. Ufa... Viu como o Armstrong é unanimidade ? Houve sim, em certa época, um certo preconceito, um desprezo, mas ele sempre será indestrutível, o verdadeiro pai do jazz, seja o jazz criativo, inovador, seja o jazz dito "comercial" e que consegue agregar muitos ouvintes. Um abraço.

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  3. Armstrong não teve um sonho - realizou uma obra imortal. Fez mais pela libertação do homem do que muito extremista. Ou simples maconheiro. E por meio da música, sem a qual não vivemos. Mas que a Maria Joana ajudou, isso ajudou. No final da vida, proibido pelo médico de dar um tapa, comentou o caso com um amigo pedindo reserva: - Parei de fumar, mas não espalha... Era um gênio da espécie humana.

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  4. Predador Novo,
    Precisamos desses comentários renovados.
    Filho do Predador Velho ??
    Considerando seu conhecimento, tapas, só as espanholas.
    Tks pela visita.

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