segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O LIRISMO EXÓTICO DE CLARE FISHER.



Neste planeta há um fenômeno chamado música e certos homens, desde o final do século XIX até hoje, criaram uma textura sonora que permeia o celestial, o pacífico. Músicos como, Debussy, Ravel, Satie, até os chamados homens de jazz, como Claude Thornhill, Bill Evans, Gil Evans e Maria Schneider, montaram e executaram uma linha de música que nos enlaça e eleva. Claus Ogerman pode ser também incluído. Clare Fischer destacava-se nesse grupo.

Clare Fisher faleceu na quinta passada, dia 26, aos 83 anos. Os músicos citados criaram uma rede invisível na qual todos se relacionam. Curioso como Clare Fisher foi um dos músicos de jazz de primeira hora a abraçarem o então novo estilo Bossa Nova. Se a familiaridade coma música de Tom Jobim era flagrante o mesmo poderia ser dito com as canções de Henri Salvador com o estilo emergente, por que não?

Clare Fisher, dono de uma música “cool”, era tido como um músico de West Coast e, em sua carreira, soube explorar o exotismo dos ritmos latinos sem ser espalhafatoso ou banal. Conseguiu trabalhar ritmicamente sua música sem perder a riqueza harmônica e melódica. O samba era um desses ritmos. Gravou com o também lírico Hélio Delmiro e arranjou o CD “João”, de João Gilberto.

Começou sua carreira como pianista e arranjador do grupo vocal The Hi´Los e, em sua carreira, fez arranjos para pop stars como Prince e Paul McCartney. Seus arranjos para o disco de Dizzy Gillespie “ A Jazz Portrait Of Duke Elligton” tornou esse álbum um clássico do jazz. Herbie Hancock o considerava sua maior influência harmônica. Foi indicado 11 vezes ao Grammy e levou o prêmio em 1981 (“Salsa Picante”) e 1989 (“Free Fall”).

O maior sucesso de Clare Fisher foi sua composição “Pensativa”, gravada por músicos do porte de um Bill Evans, Bud Shank, Freddie Hubbard, Marian McPartland, Benny Green, Art Blakey, George Shearing, Luiz Carlos Vinhas, entre tantos. Fisher foi um grande incentivador e divulgador da Bossa Nova. Fiquem com os vídeos de “Pensativa” e “Wistful Samba”, no início dos anos 1960 , com Bud Shank e Clare Fisher.

Nascido em 22 de outubro de 1928, Clare Fisher foi um grande inovador na música, criando uma música elegante, envolvente e formosa.



3 comentários:

  1. Mais um grande que se vai, Mr. Coimbra.
    O mundo do jazz fica mais pobre...
    Para nós que aqui ficamos, resta a sua música, imortal!
    Quem também gravou a lindíssima Pensativa (que, não sei porque, me lembra The Dolphin, do genial Luiz Eça) foi o nosso J. T. Meireles. Nesse momento, ouço a formidável versão de Marian McPartland, no disco Live at Shangai Jazz!
    Abração, meu Guru!

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  2. Belíssima lembrança, Mestre, do também saudoso Meireles.
    O Clare Fisher "me ganhou" quando eu era ainda adolescente com aquela aproximação estética com a Bossa Nova e, em sua carreira, nunca me decepcionou,imprimindo bom gosto nas suas latinizações.
    Grato pela visita e um abraço.

    PS: O Predador nem mais se manifesta (!)

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  3. Grande Coimbra:

    O Clare Fisher criou um vínculo forte com o Brasil e a Bossa Nova. Tenho o CD dele com Hélio Delmiro- uma delícia.
    Abs

    Ernani Salles

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