sábado, 5 de março de 2011

CARNAVAL, CARNAVAL.



O carnaval chegou. Cada um curte à sua maneira. Desde os tempos de Cristo, tanto no Egito como na Grécia, o carnaval era comemorado  em função dos períodos de colheitas ou mudanças de estações mas sempre obedecendo as mesmas características, tornando-se festas públicas, com uso de máscaras e manifestações folclóricas.


A introdução do carnaval no Brasil deu-se através do Entrudo, trazido pelos portugueses da Ilha da Madeira, Açores e Cabo Verde, que consistia em brincadeiras com loucas correrias, mela-mela de farinha com água de limão e ovos. O Entrudo era de mau gosto e grosserias, acontecendo num período anterior a quaresma, e  buscava radical liberdade de expressão, sentido esse que permanece até os dias de hoje no carnaval, mas sem mela-mela.

O pesquisador Ary Vasconcellos considera o período entre 1870 e 1919 como uma das fases mais encantadoras da música popular brasileira, um período que corresponderia de certa forma à Belle Époque francesa, entre 1880 e 1914. Acontece que a influência francesa era total. Os carnavais dessa época eram movidos a scótis, polcas e valsas, bem ao estilo europeu. O choro surge em 1870 e sua estrutura musical era essa. Em 1873 popularizaram-se os Ranchos, surgindo depois as Marchas-rancho, que por sua vez tinham ligações com as tradições natalinas e dia de Reis com seus pastores e pastorinhas. Como não lembrar do sucesso de carnaval “As Pastorinhas”, de Noel Rosa e Braguinha?

Havia também o Maxixe, mas eesa era uma dança proibida, um caso de polícia. As danças eram o tango, a valsa, a quadrilha, scótis ou xotes. O samba ainda não tinha ido para as ruas. Com o surgimento da lança perfume em 1899 esse tornou-se febre no carnaval de 1900, substituindo as bisnagas que só jogavam água. Nesse carnaval é lançada a marcha “Ô Abre Alas”, de Chiquinha Gonzaga, uma referência carnavalesca até hoje. Mas o carnaval que herdamos e se mantém até hoje, dá-se nos anos 1916, quando surge o samba e a presença das baianas nos desfiles. Os blocos eram liderados por jovens de bairros de classe média do Rio de Janeiro, embalados por choros e tangos. Era o carnaval que se moldava.  

E hoje, 2011, os blocos do Rio, centenas deles, são de classe média e o carnaval de rua carioca já está chegando perto do carnaval de Salvador em termos de adesão e animação. É o ciclo da vida. E como era o carnaval em Vitória?

Reproduzimos um anúncio publicado no jornal O Espírito Santense em 06 de fevereiro de 1887:



BAILE MASQUÉ!
Manoel José Dias tem a satisfação de por à disposição de seus amigos, durante os três dias de Carnaval, o seu salão à rua de São Francisco, mediante a entrada de 1000 (1 mil réis).
O Professor Azevedo e alguns amigos prometem executar peças de gostos para tornar mais animadas as POLCAS – VALSAS – QUADRILHAS – SCÓTIS- CANCEIROS.
É de esperar que o esmero com que pretende preparar o salão, o pessoal da música e as boas condições da casa concorrerão para provocar a atenção dos amantes do Carnaval.

A gente volta ao assunto.

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