História da Bossa Nova em Vitória - Parte 2.
Rogério Coimbra.
Nossa cidade é impar e é par. Contraditória em seus ventos, sul e nordeste e com parcos moradores naquele tempo do início dessa música encantadora. Era em torno de 50 mil habitantes. Ouviu-me? Leu-me? 50 mil. O congo e a casquinha de siri eram exclusivos de quintais do entorno. Quem introduziu a casquinha de siri para a classe média foi Cirilino,que havia sido chefe do bar do Iate Clube e que depois assumiu o comando do lendário bar Miramar na Praia Comprida, em frente ao trampolim. Cirilino foi o primeiro a expor num balcão de bar salgadinhos como coxinha de galinha, empadas de camarão e a desconhecida casquinha de siri. Enquanto isso a muqueca era uma iguaria exclusiva das casas de família, em qualquer nível. Muqueca em restaurante só em ocasiões especiais ou para visitantes e somente no restaurante São Pedro ou na casa de Dona Sarah, ambos na Praia de Suá, ou no próprio bar Miramar, então ainda sob o comando de Walter e Antônio. Os pescadores chegavam com seus peixes na praia do Canto e o cação era rejeitado, o baiacu amaldiçoado e o linguado, a maria-sapeba, ignorado. Diversidade em Vitória ? Difícil , estava tudo malocado. A ponga era uma instituição pois os carros eram poucos: raramente um adulto permanecia por muito tempo nos pontos de ônibus ou de bonde pois era imediatamente recolhido pelos poucos privilegiados motoristas para serem levados aos seus destinos: centro da cidade ou o aglomerado de bairros da zona norte. A jornalista Ana Nahas ouviu de Cariê Lindenberg:
Minha filha, não tinha nem paralelepípedo nem asfalto, era tudo chão de terra, entendeu? As pessoas de fora adoravam. A cachorrada começava a latir e a gente cantava umas músicas bonitas para acalmar. Era um negócio inusitado o pessoal cantando na rua.
Em seu discreto silêncio Vitória já fora berço de nomes importantes para o movimento como Roberto Menescal ou Nara Leão e por pouco, de Maysa, pois seus pais eram capixabas.
É falado que foi
Eram amizades e interesses
Texto original na Revista do Festival Vitória Bossa Nova (2008)
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Vitória dos anos 60 era tudo de bom. Lindo seu texto, transmite toda a beleza e encanto daquela época. Aguardo a continuação.
ResponderExcluirElisa
Vitória ainda guarda um certo bucolismo. A gente tem que saber onde ele se escondeu.
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