terça-feira, 15 de março de 2011

HISTÓRIA DA BOSSA NOVA EM VITÓRIA - Parte 3.



Há 13 anos Cariê Lindenberg contava em Escritos de Vitórias-Música, editado pela Prefeitura de Vitória:

 Vitória esteve afinada com esse movimento desde seu nascedouro. Os músicos locais iam se entusiasmando com a bossa nova, ainda pouco conhecida e, aos poucos, a batida, a harmonia já estavam diferentes, enquadradas no moderno. Até o clássico Maurício de Oliveira participava com entusiasmo dos nossos encontros madrugada adentro na Praça Costa Pereira. Algumas coincidências felizes fizeram com que os ventos da Bossa Nova chegassem a Vitória. João Gilberto, que revolucionou a batida, os acordes do samba e a forma de cantá-lo, baixou aqui para uma longa lua de mel com Astrud, sua primeira mulher. O Sérgio Ricardo, compositor inspiradíssimo, cantor que se acompanhava em vários instrumentos, veio a Vitória a meu convite e acabou se apaixonando por uma linda jovem, com quem nunca sequer conversou. Já meio enturmado com os caras locais, tinha razões de sobra para voltar inúmeras vezes aqui para fazermos serenatas em Vila Velha. O Tamba Trio veio com Ronaldo Bôscoli fazer um show com a também capixaba Maysa e acabaram alugando uma casa e ficaram por aqui. Foram muitos os exemplos, como estes, que ofereceram chance aos músicos capixabas de se atualizar com as novidades musicais.


Cariê Lindenberg estava prestes a gravar seu primeiro disco com produção de Aloysio de Oliveira. Ele faria uma música no lado A, e, no lado B, mais um capixaba, a Nara Leão. Porém o compositor Candinho, que fora casado com Silvinha Telles, e então casada com o Aloysio de Oliveira, persuadiu Cariê a gravar na gravadora dele, cujo selo era Relíquia. Convencido a trocar de produtor foi com Candinho à casa de Tom para pedir a ele uns arranjos. Mas Tom estava de partida para os Estados Unidos. Eis que chega à casa Aloysio de Oliveira a quem Tom comunicou: Aloysio, o Carlinhos (Cariê) vai gravar. Aloysio respondeu: Eu sei,comigo, na Elenco.Então abriram o jogo que era com o Candinho na Relíquia.

 E assim começou o fim da carreira de Cariê que mal começara. Tentaram arranjos com Luiz Eça que passou a bola para Hugo Marota e Candinho desapareceu e desapareceu o sonho de Cariê. Mas tudo indica que ele mesmo não fez tanta força assim para seguir por outro atalho.

Nessa época, eu assinava uma coluna num suplemento semanal de A Gazeta, chamada O Assunto É Música, e lá está registrado na edição de 08 de novembro de 1964: Carlos Lindenberg Filho (Cariê) deverá estar gravando no final deste ano um compacto para a etiqueta Relíquia. (continua).


  

5 comentários:

  1. O blog "Música nas Alturas" do Rogerio Coimbra é o google da música capixaba.

    um abraço,
    Ester Mazzi

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  2. Cada história...Muitas revelações.

    Ernani.

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  3. Estas histórias são preciosas, se não escritas por quem as vivenciou, seriam perdidas no tempo. Eu amei reviver uma época tão especial.. Obrigada, Rogério
    Abraços, Elisa

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  4. Cara Elisa,
    O tempo passa mas as histórias ficam e marcam a gente.
    Obrigado pela visita.

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  5. Ester Mazzi,
    Obrigado pela visita. Você é a Musa.
    Um abraço e volte sempre.

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