1 – Ritmo.
O ritmo é a música em si. É a ordenação do movimento, é a pulsação da música, é o intervalo que se estabelece entre um batimento e outro; sem ritmo não há música. Ritmo é matemática e na música ele se define pelos compassos que define como a música caminha, qual a batida forte, qual a batida secundária, qual padrão, qual modelo a ser adotado por uma determinada música. Cada cultura adota uma postura para trabalhar o ritmo. A cultura ocidental é mais rígida, mais exata, com divisões como 2 por 2, 2 por 4, 4 por 4, 3 por 4, 6 por 8 e por aí vai. Por sua vez a cultura oriental usa ritmos mais complexos, cruzados, com marcações de 7 batidas ou 13, num indo e vindo de sugestões. A música africana é a rainha da polirritmia e que veio influenciar profundamente a música de todas as Américas, dos EUA ao Brasil, passando por Cuba, além de contribuir para pesquisas no campo da chamada música clássica através de nomes como Stravinsky, Béla Bártok, Ligeti, entre outros, desorganizando qualquer padrão rítmico, mas, ao mesmo tempo, reorganizando-os.
2 – Melodia.
A melodia está no canto dos pássaros. Na música ocidental existem sete notas e mais cinco notas “acidentais”, os bemóis e os sustenidos, criando a escala de doze sons. É a linha principal de uma música com variações de altura, podendo ser um som alto, agudo, médio, ou baixo, grave. O ritmo determina como ela caminha e só pode faze-lo sobre um trajeto bem construído, em consonância com a terceira maravilha, a harmonia. A melodia pode ser bem temperada como assim organizou Bach, com frequências sonoras padronizadas, o que determina a tonalidade ou pode ser subvertida a partir dos revolucionários Schoenberg, Berg, Webern, Messiaen, isso na primeira metade do século XX, tornando a melodia partida, curta, apressada, sem tonalidade.
3- Harmonia.
Enquanto o ritmo e a melodia caminham, sob eles há um conjunto de notas que determinam a harmonia, uma simetria de sons, ordeira, que são os acordes da harmonia, ou seja, os sons estão de acordo com a melodia. Caso contrário poderia soar “desafinado”. Mas esse conceito do belo, de uma estética romântica também foi rompido no início do século XX com os compositores acima citados e diferenciada pela música impressionista de Debussy, Ravel e Satie, com um sistema de modos diversos para acompanhar a melodia, como já faziam os antigos, como os gregos.
4- Composição.
É a reunião das três primeiras maravilhas. É a criação do homem, a verve iluminada pelo divino, como pode ser uma fria coordenação de elementos fiscos e matemáticos. É a obra musical.
5 – Execução.
Relaciona-se à habilidade humana, a técnica de efetivar a obra musical, valorizando-se pelo lado emocional explorado pelo instrumentista. É o sentimento, o feeling, a prospecção da alma daquele que é o objetivo da criação e execução da música: o ouvinte.
6 – Audição.
Empatia. Pronto, fechou-se o ciclo. Salas de concertos repletas de ouvintes aplaudindo de pé ao final da execução de uma obra. Gravações de discos que vendem milhões. Aprovação da composição e da interpretação. O sistema aciona o feedback e a música continua, com todas a suas maravilhas a suavizar, ou revolucionar o mundo.
7- O silêncio.
É a maior de todas maravilhas. Nos anos 1950 o compositor norte americano John Cage apresentou uma peça para piano intitulada 4´33, no Carnegie Hall. Foi um silêncio total durante 4m33s, ele diante do piano, estático e o único ruído que se ouvia era o virar das folhas da partitura. O silêncio nos faz escutar nossa música interior. Ouvidos atentos no silêncio acumulam a (des) harmonia do cotidiano, da natureza, o próprio caminhar da vida.
Oi Rogério,
ResponderExcluirestá aprovadíssimo, gostei muito.
Muito bem colocado. Viva a música.
ResponderExcluirGostei !
ResponderExcluirgostei !
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