quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

UM SOPRO DE ESPERANÇA

The hills are alive with the sound of music. Quem não se lembra de Julie Andrews levitando nas montanhas austríacas no filme “The Sound Of Music” (“A Noviça Rebelde”) com música de Richard Rogers & Oscar Hammerstein, onde a governanta Maria é encarregada de sete crianças do viúvo Von Trapp em meio a turbulentos dias no auge do nazismo. Só mesmo a música para conter aquelas crianças consideradas incontroláveis.

Música também é elemento de disciplina, desenvolvimento e cidadania.

Não foi diferente no Brasil: na era Vargas a educação musical alcançou seu auge quando Villa Lobos regeu um coro de 12 mil vozes de jovens no estádio do Vasco da Gama. Agora, através de lei sancionada pelo presidente da República em 2008, o ensino de música passar a integrar o currículo de todas as escolas brasileiras do ensino médio e fundamental, sejam escolas públicas ou privadas, a partir do próximo ano.

Mais além: especificamente no Espírito Santo os presídios capixabas receberão professores de música e até mesmo gravar um CD, conforme noticiou A Gazeta em sua edição do último dia 20: A iniciativa, inédita no país, faz parte do projeto Começar de Novo, mas ainda não tem data para ser colocada em prática.

- "A intenção é fazer um levantamento, entre os detentos, de quem tem talento musical ou interesse em participar do projeto, A Faculdade de Música do Espírito Santo vai oferecer a qualificação. É possível, inclusive, que quando o preso deixar a unidade carcerária ele tenha a oportunidade de se qualificar profissionalmente", explica o juiz Alexandre Farina do projeto Começar de Novo.

No próximo mês deve ser assinado um protocolo de intenções entre a Fundação Ceciliano Abel de Almeida, Faculdade de Música do ES, Tribunal de Justiça do ES, Ministério Público Estadual, Secretaria Estadual de Justiça e o Instituto Brasilis, esse ligado ao governo da Dinamarca.

Antes tarde do que nunca. Eu, e os da minha geração, certamente fomos privilegiados com o ensino da música quando cursávamos o ginasial, equivalente ao segundo grau de hoje. Ex-aluno do Colégio Marista de Colatina, o Ginásio Nossa Senhora do Brasil, jamais poderei esquecer as aulas de Canto Orfeônico com o Irmão Jaime.

Em nosso repertório, além de inevitáveis músicas sacras, tinham presença maior músicas do folclore e também as músicas de sucesso da época. Dispúnhamos de um harmônio, instrumento semelhante ao órgão, além de peças de percussão e flautas doces, podendo a garotada livremente acessá-los para suas criações individuais ou em pequenos grupos.

Se de repente tudo acabou, de repente tudo retorna, dessa vez com mais recursos tecnológicos e metodológicos. O ensino de música nas escolas brasileiras iniciou-se no século 19, através do solfejo. No fim da década de 1930, Antônio Sá Pereira e Liddy Chiaffarelli (acrescentando depois o sobrenome Mignone devido ao seu casamento com o nacionalista Francisco Mingnone) buscaram inovações, surgindo jogos musicais e corporais e o uso de instrumentos de percussão.

Mas Villa Lobos é a grande referência do ensino da música. Também vale registrar a criação do Instituto Villa Lobos em 1970, no Rio de Janeiro, sob a orientação de Reginaldo de Carvalho, o primeiro brasileiro a trabalhar com música eletroacústica, tornando aquele instituto um centro de experimentação musical. Tive a honra, por que não, de integrar seu corpo discente e ter como professor, entre tantos, nosso saudoso Jaceguai Lins.

Mas isso é outra história. Importante é que a música invada as escolas como sopro de esperança de uma nova cidadania.

Rogério Coimbra

Um comentário:

  1. A musica nos liga a um passado , nos traz esperanca de um presente e nos faz pensar num futuro.

    EU

    ResponderExcluir